CAP 9 - Mulheres ocidentais

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Coréia do Sul
GWANGHJU
6 anos Antes

Todas noites depois daquela eu lembrava da ilusionista que eu tinha encontrado naquela ruela pouco iluminada, com diversas pessoas a olhando fazer uma moeda sumir, quando na verdade ela estava bem diante dos olhos da multidão.
Antes de tudo, antes de Jess eu tinha sido muito bom naquilo. Meus pais nunca souberam explicar como eu podia fazer aquilo desde tão novo. A verdade é que nem eu sabia explicar como as vezes eu fazia as pessoas enxergar o que eu queria.
Mas fazia anos que eu não tentava aquilo, por isso não conseguia explicar a euforia por lembrar do que eu tinha feito com aquela moeda.

Estava sorrindo quando perdi de vista a ilusionista que se perdeu no aglomerado de pessoas indo e vindo. Mas não pude agradecer, nem tentar entender como tinha feito aquilo depois de tanto tempo. Porque alguém passou correndo por mim, quase me derrubando no chão.

Nunca soube dizer quem era, mas costumava acreditar que aquela foi a primeira vez que eu e Jennie tocamos um ao outro. Porque eu nunca senti aquela eletricidade, que se propagava pelo meu corpo de maneira sutil, vinda de outra pessoa que não ela.

 Porque eu nunca senti aquela eletricidade, que se propagava pelo meu corpo de maneira sutil, vinda de outra pessoa que não ela

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Aquela noite não era para ter sido daquele jeito, mas como sempre o destino estava me fazendo estar exatamente onde ele queria. Eu não deveria estar trabalhando aquela naquele horário, não fazia parte do meu turno, mas um colega tinha passado mal e o restaurante não podia ficar sem garçom, então eu tive que ficar até mais tarde.
Estava estressado com o fato de não ter ganho boas gorjetas, já que contava com elas para ajudar minha tia a pagar a hipoteca da casa.

Nada pior do que aquilo poderia acontecer aquela noite do que ver o rosto desanimado da minha tia quando ela contasse o dinheiro do caneco da cozinha, e não encontrasse lá o dinheiro necessário.

Então estava distraído quando fui levar os lixos pela porta dos fundos do restaurante, tão triste, que nem vi uma garota vindo na minha direção, até que o seu corpo se chocasse com o meu.

Ela era menor do que eu, tinha olhos grandes, aquilo eu podia ver. Parecia assustada embaixo daquele capuz negro que fazia tanta sombra no seu rosto, que eu mal podia vê-la. Estava caída sob meu peito, se segurava no meu braço com uma mão, enquanto a outra estava no chão ao mesmo tempo que ela se preparava para fugir.

-Ei você?!- gritou um homem.

O que fez a garota que estava em cima de mim virar o rosto, inclinando ele em uma direção que o iluminasse perfeitamente para eu saber quem ela era.
Aquela era a ilusionista, e ela era terrivelmente charmosa daquele ângulo. Mesmo com os olhos arregalados de pavor, ela era linda. O que só me levava a entender que eu realmente gostava de mulheres ocidentais.

-Fique onde você está, sua vigarista!!!- gritou a voz outra vez, antes de tentar acerta a garota com um pedaço de madeira velha.

Imediatamente inverti as nossas posições, permitindo que minhas costas fossem atingidas ao invés das dela. Uma mulher não deveria apanhar daquele jeito, ninguém tinha o direito de fazer aquilo com qualquer pessoa, mas com uma mulher indefesa e tão pequena era inadmissível.
Prontamente fiquei de pé, trocando socos com os dois homens que àquela altura eu já tinha desarmado. Não que eu fosse um super lutador, mas eu sabia me virar, o que era o completo oposto daqueles dois que seguiram a ilusionista.

-Corram antes que eu mate vocês!- gritei quando os homens fugiram assustados.

Fiquei encarando os dois homens que caíram no meio da rua, fazendo uma porção de carros buzinarem. Mas logo em seguida desviei meus olhos para a garota abaixada perto de mim, e antes mesmo que eu encontrasse seu olhar, vi o corte no seu cotovelo que sangrava bastante.

-Você está machucada?- perguntei angustiado, ao mesmo tempo em que tirava meu moletom para pressionar o lugar que sangrava.

A ilusionista olhou para o próprio braço com um olhar confuso, só acreditando na necessidade do meu moletom quando uma mancha vermelha começou a se formar no tecido cinza.

-Vem, temos uma caixa de primeiros socorros no restaure. Eu vou cuidar disso.- disse para tranquiliza-la.

A garota não disse nada, apenas caminhou ao meu lado enquanto eu pressionava com força o tecido macio em seu cotovelo. Ela sentou na bancada que eu indiquei, e ficou em completo silencio enquanto eu limpava a ferida quando ela parou de sangrar. A ilusionista parecia receosa, mas não fez a cara feia que eu esperava quando eu apertei firme a atadura ao redor do seu braço.

-Desculpa, mas você pode segurar essa ponta da atadura por um momento?- perguntei a garota, antes de entregar a ponta solta da atadura para ela. – Vou procurar a fita, só um momento.

A fita deveria estar na caixa de primeiros socorros, mas eu sabia que a maioria das cozinheiras a usava para fins culinários quando a fita especial acabava. Então não tive dificuldade para encontrar a fita, e quando voltei para o salão encontrei uma cena que não esperava.
A ilusionista comia com as mãos os resto dos pratos de comida que estavam na bancada, e mesmo que aqueles pratos nunca tivessem saído daquela cozinha era triste ver como aquela garota estava com fome.

- Você está com fome?- perguntei entre dentes, sem saber ao certo como falar sobre o que estava vendo.

A garota parou imediatamente de mastigar, mas havia tanta comida na sua boca que ela não conseguiria disfarçar nem se quisesse. Então ela ergueu uma mão, pedindo que eu esperasse por um momento.

Ela mastigou a comida devagar, sem olhar na minha direção. Na verdade ela nem se moveu, e tudo que eu podia ver era a sua boca mexendo enquanto ela mastigava, já que seu capuz encobria seu rosto.

-Se você me deixar comer o resto desse prato, eu ajudo você a lavar a louça.- disse ela depois de engolir a comida que mastigava, no exato momento que seus olhos encontraram os meus.

Jennie ❤

4 - UnilateralWhere stories live. Discover now