CAP 26 Vamos negociar

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Los Angeles
HOTEL LOS ANGELES
28 de Agosto 11:01pm

JIMIN

Sabe quando você simplesmente entra em transe? Foi o que aconteceu comigo. Eu ouvia o som, vias as pessoas correndo na nossa direção, mas eu estava preso naquele olhar, na única coisa que sempre achei que precisava.
Jess olhava no fundo dos meus olhos, como sempre esperei que fosse. E então eu pude ver a cor ganhando forma, a mancha vermelha que avisava que eu a perderia para sempre.

Jess perdeu a consciência em meus braços e aquilo me desesperou. Foi o suficiente para que eu visse tudo acontecendo em câmera lenta.
Naquele pequeno momento de pânico algo dentro de mim morreu para sempre. E a dor que essa perda causou foi praticamente fatal.

Eu sabia que tinha mandado eles embora, mas não podia ouvir minha própria voz. Na verdade não senti nada até que estivesse na caçamba daquele caminhão com Jess.
Nunca senti tanto medo, tanta escuridão dentro de mim. Estava perdido, mergulhado na transe que me cegava até que eu não sentisse mais nada.

-Jimin.- disse Jess.

No fundo do meu abismo ouvi sua voz. Ela chamava pelo meu nome, como se eu pudesse de repente ver a luz. Por uns segundos achei que poderia ter morrido, e finalmente poderia estar com Jess.

-Jimin.- disse Jess com mais força, me fazendo finalmente acordar.

Comecei a tatear no escuro, até encontrar o corpo de Jess, que estava esticado sob o chão. Minhas mãos estavam tremulas, e eu não podia ver nada, mas podia sentir o molhado da sua blusa. Tirei com pressa o casaco que usava e pressionei a região mais molhada.

-Jess, você consegue me ouvir?- perguntei desesperado.- Não me deixe, por favor.

Sem que eu pudesse controlar senti as lagrimas inundando meus olhos com violência. Nunca tive tanto medo. Doía mais do que sabia explicar, mais do que conseguia suportar. Se fosse mesmo possível morrer de amor, eu teria morrido naquele momento.

-Eu nunca amei nada na minha vida como eu amo você. Meu coração foi e sempre será seu. Você era a melhor parte dos meus dias. Sempre foi tudo que eu precisava. E não importa como, eu queria estar ali e sempre vou querer.- disse entre soluços.- Não importa como seja, seja como melhor amigo, como amor da sua vida. Eu vou estar com você. Eu nunca vou te abandonar, então não em abandone. Por...favor.

Houve um enorme silencio, o mesmo silencio que sempre esperei encontrar ao dizer aquilo. O silencio que por mais de uma vez me fez perder um pouco mais de mim mesmo.

-Se pudesse voltar, eu amaria você como você merece ser amado.- sussurrou ela sem forças, mas alto o suficiente para que eu pudesse ouvir.

Imediatamente me levantei e procurei as paredes do caminhão. Assim que encontrei comecei a esmurrar a parede de metal com toda a minha força. Bati com tanta força que já podia sentir o sangue correr sobre meus dedos.
Então o caminhão parou, o que me fez parar.

Ouvi o barulho das portas sendo abertas. Depois os paços no piso. Eles estavam vindo ao meu encontro. Me preparei para a luz que estava por vir quando eles abrissem a porta. Cobri meu rosto com o antebraço, completamente cego pelo breu. Argui as mãos, me rendendo, quando pude ouvir o som das armas sendo carregadas.

-Vamos negociar.- disse com as mãos ainda erguidas para que eles vissem que eu não estava com nenhuma arma, pelo menos não uma que eles pudessem ver.

-Eu tenho muito dinheiro, posso dar todo ele a vocês.- disse tentando manter a calma.

-Não queremos o seu dinheiro. Queremos o pendrive.- disse o homem maior.

Eu só conseguia enxergar as sombras, meus olhos se adaptavam com dificuldade a luz. Mas me obriguei a forçar até que a imagem ficasse um pouco nítida. Baixei meus braços, desesperado para tirar Jess dali.

-De qualquer forma você tem a chance de conseguir o pen drive ou não. Eles podem vir atrás de mim, mas também podem não vir. Não há garantia.- disse sério.

O homem mais alto se caminhou até uma distância que pude ver seu rosto melhor. Suas feições eram ocidentais, um olhar marcante que parecia cortar um braço meu.

-Ele vão vir atrás de você.- disse o homem com frieza. -Eles sempre vão atrás dos amigos. A Yakuza é prova disso se não me engano.

O homem sorriu de maneira sádica, mas eu não tinha tempo para ser apenas ardiloso. Precisava ser inteligente, caso contrário Jess poderia morrer bem ao meu lado, sem que eu possa fazer nada.
Puxei do meu bolso escondido uma pequena adaga, depois a pressionei contra meu próprio pescoço.

-Se eu morrer, e ela também não existe mais isca.- disse ao me referir a Jess caída no chão.- Então estou propondo um acordo irrecusável. Ou vocês deixam ela em um hospital, e eu vou com vocês. Ou vocês não vão ter um único motivo para fazer eles te darem aquele pendrive. Você tem razão ao dizer que eles vão vir atrás de mim, mas não é porque são meus amigos mas sim porque tem uma pessoa lá naquele lugar que não está disposta a me deixar morrer. Tenho certeza que ela faria qualquer coisa para me salvar. Inclusive o pendrive que vocês tanto querem. Então qual vai ser?

O homem não gostou de ser colocado contra a parede, mas ele sabia que eu tinha razão. E não valia a pena correr o risco de acabar perdendo todo o pequeno controle que eles tinha assumido naquele momento.
Ele fez um sinal para que os outros homens voltassem para seus lugares. Depois me olhou nos olhos.

-O amor pode te matar as vezes garoto.- disse o homem antes de fechar a porta me deixando no completo escuro outra vez.



O ultimo de hoje, espero que tenham gostado. ♥
E ajuda a tia aqui a divulgar mais essa série. 
♥♥♥

4 - UnilateralWhere stories live. Discover now