Capítulo 04

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Nicholas

Acordei na manhã de segunda-feira, ansioso. Na verdade nem consegui dormir direito à noite.

A notícia que recebi há uma semana tem me tirado o sono desde então.

Levantei da cama, e caminhei até uma mesinha que ficava no canto do quarto, próximo à janela. Um envelope pardo jazia sobre ela. Olhei para ele, respirei fundo para tomar coragem, sentei numa cadeira, retirei o conteúdo do envelope e comecei a folhear as inúmeras páginas, indo direto para o final, onde tinham as informações mais recentes e algumas fotografias.

Apertei com força o maxilar e senti meu estômago embrulhar.

Minha atenção voltou-se para uma foto em particular. Lá estava ela, com seus cabelos negros sorrindo encantada com uma criança toda vestida de branco em seu colo, aparentemente uma menina. Elas estavam na metade dos degraus de uma escadaria em frente a uma pequena igreja, e ao seu lado um homem moreno claro de cabelos encaracolados e olhos azuis iguais aos da bebê olhava para as duas sorrindo. Um casal vinha logo atrás, de mãos dadas, admirando a cena a sua frente, com afeto.

Havia pelo menos uma dúzia de outras fotos dela: na academia, numa cafeteria saboreando seu café enquanto se concentrava no livro em sua mão, na entrada de um grande edifício comercial. E uma, a mais recente, em um restaurante, rodeada por várias pessoas em trajes formais, no que parecia ser um happy hour.

Passei a mão pelo rosto, cansado e abalado por ter que desenterrar uma parte de meu passado que eu havia, há muito tempo, decidido esquecer. Voltei a fitar os documentos espalhados sobre a mesa, decidido a não deixar aquilo me atingir.

Agora precisava pensar nos detalhes do meu plano, ser objetivo. Essa era minha grande chance depois de tantos anos hesitando, agora estava tudo em minhas mãos.

Sorri em expectativa.

Mal posso esperar pelo que está por vir.

Cheguei mais cedo que de costume na empresa, pois planejava sair mais cedo. Teria uma reunião com uma certa advogada, pela parte da tarde e se tudo corresse como planejado, não voltaria para empresa em seguida.

Tentei me concentrar no trabalho, mas nada conseguia chamar minha atenção o suficiente.

Às dezesseis e quarentena e cinco, desliguei meu computador, peguei minhas coisas e saí.

Levei exatos dez minutos para chegar ao Seattle Empire, onde aconteceria a reunião.

Entrei no edifício indo direto para o elevador, com ar de poucos amigos, um sentimento que eu não sabia explicar tomando conta de cada célula minha. Pressionei o botão do vigésimo quinto andar.

Assim que o elevador se abriu no último andar do prédio, me dirigi até o escritório de um velho conhecido. Passei pela sua secretária que se levantou assustada ao me ver passar direto para a porta e fiz um gesto despreocupado com a mão para ela, dando a entender que não precisava ser anunciado.

- Smith - falei assim que entrei.

- Nicholas - disse o senhor de meia idade, levantando sua atenção até então voltada para o computador a sua frente.

Caminhei até ele e nem esperei para ser convidado a sentar, fui logo me acomodando na cadeira a frente da sua mesa e depositando minha pasta e meu casaco na cadeira ao lado.

Anthony Smith era amigo do meu pai, desde sempre, pelo que me lembro. Eu tinha um carinho especial por aquele velhote.

- Vim para nossa reunião - falei abrindo os braços. - Aqui estou.

[DEGUSTAÇÃO] A Vingança Perfeita Onde histórias criam vida. Descubra agora