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Neste dia, 22 de abril de 2020, faz exatamente um mês que você se foi e, não houve um dia sequer, que eu não me lembrasse de ti.

Percebi uma coisa que me deixou mais triste ainda, eu pensei: "Bem, agora tenho vinte e um anos, e estou prestes a completar vinte e dois. E, bem, se eu morrer aos oitenta anos ou mais. Serão mais de sessenta anos sem você."

Malditos sessenta anos sem a sua presença que sempre foi o maior de todos os presentes que você me deu.

Serão sessenta anos sem pedir a bênção,
sem pegar em sua mãozinha calejada.
Serão sessenta anos sem dar um cheiro em você, sem sentir seu cheirinho de alfazema.
Serão sessenta anos sem passar a mão no seu cabelinho branco ralinho.

Serão sessenta anos sem ganhar bombons de mel, daqueles que você amava.
Serão sessenta anos sem você nos aniversários da Michelly e, pior, serão sessenta anos sem você no meu aniversário, e nos próximos malditos sessenta anos que eu talvez tenha pela frente, em nenhum deles você vai se fazer presente!

E quando chegar o dia 13 de julho, o dia do seu aniversário, eu vou chorar amargamente por saber que não poderei mais te dar um abraço de parabéns.

Ah, e quando chegar as novenas de outubro?
Que graça terá sem você lá?
Quem vai comer pastel comigo?
Pra quem cartelas de bingo irei marcar?
E quando eu estiver voltando no escuro para casa, a luz de sua lanterninha à pilha, não mais me iluminará.

Eu queria tanto poder te dar metade dos "meus sessenta anos", só para você ficar comigo até meus últimos dias, mas, infelizmente, não posso.

Eu nunca havia perdido um amigo para a morte.
Não imaginava a dimensão da dor até senti-la.
E, eu sei, que ainda vai doer muito.
Já doeu, dói agora e seguirá doendo durante esses sessenta anos...

À partir do meu vigésimo segundo aniversário eu vou contar assim: "menos um ano de vida ― desses malditos sessenta anos ― para eu reencontrar você".

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