Capítulo 6

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Ao subir me deparo com um Caio bravo, sem camisa, em frente ao quarto da Cloe.

- Abre essa porta sua idiota!

Ele fala por entre os dentes.

- Eu não vou abrir nada.

Ela responde do outro lado. Me atrevo a perguntar.

- O que está havendo aqui?

- Oi! Coisas normais de irmãos.

Fala passando a mão sobre os cabelos, com um sorriso sem jeito.

- Tipo o quê?

- Ah! Tipo essa idiota, não quer me deixar tomar um banho.

Fala e me mostra a sacola no chão, com roupas que a Cloe trouxe com o celular.

- Vem, pode tomar banho no meu quarto. É no seu quarto. Quer dizer... - Não encontro a palavra certa.

- Já entendi Stella, eu aceito se não for lhe incomodar.

- Imagina, é um mínimo que posso fazer por você.

Abro a porta do quarto entro e ele em seguida. Vou no meu guarda-roupa, pego uma toalha e lhe entrego. Enquanto ele toma banho vou limpar e trocar o curativo da minha testa. Tiro o curativo que está cobrindo o ferimento e fico atenta na intensidade da dor; pus, odor e outras secreções, do jeito que a médica recomendou. Lavo a ferida com o soro, o corte levou 6 pontos dar para contar, passo água-oxigenada, iodo e depois uma pomada que a médica indicou, curatec hidrogel, que cuida do ferimento e não deixa a pele ressecada. Antes de tampar a ferida ouço a porta do banheiro, olho em direção e vejo ele só de toalha.

- Mil desculpas Stella, deixei a roupa lá fora.

Ele sai do quarto correndo e sinto minhas bochechas queimando, quando ele volta vê o que eu estava fazendo.

- Você quer que eu faça isso para você?

- Não, é. Não precisa, posso fazer sozinha. - Me sinto agora uma pimenta, parece que minha cabeça está dentro de um vulcão.

- Não, pode não, você ainda nem cortou o esparadrapo. Vou vestir minha roupa e já volto.

Agora sim eu queria ser uma avestruz e enfiar a cabeça na areia. Estou morta de vergonha. Após alguns segundos ele volta já vestido e se aproxima de mim. Ele faz o curativo fora, com a gases e esparadrapo, fica um retângulo perfeito e só depois de pôr mais pomada ele encosta lentamente sobre a minha testa, com muita delicadeza. Fecho os olhos lentamente sentindo seu toque e é tão suave que não sinto nada, apenas o seu cheiro que impregna em meu nariz.

- Pronto! - Ele fala me tirando do transe. - Já está na hora do seu remédio.

- O mesmo que você me deu ontem? Você me dopou!

Falo acusando‐o.

- Primeiro, eu não te dopei. - Ele fala arrumando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha - Era apenas o seu remédio misturado com água e açúcar, você estava muito nervosa e acrescentei um calmante. Segundo, nas condições que você estava você não ia tomar sabendo o que era.

- Tá bom! Você pode me falar o que realmente aconteceu? - Lembro de pouca coisa do acidente.

- Olha, não é uma coisa agradável de se ouvir.

Ele fala se afastando indo em direção à porta. Levanto da cadeira que estou sentada, em frente à penteadeira e seguro-o pelo braço, antes dele sair do quarto.

- Por favor Caio, eu preciso saber. - Ele olha no fundo dos meus olhos e fala.

- Tá bom, mas primeiro seu remédio.

Ele sai em direção à cozinha. Minutos depois ele volta me entrega o copo com água e começa a falar.

- Minha ex namorada terminou comigo a um mês atrás.

- E o que isso tem a ver com o acidente? - Estou sem entender nada.

- Calma, vou chegar lá, mas tenho que falar do começo. Ela terminou comigo, estávamos morando juntos, mas ela estava muito estranha e, certo dia ela falou que não dava mais certo e que queria terminar, aceitei a decisão dela, já não estava dando mesmo. Ela já estava fria comigo a um tempo e eu também, nossa química tinha acabado. Então quando ela terminou fiquei no "campus" na Universidade. Nesse fim de semana, fiquei sabendo que ela está ficando com um dos meus amigos do time, mas já estamos separados, então vida que segue.

Estou sentada na cama e ele agora na cadeira de rodinhas da escrivaninha.

- No dia que te ajudei na faculdade, logo após você sair correndo. - Ele dar um sorriso e continua. - Ela apareceu e começou a fazer um barraco, me xingando, me batendo, me chamando de hipócrita e tudo mais, o atual namorado dela chegou e tentou segurar ela. Ela disse que eu era um canalha e não poderia ter esquecido dela, dos nossos momentos. Más não sei o motivo disso. Foi ela quem terminou e ela já está em outra.

- Entendi o motivo de tanta demora naquele dia. - Ele confirma e continua.

- Sim, depois disso no dia seguinte ela foi no meu dormitório, pegou todas as minhas roupas e queimou tudo, não olhou mais na minha cara, até ontem cedo, quando pedi para ela uma caneta, não queria que acabasse desse jeito, podíamos ser amigos, temos uma história.

- Ah meu Deus! Era ela? - Fico sem graça ao lembrar da cena.

- Sim, depois que você saiu da sala, ficou só eu e ela, novamente falei pra ela que queria ser amigo dela e nada mais, discutimos e ela ficou furiosa e saiu aos prantos. Depois ela foi na garagem, pegou o carro e saiu, mas o problema é que ela não estava em condições para dirigir.

- Então foi ela? - sinto as lágrimas quentes escorrendo em meu rosto, contra minha vontade, ele levanta e vem em minha direção imediatamente.

- Me desculpe Stella, é tudo culpa minha.

Ele fala me abraçando de lado ao sentar na cama, agora entendo o motivo da Cloe estar tão brava. A ex namorada dele é uma louca que quase me matou.

- Você contou pra ela, não foi?

Ouço a voz alterada da Cloe na porta e passo a mão em minhas bochechas, desejando que as lágrimas não estivessem ali, choro ainda mais de raiva por estar chorando.

- Você é um idiota mesmo.

- Ela tinha que saber e outra ela ia saber de qualquer forma!

- Essa mulher é louca! - Levanto e começo a falar, gritar, na verdade. - Alguém tem que fazer algo a respeito, tenho que denunciar ela. Ela quase me matou!

- Tell, nós tentamos, mas todo mundo viu você atravessar a rua no sinal vermelho distraída.

- Ela alegou que você passou na frente do carro e ela não viu, ela estava muito nervosa.

Caio fala olhando pra mim. Isso não é possível, não pode ser, estou tremendo, a raiva toma conta de mim, se essa criatura estivesse agora em minha frente... Caio vem em minha direção com um calmante e penso que a melhor coisa é tomar. A médica me orientou a não passar muito nervoso por causa das dores de cabeça.

- Vem aqui! - Ela fala me levando até minha cama. Vejo de longe o Caio meio sem jeito, ele se aproxima e se abaixa em minha frente segurando a minha mão.

- Stella por favor me desculpe! - Ele fala com o rosto todo vermelho.

- Stella por favor me desculpe! - Ele fala com o rosto todo vermelho

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Minha Pequena, Grande MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora