Capítulo 10

72 4 0
                                    

Na manhã da abertura dos jogos eu estava ansiosa demais para tomar café da manhã. Honestamente, era cedo demais para eu fazer isso. O céu ainda estava escuro quando peguei Autumn, que dormiu no banco do passageiro com a cabeça recostada no cinto de segurança durante todo o percurso até a escola. Talvez seja a minha personalidade perfeccionista e obsessiva, mas tive que cuidar de todos os detalhes. Não queria dar nenhuma chance para o azar, não quando todo o sucesso da abertura dos jogos dependia totalmente de mim. Além do mais, havia elaborado um projeto bastante ambicioso para a sala dos veteranos.

Então, durante duas horas antes do início das aulas, trabalhei como nunca em minha vida. Autumn tinha subido numa cadeira que pegou emprestada da sala do Sr. Darby, professor de literatura comparada. Esticando-se o mais que conseguia, ela levantava a ponta do papel crepom azul um centímetro por vez. – Você quer que eu pegue uma régua? – brincou.

Ignorei a brincadeira, pois estava estressada demais e Autumn deveria saber como aquilo era importante para mim, e olhei no meu relógio. Só tínhamos quinze minutos para terminar tudo. Peguei um pedaço de fita adesiva com os dentes e prendi os cantos na parede. Depois levei as mãos à boca e gritei do corredor:

- Vamos amarrar bexigas nas grades de todas as escadas, ok, Carlie?

Carlie Glaskov, usando o uniforme de líder de torcida, manejava o botijão de gás hélio que eu tinha conseguido como doação do supermercado. Uma bexiga azul brilhante saiu do botijão, mas em vez de dar nó, ela o colocou na boca e aspirou, respondendo: – Entendi,

Natalie! – A voz dela parecia a de um rato de desenho animado, e ela deu uma gargalhada tão grande que ficou até vermelha. – Vamos lá, veteranos!

- Vamos lá, veteranos! – repeti, meio assustada. – Dá uma olhada nela, tá bom? – sussurrei para Autumn e percorri o corredor, recolhendo pedaços de fita adesiva, fita de tecido e bexigas estouradas. Uma hora antes de evento, um grupo de veteranos que não fazia parte do conselho apareceu para ajudar na decoração. Ótimo para elevar o ego. Até mesmo membros da turma dos populares, como Carlie. Sabia que ele tinha votado em Mike Domski, mas ela tinha vindo mesmo assim.

Cheguei ao fundo do corredor, abri a cabine do telefone público e me sentei no banco dentro dela. Olhei para o corredor e fiquei ali, admirando tudo. O corredor dos veteranos estava maravilhoso, parecia um doce colorido branco e azul-marinho. Cobrimos com fita cada centímetro daquele lugar: os armários, o chão, o teto. Parecia um cenário da fábrica de chocolates de Willy Wonka  ou de um parque de diversões. Mas, na verdade, isso não era nada comparado à minha fogueira. Dipak veio pulando pela escada.

- Ei, como estão os outros corredores? – perguntei. Não tinha conseguido vê-los.

Dipak arregaçou as mangas do casaco do uniforme da Academia Ross e disse: - Bem, o segundo ano fez uma decoração cheia de penas. Rasgamos uns travesseiros e espalhamos tudo pelo chão. Mas estou meio preocupado que pareça que tenhamos matado alguma águia bem ali no meio do corredor. O pessoal do terceiro ano é fraco, só fizeram uns dois cartazes. – Mas eu estava mesmo bem impressionada com os calouros. Eles criaram jornais com manchetes sobre a vitória da Academia Ross – sorri ao vê-los. Spencer tinha dado várias dicas durante a semana toda sobre ter planejado algo muito especial. – Mas nenhum corredor ganha dos veteranos – ele disse -, ninguém nem chega perto. Era exatamente o que eu esperava ouvir. E agora só havia mais uma coisa a ser verificada:

- Você viu se o Connor trouxe a madeira da fogueira? – perguntei.

- Acho que ele ainda não chegou – Dipak deu de ombros.

- Eu devia ter ligado ontem para lembrá-lo – odiava ter de depender de outras pessoas, sempre acabava me decepcionando.

- Você tem o telefone de Connor? – Dipak perguntou, surpreso.

Não sou este tipo de garota.Where stories live. Discover now