CAP 23 - Cuidar de você

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Coréia do Sul
GWANGHJU
5 anos Antes

O início da minha vida no mundo das apostas foi a coisa mais difícil que já fiz, porque aquilo ia contra tudo que eu queria acreditar. Mas se tem uma coisa que eu aprendi com toda aquela história é que o dinheiro pode viciar. A sensação que ele traz embalado em uma papel de falso amor pode ser a maior queda.
Mas eu não estava pronta para entender aquilo ainda. E foi por isso que a sensação de dar o dinheiro para a tia de Jimin foi uma das melhores coisas que já senti.

Eu estava exausta quando cheguei aquela noite, tão cansada que me joguei sobre o corpo de Jimin quando ele me recebeu na porta. Ele não estava esperando pelo dinheiro, mas sim estava preocupado comigo. Me abraçou forte, de uma forma que não tinha feito ainda e aquilo foi o suficiente para que eu me sentisse melhor.

-Prometo um dia te devolver todo esse dinheiro.- disse Jimin em um sussurro quando apagamos as luzes do quarto.

Estava com o cobertor cobrindo até meu nariz. Encarava o teto pensando em como o meu último dia tinha sido inacreditável. Como eu tinha conseguido todo aquele dinheiro para pagar não só a casa de Jimin como dar uma parte para a tia de Jimin para ajudá-la até encontrar um novo emprego.
Tinha dado cada centavo que tinha a mulher, mas ainda sim não estava triste por ter que conseguir meu dinheiro de volta. Naquele momento conseguir dinheiro não parecia mais um problema tão grande para mim.
Viciar naquela vida era fácil demais para alguém como eu.

-Você não precisa se preocupar com isso.- disse sem saber ao certo como estava me sentindo.

Não queria que Jimin aceitasse minha ajuda esperando de alguma forma criar uma dívida comigo. Para mim era ser para ele o que ele era para mim, um porto seguro. Não havia dividas, apenas cuidado.

-Deixe só dessa vez também poder cuidar de você.- disse baixo, sem saber se queria ou não que ele ouvisse.

Jimin não me questionou sobre aquele dinheiro, nem todas as vezes que eu chegava com sacolas de comida. Depois que fiz aquilo pela tia de Jimin a mulher passou a me tratar como um verdadeiro membro da família. Como dizem por aí, família é quem está com você.

A tia de Jimin continuava procurando por um emprego, enquanto eu e Jimin saíamos todos os dias para trabalhar. Jimin intercalava o horário de trabalho com as aulas de dança, enquanto eu sumia as noites e dormia boa parte do dia.
Devido a isso a despensa foi desocupada, e um quarto montado ali para mim. No início eram apenas o colchão velho de Jimin, que fiz questão de usar, e uma pequena mesinha. Mas a medida que eu virava uma frequentadora assídua dos cassinos locais, uma cama foi comprada, assim como moveis, roupas e sapatos.

Em poucos meses tudo parecia voltar ao normal. A tia de Jimin arrumou um novo emprego, o que não fez eu e Jimin diminuir o ritmo. Não queríamos mais que a mulher se sentisse a única responsável ali. Então seguimos ajudando com as contas de casa, fazendo os jantares que estavam cada vez mais fartos.

Cada vez menos via Jimin, mas estava feliz com o rumo que as coisas estavam levando. Tanto que tolerava os olhares preocupados de Jimin sempre que me encontrava na porta chegando quando ele estava saindo para o trabalho.
Tentava me manter disposta, mas nem sempre conseguia aquilo ficando tempo demais no inferno dos cassinos.

E naquela manhã Jimin simplesmente não conseguiu ignorar quando eu desci do taxi e caminhei na sua direção. Passei por ele que continuou na porta depois que eu o cumprimentei.
Jimin não fazia ideia do que eu estava fazendo para conseguir aquele dinheiro todo, mas eu imaginava o que ele realmente pensava que eu estava fazendo. O fato é que tinha medo do que ele acharia se soubesse que eu andava apostando em cassinos a noite toda. Então não falava sobre o que ele não perguntava.

4 - UnilateralWhere stories live. Discover now