Me mecho na cama desconfortável, não queria levantar naquele momento abro um pouco os olhos em direção ao relógio de parede em cima da porta, onde está marcando exatamente 5:15 da manhã. Suspiro profundamente fechando os olhos, é hoje... A colheita, a minha última, havia completado 18 anos três dias atrás, e é maravilhoso saber que não precisarei mais temer esse dia pelo resto da minha vida! Não pretendo ter filhos, e espero que meu irmão mais velho tenha o bom senso de também não querer ser pai. Jogo minhas pernas pra fora da cama e levanto os braços me esticando, abro a janela e respiro o ar puro de fora um vento fresco balança meus cabelos cacheados... é impossível conter o sorriso, ao longe observo as vacas leiteiras pastando no capim verde... Meu lar é o Distrito 10, é um dos mais pobres dos treze distritos de Panem. Nosso principal trabalho é o gado, fornecemos carne para a capital e como somos responsaveis por isso, a maioria do Distrito 10 é terra, alguns pontos tem o capim Verde, e é usado exclusivamente para as vacas leiteiras. Eu fui designada aos 13 anos para a ordenha, na verdade somos as primeiras pessoas a acordar no nosso distrito, meu irmão, que está desfalecido com a boca aberta na cama ao meu lado foi designado como açougueiro, também aos 13 e continua lá até hoje, no auge dos seus 20 anos.
Me levanto e vou até o banheiro, tranco a porta e me dispo, tomando um bom banho gelado, sinto que algo está errado, um frio no estômago se instala de repente e não quer mais sair, droga realmente isso não é bom. Termino meu banho e me visto, calça jeans escura e surrada, uma blusa de alças azul escura e minhas botas. Saio de casa com o gosto da pasta de dente ainda fresco na boca, como uma maçã no caminho. Em volta de nosso Distrito há algumas árvores frutíferas, não podemos passar a cerca mais alguns corajosos se arriscam por ela pra caçar ou colher frutas que nascem aos arredores, essa linda e doce maçã vermelha foi um presente de minha amiga Enid, ela adora se enfiar na pequena mata atrás de frutas, sempre divide comigo assim como eu divido o leite que compro com ela, sua família é grande, composta por pai, mãe e 4 irmãos mais velhos, lá em casa somos apenas eu, minha mãe e meu irmão. Papai faleceu quando eu ainda era pequena, pisoteado por um rebanho de touros raivosos, então nossa família é pequena, consequentemente consumimos pouquissimo leite, na verdade apenas eu e minha mãe pois meu irmão é alérgico. Compramos um garrafão grande, ficamos com mais ou menos 2 litros e dividimos o restante com Enid. Subindo a rua a vejo cruzando o Distrito rumo a floresta, ela acena pra mim e se enfia em baixo da cerca. Sorrio balançando a cabeça negativamente e continuo meu caminho até a ordenha.- Bom dia senhora Madson- Cumprimento a idosa de uns 60 anos a minha frente,ela é um amor, me ensinou tudo o que sei sobre tirar leite de vacas.— Lumina, bom dia... bom te ver—Seus delicados braços envolvem meu ombro— Último dia hoje—Um sorriso doce e formado em seu rosto—Vai dar tudo certo querida... vai sim!—Sorrio e começamos nosso trabalho, a capital presa muito pelo leite fresco, por isso sempre acordamos cedo pra ordenhar. Algumas horas e vacas depois, ela se aproxima, me dizendo que posso ir me abraça com força me desejando boa sorte e vai embora. Me levanto e rumo para casa. Nos dias de colheita somos liberados antes de terminarmos e assim que tudo acaba voltamos ao trabalho, é muito difícil em dia de colheita tributos que estiveram na praça trabalharem a tarde, então acabamos ficando em casa nos dedicando a outras tarefas, eu por exemplo, ajudo em casa, cozinho,lavo e costuro, meu irmão ajuda muito em casa,mais o açougue é realmente muito mais pesado, as vezes ele chega em casa na boca da noite, semore me ajuda a fazer o jantar, ou muito tarde, mais sempre me ajuda lavando os pratos. Não que ele não saiba fazer todo o restante, ele ensinou a maioria das coisas, até a cozinhar e admito que é um cozinheiro de mão cheia. Abro a porta de casa e não encontro ninguém, são 9:00 da manhã, meu irmão está no açougue e minha mãe deve ter ido dar uma volta, no meu quarto, abro meu guarda roupas, tenho poucas peças a maioria é roupa de trabalho só tenho duas ou três peças para sair... o que são sempre a colheita ou algum casamento, entre as peças, escolho meu vestido preferido, mandei fazer de presente para eu mesma, de aniversário, juntei dinheiro quase um ano todo para poder confecciona-lo, o coloco em cima da cama e entro no banho, solto meus cabelos e os desembaraço, há um restinho de creme no pote,mamãe com certeza o deixou para mim, depois de lavar o cabelo me dedico a tirar a terra de debaixo das unhas—Estou em casa filha— Escuto a voz doce de minha mãe acompanhado da batida de porta, saio do banho já me sacando, encaro o lindo vestido vermelho em cima da cama, penteio meu cabelo o secando na toalha, passo o vestido por cima da minha cabeça e desliso o macio tecido sobre meu corpo,me olho em um pedaço de espelho fixado na parede ao lado do guarda-roupas—Você está linda filha— Mamãe diz se aproximando e me ajudando com o zíper—Trouxe para Ela estende um par de sapatos rosa claro— Seu presente de aniversário atrasado,queria ter te entregado no dia mais não tinha o dinheiro suficiente...me descu...— Abraço minha mãe apertado, sinto meus olhos marejarem,o gelo no meu estômago aumentou,infelizmente sei o que significa, tenho o sexto sentido muito apurado pra essas coisas,sei que não voltarei pra casa hoje.
—Obrigado mãe,são perfeitos, eu amei—Minhas poucas palavras e meu gesto de carinho a fazem sorrir,não tem preço ver minha mãe sorrir.
—Te amo filha, hoje é seu último dia, tenho tanto medo—Lágrimas teimosas escorrem de seus olhos amorosos, a beijo.
—Te amo muito mais mãe, não vai acontecer nada... Te vejo no jantar— Eu não minto quando digo que a amo mais do que qualquer coisa no mundo,ela é minha vida. Calço os sapatos confortáveis e subo antes que ela para a praça central, em frente ao edifício da justiça. Atraío alguns olhares, é difícil ver alguém de roupas novas por aqui.
—EEI... ESPERAAA—Olho para trás vendo Enid correndo em minha direção, seu vestido também é novo,na verdade mandamos fazer juntas, o tecido é o mesmo, só que o dela é de um azul escuro, contrasta bem com sua pele clara... —Não acha que está bem vestida de mais senhorita Griffin?—Olho pra ela e para seu vestido em quanto andamos.
—Digo o mesmo para você senhorita Carter— Ela sorri fraco enquanto pegamos a mesma fileira, seu dedo é furado primeiro que o meu, ela me aguarda para que possamos ir até nossos lugares, o gelo do meu estômago se intensifica cada vez mais, respiro fundo soltando o ar lentamente pela boca, alguns minutos se passam e escuto a voz aguda de Kenzzie, nossa acompanhante da capital. — Boa sorte no último dia de colheita— Ela sorri pra mim
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Spilled Blood- Finnick Odair● +18
AksiAcredito que todas as pessoas entram em nossa vida por alguma razão, para nos ensinar alguma coisa... Finnick Odair me ensinou o que é o amor. Personagens: Sam Claflin- Finnick Odair Louis Tomlinson- Sebastian Olliver Emília Clarke- Liah Summers Mar...