A história dela parte II

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Eles terminaram de comer e estavam assistindo a um programa de perguntas e respostas, Jordan estava deitada com a cabeça sobre as pernas de Marco, ele mexia em seus cabelos

- O silêncio dos inocentes – ela respondeu acertando a resposta antes do competidor.

- Você sabe todas as respostas – ele disse.

- Essa era muito fácil, qualquer um que leu o livro saberia responder – ela disse virando-se para olhá-lo.

- Você gosta muito de ler não é?

- Eu adoro livros, meus livros são minha vida! E você gosta?

- Gosto, não tanto quanto você, mas acho que é difícil encontrar alguém que goste mais. Quantos livros você tem?

- Não faço ideia! – ela respondeu sorrindo.

- Quem te ensinou a gostar tanto de livros? – ela emudeceu e pareceu tensa.

- Meu pai tem uma verdadeira biblioteca no escritório, quando eu era criança eu ficava sentada embaixo da mesa dele lendo.

- Me diga uma coisa do seu passado, eu sei que te machuca falar, mas só uma coisa, qualquer coisa, eu quero te entender melhor, por favor... – ele pediu depois de alguns minutos.

- É difícil, dói... – disse ela ficando tensa.

- Eu sei, mas já passou, você passou por isso, é uma pessoa mais forte agora! Qualquer coisa, pode ser sobre sua família ou sobre Campbell, ou porque ele a protege tanto, ou sei lá... porque ele quebrou o nariz de alguém...

- Tudo bem, mas ouça com atenção, porque eu não vou repetir...

- Ok.

- Eu tenho medo de baratas, sempre tive, agora é ainda pior, inclusive se aparece uma barata aqui em casa, eu saio do apartamento...

- Sério? E o que você faz? Liga pro Campbell vir matá-la? – ele perguntou sorrindo.

- Para de dar risada é sério! – ela lhe dava tapinhas no braço mas ela também estava sorrindo – meu vizinho do lado é policial, ele é muito simpático e disse que não tem problema, eu posso chamá-lo sempre que precisar, eu só ligo pro Tyler se ele não está em casa – ela era tão ingênua, pensou, ele sabia muito bem o que esse homem simpático queria.

- Continue...

- Eu estava no último ano do colégio, faltava uma semana para o baile de formatura e eu já sabia que não ia. A tia Sarah tinha ficado triste porque ela queria que eu tivesse todas as experiências boas que uma jovem deve ter – ela sorriu – ela tinha até me comprado um vestido, ele era tão lindo, era verde com umas pedrinhas. Então, faltava uma semana e eu estava na biblioteca, como sempre, quando Daniel Hollister entrou e sentou na mesma mesa que eu, ele era tipo o cara mais popular da escola, e é claro eu gostava dele, mas ninguém sabia disso, eu nunca tinha falado com ele, nunca tinha falado dele, na verdade eu nem ficava no mesmo ambiente que ele, eu morria de medo de alguém descobrir – ela respirou fundo – mas ele estava ali sentado na minha mesa, apesar de todas as outras estarem vazias, nós estávamos sozinhos ali, eu abaixei o livro que estava lendo, e perguntei o que ele queria, ele me perguntou se eu aceitaria ir ao baile com ele caso ele me convidasse, eu acho que fiquei vermelha, eu não sabia o que fazer, então eu peguei minhas coisas e sai. Eu meio que fugi dele o resto do dia, e como sempre eu fui pra caso dos Campbell a tarde, era mais ou menos umas cinco da tarde quando ele tocou a campainha – ela respirou fundo novamente – ele me pediu para sua acompanhante no baile, na frente da tia Sarah, ela ficou tão feliz que eu simplesmente não podia dizer não, e apesar do frio na barriga, acho que no fundo eu não queria dizer não... – ela ficou alguns minutos em silencio, Marco não sabia avaliar o que acontecia – Quando chegou o dia tudo estava perfeito, eu estava com o vestido lindo, tinha ido ao cabeleireiro, estava usando maquiagem, Tio Walter disse que eu parecia uma ninfa – ela sorriu da lembrança, Marco ficou surpreso, ele mesmo já havia comparado Jordan a uma ninfa várias vezes – Bom, o Daniel foi me buscar com uma limosine, junto com dois amigos o Luke que levava a Shantal e o Cameron que levava a Bianca, as duas não eram do último, então só poderiam ir como acompanhantes. Eu não gostei nenhum pouco de estar no mesmo carro que elas, mas o Luke e Cameron eram os melhores amigos do Daniel então... tudo estava saindo bem até que começou a tocar uma música lenta, o Daniel me convidou pra dançar, e eu fui, tudo parecia tão magico que eu não consegui ver qual deles fez... eles jogaram baratas dentro do meu vestido e no meu cabelo.

