Capitulo 1

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GENTE JA TINHA POSTADO ESSA HISTÓRIA MAS ELA SUMIU, ESTOU POSTANDO DENOVO, LEMBRANDO QUE NÃO É MINHA.

Era o começo do terceiro ano do ensino médio, e minha amiga Autumn estava se sentindo nostálgica. Ela tirava fotos enquanto pegávamos nossos horários no escritório de orientação pela última vez. Dizia ser intervenção divina o fato de que, embora tivéssemos duas aulas comuns, as demais eram perto o suficiente para que sempre pudéssemos andar juntas. Ficava falando do primeiro ano como se este tivesse ocorrido há décadas. Até mesmo a minha aparência depois da aula de natação – cabelos molhados como se fossem compridos blocos de gelo marrom, água da piscina derretendo sobre o meu casaco azulmarinho – conseguia deixá-la melancólica.

— Você tá com cheiro de verão – disse, recostando a cabeça em meu ombro. – Queria que ainda fosse verão. Virei-me e cheirei meu casaco. Apesar de ter mandado lavá-lo a seco um pouco antes do início das aulas, já estava com cheiro de cloro, então eu o tirei e o amarrei na cintura. O técnico Fallon nunca dava tempo suficiente para o banho após a aula. Preferia nos fazer sofrer em mais uma volta de nado borboleta do que nos dar 30 segundos a mais para lavar a cabeça. Autumn tinha muita sorte por ter machucado o ombro há alguns anos e possuir um atestado médico que a mantinha fora da piscina.

— Hei – disse. – Você pode me fazer uma trança quando chegarmos na sala? – Odiava o jeito que meu cabelo secava depois da aula de natação, formando vários nós idiotas. O cabelo de Autumn era na altura do ombro e dividido em duas metades loiras perfeitamente simétricas. Dava para fazer a risca sem nem mesmo olhar no espelho.

— Vem cá – disse ela, tirando minha faixa de cabelo de casco de tartaruga antes de ficar bem atrás de mim – vou fazer agora.

Foi assim que passamos pelo corredor dos calouros; eu guiando Autumn pelo meu cabelo, como se fôssemos elefantes. Mantive a cabeça baixa, fazendo-lhe perguntas sobre as minhas anotações de filosofia oriental enquanto ela continuava o trabalho. Sentia minha cabeça sendo apertada a cada trançada. Nosso primeiro teste seria em 15 minutos. Tínhamos estudado pelo telefone na noite anterior, então era mais uma revisão, mas Autumn ainda estava errando algumas.

— Não consigo acreditar – disse Autumn parando de andar, só que eu não percebi até minha cabeça ser puxada para trás. Ela suspirou e perguntou: - Nós éramos assim tão jovens?

Dava para perceber que Autumn estava tentando absorver toda a alegria e as possibilidades que exalavam dos calouros à nossa volta. Ela estava completamente enfeitiçada pela imbecilidade deles, pela pele ruim e a estranha algazarra. Por fim, abriu um sorriso tão grande que o canto dos olhos ficou enrugado. Também sorri. Só que não estava relembrando o passado de tal forma que precisava me apegar a cada minuto do terceiro ano. Se as universidades dos nossos sonhos nos aceitassem, Autumn e eu iríamos viver em lados opostos do país em onze meses. A realista dentro de mim tinha de aceitar que as coisas não seriam mais as mesmas... Ou pelo menos não seriam nem de longe tão boas quanto eram agora. Autumn faria novos amigos. E eu tinha fé que também faria. Mas não era uma perspectiva que me deixava particularmente animada.

— Nossa! – ela sussurrou. – Natalie, veja!

Autumn apontou em direção a uma garota cujo corpo era cheio de curvas e seus cabelos encaracolados. A moça estava ajoelhada no chão, tentando pegar os livros no meio da bagunça de seu armário. A saia de preguinhas do uniforme caía para trás como se fosse o sino da igreja tocando. Um pequeno triângulo lilás mal protegia seu traseiro de todo o corredor. Apesar de não estar escrito em nenhum lugar do manual de orientação da Academia Ross, ainda parecia que toda garota da escola sabia que era necessário usar algo não tão revelador por baixo da saia do uniforme. Bermudas, shorts, leggins ou no mínimo uma calcinha moderna. Qualquer um sabia disso, menos essa pobre caloura sem noção. Fiquei pensando se devia ou não dizer alguma coisa. Mas só por um segundo, pois, se eu tivesse um pedaço de espinafre nos meus dentes, ou se meu zíper estivesse aberto, teria preferido que me contassem a ter feito papel de boba. Momentos constrangedores tinham uma vida útil surpreendente na escola. Em um minuto você é uma garota normal, e no outro você será conhecida como ―bunda de fora‖ pelos próximos quatro anos. Intervir era a coisa certa. Dei meu caderno para Autumn segurar. – Releia minhas anotações sobre o Método Socrático. Eu já volto. — Segui pelo corredor, minha trança se desfazendo a cada passo. Dois calouros já haviam notado o show gratuito e não paravam de olhar para a bunda da moça. Olhei feio para eles e fiquei bem na frente para bloquear a visão.

Não sou este tipo de garota.Where stories live. Discover now