Capítulo 01

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Seattle, Washington D.C., EUA

Dez anos depois...

Nicholas

Terminei de ler o último relatório. Fechei o laptop e suspirei reclinando sobre o encosto da cadeira. Olhei no meu relógio de pulso, já passavam das nove da noite.

Precisei ficar até mais tarde na empresa para terminar de ler os relatórios do trimestre, uma das desvantagens de ser o dono, de modo que o lugar estava completamente silencioso àquele horário.

Há pouco mais de um ano, após a aposentadoria de meu pai, assumi os negócios da família e a presidência da empresa, uma das maiores no ramo de engenharia e construção civil de Seattle.

Levantei-me e olhei pela enorme janela de vidro do escritório, que ia do chão ao teto, de onde podia ver grande parte da cidade, pois encontrava-se no último andar do prédio.

Felizmente era sexta-feira, teria o final de semana todo para descansar, pensei, massageando a nuca com uma careta de dor. Resultado de passar muitas horas sentado em frente ao computador.

Senti o celular vibrar no bolso da calça. Sorri ao ver um nome familiar na tela.

- Oi, Matt - disse ao atender.

- Nicholas Scott, finalmente! O que um cara precisa fazer pra chamar sua atenção? - reclamou ele - Te liguei umas cem vezes hoje.

- Algumas pessoas precisam trabalhar para sobreviver - retruquei, revirando os olhos.

- E algumas pessoas 'vivem' para trabalhar - ironizou.

- Olha, Matt, tive um dia cheio, então se você me ligou para tagarelar, tente outra pessoa, não estou com paciência hoje - disse impaciente.

- E quando é que você esteve com paciência? - Matt se fez de ofendido. - Eu sei exatamente do que você precisa e te liguei justamente para isso. Um amigo de um amigo está inaugurando uma boate hoje no centro, e disse que eu poderia ir e levar acompanhante. E aí, topa?

- Lamento, mas não estou no clima para boates, hoje, Matt. Estou realmente exausto - declinei da proposta.

- Ah, vamos lá, Nick. Pensa só: umas doses de uísque, algumas gostosas e você vai ver como é fácil relaxar - Matt sugeriu.

Suspirei, pensativo. Até que não seria má ideia...

- Ok - respondi por fim.

- Yes! - comemorou, animado. – Nos vemos lá!

Matt me enviou a localização da boate, peguei meu terno, minha pasta, desliguei as últimas luzes que restavam acesas na empresa e peguei o elevador rumo ao estacionamento do prédio, no subsolo.

O local não ficava muito longe do trabalho, de modo que levei poucos minutos para chegar lá. Acabei optando por ir direto da empresa, caso contrário, se fosse em casa me trocar, acabaria desistindo e caindo na cama. Retirei a gravata, desabotoei os dois primeiros botões da camisa social azul claro, verifiquei uma última vez minha aparência pelo retrovisor central do carro e sorri satisfeito.

Depois de me identificar na entrada do lugar, onde uma enorme fila se estendia por todo o quarteirão, entrei e não demorei para encontrar Matt no bar.

Éramos amigos desde a escola. Também fizemos faculdade juntos. Mas ao contrário de mim, Matt resolveu dar a volta ao mundo depois de formado, como o filho da mãe rebelde e sortudo que era. Digo isto, pois, ao invés de se preocupar em assumir os negócios da família – mesmo porque, para isso ele já tinha o irmão mais novo, John Mackenzie - o safado brincava de trabalhar, literalmente. Matt era artista plástico e tinha uma galeria de arte, onde vendia esculturas esquisitas de argila.

[DEGUSTAÇÃO] A Vingança Perfeita Onde histórias criam vida. Descubra agora