Como começou o boato

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Ela entrou na casa e encontrou Francesca sentada no sofá lendo uma revista.

- Desculpe Jordan, minha família é exagerada demais, não se cansa de falar nunca e privacidade é algo que não existe aqui, todo mundo cuida da vida uns dos outros, você deve estar estranhando tudo...

- Oh não! Vocês são todos maravilhosos, são exatamente como uma família deve ser e apenas se preocupam porque se amam.

- Isso é verdade... mas vamos falar de você, eu já ouvi muita coisa sobre você...

- O que você ouviu sobre ela querida irmã? – perguntou Allegra entrando na sala e sentando-se ao lado de Francesca no sofá.

- Provavelmente sobre o meu caso com Tyler Campbell – respondeu Jordan acomodando-se no sofá em frente as irmãs.

- É verdade? – perguntou Francesca – Você não precisa responder se não quiser.

- É claro que ela precisa responder – disse Allegra – Eu estou morta de curiosidade agora.

- Sinto desapontá-las, mas nada disso é verdade!

- Não? – as irmãs perguntaram em uníssono.

- Não!

- Como tudo começou então? – perguntou a irmã mais jovem.

- Ah, foi por causa de uma maluca que ele saia.

- Peraí, é melhor você iniciar do começo da história. – Francesca disse deixando a revista que estava em suas mãos de lado.

- Tudo bem – ela sorria – eu ganhei uma bolsa de estudos em Oxford, e o Ty já estudava lá, eu ia me mudar para o alojamento de bolsistas no início do ano letivo, mas eu tive um problema na minha casa quando terminei o colégio e então o Tyler me levou para morar com ele, era para ser só até eles liberarem meu quarto no alojamento, pelo menos era o que eu achava, mas ai ele disse que de jeito nenhum eu iria ficar lá, que não era lugar para mim, e que eu iria ficar com ele, não pensem besteira, ele morava em um apartamento que o pai deve havia comprado, e tinha dois quartos – ela enfatizou – na época em que eu me mudei ele estava saindo com uma garota chamada Jessica, ele nunca leva mulheres para a casa, e naquela época não era diferente, então ela não imaginava que nós dividíamos o apartamento, eu não gostava dela nenhum pouco – ela fez uma careta – Um belo dia o Ty decidiu terminar com ela, e ai começou o inferno, ela ligava para ele o dia todo, mandava e-mails, cartas, ia a todos os lugares em que sabia que ele iria estar, ela ficou insana, dava medo, então ela começou a segui-lo e decidiu descobrir porque ele nunca levara ela em seu apartamento.

- Aí ela descobriu que você morava lá – Francesca completou

- Sim, e como ela já havia percebido que tentar ameaça-lo não estava funcionando, ela pensou que se o desmoralizasse, ele iria voltar para ela para voltar a ter a imagem de bom moço – ela suspirou – ela então começou a dizer a todos que nós dois tínhamos um caso, só que não adiantou, ela virou motivo de chacota, depois ela começou a me perseguir e me ameaçar, ai o Ty conseguiu uma restrição judicial e ela desapareceu, mas os boatos ainda continuam, as pessoas simplesmente não acreditam que um homem e uma mulher podem ser apenas amigos.

- Mas que história – disse Allegra – mas vocês nunca...?

- Nunca? – Jordan perguntou sem entender.

- Nunca... você sabe...

- Oh Deus não! – Jordan corou ao entender a pergunta.

- Nenhum beijo? – Allegra insistiu.

- Na verdade alguns beijos, sempre que a Bri estava por perto ele me beijava, ele dizia que era para mostrar a ela que eu tinha algo que ela nunca poderia ter.

- E como é beijá-lo? – perguntou a jovem.

- Allegra, deixe a moça em paz! – repreendeu Francesca.

- O que? Eu só quero saber...

