Um carro, um pouco velho, nem mesmo tinha um painel solar em seu teto, anda com certa pressa pela rua. Uma anestesista impaciente olhava para todos os lados, procurava alguma coisa.
Desgraçado! Filho de uma puta! Retardado! Viciado de merda! Só me dá problema! Eu sei que ele vem se drogar por aqui, porque eu... Eu já segui ele uma vez. É um poço de dinheiro! Eu vou chutar ele de casa! Sim! Marcelo não é problema meu. Mas, Maria estava tão aflita no celular. É, talvez ele deva ficar em casa por mais tempo... Se aquele desgraçado já estiver morto, eu vou, eu vou, eu vou... Senti uma lágrima na bochecha. Eu vou perseguir aquele merda até o inferno!
Brequei o carro. O cinto de segurança foi forte em meu peito. Me distraí. Quase ultrapassei o sinal vermelho. Deixei o ar entrar mais em meus pulmões. Pense! Onde Marcelo ficaria chapado? Onde qualquer um fica chapado? Bem, em casa é o mais lógico, não tem ninguém pra ver. Obviamente, ele mora comigo, além de que faz tempo que ele não tem mais amigos. Então não é em nenhuma casa. Tá, mas onde? Qualquer lugar! Qualquer lugar pode servir! Ele pode estar vomitando numa sarjeta, ou se afogando no próprio vômito nesse exato momento. Eu vou matar esse desgraçado! Se ele já não estiver morto...
E ainda tem esse homem que a Maria descreveu. Um pouco conveniente essa descrição, hoje e vindo dela... Não pode ser verdade. Ela é psicóloga, devia perceber sua própria loucura.
Foco! Não quero achar ele, não morto, não! Ele não pode estar numa sarjeta qualquer, com uma, uma, sei lá! Uma merda de seringa no braço. Não, ele não é tão burro, ele não faria isso comi... Roupa de caminhada! Ele tava com roupa de caminhada! É isso, o bosque fica aqui perto.
Segui por alguns quarteirões, virei a direita e consegui ver as árvores. Estacionei o carro na primeira vaga que achei. Não conseguiria vê-lo lá de dentro. Mas tem mais de um caminho, talvez eu tenha que dar algumas voltas para achar. E eu não acho que serei muito rápida com esse salto alto.
Comecei a andar. Via algumas pessoas passando, árvores, alguns cachorros. Cadê ele? Peguei meu celular, liguei pra ele. Tocou, tocou, tocou. Aumentei o passo, não o via em nenhum lugar. O celular parou de tocar, andei um pouco mais e liguei de novo. A mesma coisa, tocou, tocou e nada. Passei por uma bifurcação, escolhi o caminho que levava mais ao centro, é mais provável, eu acho, passam bastantes policiais por aqui. Liguei de novo, dessa vez, ouvi um toque normativo, da mesma marca que o de Marcelo. Tava vindo do meio do bosque, entrei na mata e andei mais rápido que consegui. O toque parou, continuei até chegar no caminho, eles eram próximos. Olhei por todos os lados, até que vi uma mulher sentada em um banco, com um relógio adaptável da mesma marca do toque. Merda! Vou ter que continuar procurando.
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Aos Velhos Tempos!
Mystery / ThrillerVocê consegue dizer quem está mentindo? Quem delira? Quem se importa? Consegue ver um verdadeiro amigo? Um amor? Os caminhos na vida são engraçados, imprevisíveis. Um grupo de "amigos" têm algumas pendências e escolhas pesando-lhes nas costas. Rom...