- Pezzo di merda, figlio di puttana – Marco disse nervoso.

- Eu comecei a me debater, a chorar e gritar, ai o Peter e a namorada dele apareceram, nós tínhamos a mesma idade, eu e o Peter, o irmão dele era o melhor amigo do Ty no colégio, eles jogavam futebol juntos, ele e a namorada tiraram aqueles bichos de cima de mim, mas eu estava em estado de choque e tremia, eu não me lembro muito bem do que aconteceu, só sei que a garota, eu não lembro o nome dela, ela me amparou com os braços e o Peter pegou o Daniel pelo colarinho da camisa, ele era zagueiro do time de futebol então era enorme, ele gritava com Daniel e com os outros, eu não lembro o que, só o que me lembro é que ele deu um soco nele, ai eu desmaiei e acho que ele me levou pra casa. Eu só acordei no dia seguinte, eu estava no meu quarto, o Tyler estava sentado numa cadeira ao lado da minha cama, ele estava com os cotovelos sobre a perna e segurava a cabeça, tinha o rosto furioso, ele me olhou como se me pedisse desculpas, eu não faço ideia do porque me pedir desculpas, eu não sabia o que ele estava fazendo ali, ele devia estar em Oxford na faculdade, depois ele me disse que o Peter tinha ligado para ele depois de me deixar em casa e contado o que tinha acontecido, ele entrou no carro e foi pra lá imediatamente, ele encontrou o Daniel com o olho roxo, não sei exatamente o que aconteceu, só sei que Ty quebrou o nariz dele, eu me lembro que minha mãe entrou no quarto e disse pro Ty que era frescura minha, ela ficava me recriminando; Como você pode ser tão estupida? Você tem ideia do que as pessoas vão falar de nós? Ela dizia; ele olhou pra ela e disse que parte da culpa de tudo isso era dela, que se ela tivesse educado a Bianca nada teria acontecido, ele chamou ela de harpia, minha mãe é claro começou a defendê-la, ele só mandou ela calar a boca e disse que ela não tinha que se preocupar, porque se eu era um peso pra eles então ele ia livra-los disso, ele segurou minhas mãos e disse que ia ficar tudo bem, que ia cuidar de mim, se eles não se importavam comigo, se eles não me queriam na família, então ele ia ser a minha família, na verdade ele já era minha família há muito tempo. Ty pegou uma mala, abriu o guarda roupas e começou a jogar minhas roupas dentro, eu me lembro que ele perguntou onde eu guardava meus documentos, eu apontei, ele pegou tudo, minha mãe só ficou olhando, ele desceu colocou a mala no carro, subiu de novo, me pegou no colo, eu abraçava meu sapo, e ele me levou pro carro também, eu nunca o tinha visto tão nervoso, nós fomos pra casa dos pais dele, ficamos lá por mais ou menos uma hora, a mãe dele disse que eu podia ficar lá, que eu era como uma filha pra ela, seria um prazer, além do que eu iria para a faculdade em pouco tempo, mas ele disse que não, que eu ia ficar com ele, que eu precisava dele... Ele tinha razão, eu precisava!

- Oh querida, eu sinto muito – Ele a ergueu e a abraçou fortemente – Se você me falar onde esse desgraçado mora eu vou até lá e parto ele ao meio, na verdade você não precisa me dizer, eu já sei o nome dele, o endereço eu descubro sozinho.

- Já faz muito tempo, e a melhor coisa que poderia ter me acontecido foi o Ty ter me levado pra Oxford.

Marco passou aquela noite no apartamento de Jordan, e apesar de não ter acontecido nada, ele a abraçou durante toda a noite. Quando acordou eram seis horas, ele saiu do quarto em silêncio para não acordá-la, era sábado e ela não iria trabalhar, ele colocou a roupa, rabiscou um bilhete e colocou na porta da geladeira, pegou suas coisas e foi para seu apartamento tomar uma ducha, se arrumar e partir para o escritório.


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