- Tudo bem, eu não me importo – ela sorria – todas as mulheres com quem ele sai adoram beija-lo, minha amiga Pandora me disse que foi como estar no céu, mas acho que ela exagera um pouco porque é apaixonada por ele, mas eu me sinto beijando-o... pense em como seria você beijar o Marco – a moça fez uma careta – é exatamente isso o que eu sentia, ele não é repulsivo, longe disso, ele é um dos homens mais bonitos que eu conheço, mas é como se nós fossemos irmãos, então, era algo indiferente.

- Vocês se conhecem a muito tempo? – Francesca perguntou curiosa.

- Eu e o Tyler? – questionou Jordan – Sim, desde que éramos crianças.

- Como ele era? – perguntou Allegra.

- Essa pergunta é difícil, bom ele tinha uma energia que não acabava nunca, quando era criança ele não parava um segundo, mas era adorável, depois ele se tornou um rapaz incrível, capitão do time de futebol, líder do grêmio escolar, o primeiro da classe e o sonho de todas as garotas da cidade.

- E como você era na escola? – Allegra perguntou em sequência.

- Eu? – ela corou – bem eu conhecia todos os atletas da escola.

- Você era uma líder de torcida? – Francesca perguntou animada.

- Com certeza não, eu era gordinha na escola, eu era muito inteligente e todas elas me odiavam – ela respondeu sem pensar.

- Te odiavam? – as duas perguntaram juntas.

- Bem, não era ódio, elas só não gostavam de mim, acho que elas não aceitavam o fato de os atletas me tratarem bem.

- E eles não tratavam o restante das pessoas bem? – Allegra perguntou confusa.

- Eu não sei como era no seu colégio, mas no meu existiam grupos, tinha o grupo das líderes de torcida que se davam bem com os atletas, tinha o grupo do roqueiros, dos skatistas, dos nerd's e eu não me encaixava em nenhum deles, e os atletas pegavam no pé das pessoas que não faziam parte da "panelinha" deles, mas eles não mexiam comigo, eu era como a irmãzinha do Ty, eu ia aos treinos de futebol, aos jogos, eu ficava sentada do lado de fora do vestiário esperando eles se trocarem, apesar de ser dois anos mais nova eu ajudava-os com os deveres, eu estava na maioria das matérias avançadas, então sempre dava uma força com os trabalhos escolares, e simplificava as questões de cálculo, acho que acabei me tornando a irmãzinha de todos eles. Eu ainda tenho contato com alguns, o Lucian, por exemplo joga no Manchester e sempre me consegue entradas de graça.

- Você está falando de Lucian Brow? – perguntou Francesca impressionada.

- Sim, você o conhece?

- Não, mas o Jack vai te enlouquecer se souber disso, ele é fanático por futebol e já me disse várias vezes como Lucian Brow é incrível, acho que ele foi convocado para a seleção não foi?

- Na verdade sim – ela concordou com a cabeça – ele me convidou para acompanhá-lo em um jogo contra a França, mas eu tive que viajar ao Marrocos e não pude.

- E o que você foi fazer em Marrocos? – A mãe de Marco perguntou entrando na sala.

- Eu fui acompanhar o Tyler, nós tínhamos que buscar uma garotinha – como todas as três mulheres fizeram cara de interrogação Jordan começou a explicar a história – era um caso, na verdade a mãe era americana e o pai do Marrocos, eles se conheceram na América, se casaram e tiveram uma filha, o casamento não deu certo e então se divorciaram, parecia que estava tudo bem, até que em um final de semana que a garotinha foi passar com o pai, ele a levou para seu país sem o consentimento da mãe, acontece que lá as leis são diferentes, as mulheres não tem muitos direitos, então o Tyler trabalhou somente nesse caso incansavelmente, foram quase dois meses, mas ele conseguiu, o pai foi obrigado a devolver a criança, e agora ele só pode visitar a menina por algumas horas por mês e dentro do fórum com pelo menos um assistente social vigiando.

- Meu Deus, como alguém pode ser tão mau em querer tirar a filha da própria mãe? – Helena disse com a mão no coração.

- Eu prefiro não julgar, nunca tive filhos e não sei o que eu seria capaz de fazer por eles...

Meu Amor ItalianoOnde histórias criam vida. Descubra agora