Capítulo 7

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Caio Jones

— Tenho que sair, você fica bem? — Cloe fala segurando o rosto dela.

— Eu fico com ela.

Falo e vejo que ela já está sonolenta, não quero deixar ela sozinha.

Fico observando Stella deitada na cama e vejo ela lentamente, fechar os olhos.
Lembro quando esbarrei com ela na faculdade, aquele jeitinho meigo e amigável, com seus olhos largos, profundamente sedutores e brilhantes, parecem duas joias preciosas, percebi quando ela os abriu. É lembro que ela caiu e ficou de olhos fechados. Seus olhos são como um raio de luz mostrando a saída, as portas para um mundo de doçuras. Como diz minha mãe, os olhos são a janela da alma. Eu passaria horas e horas admirando-a.

Sua pele clara, um pouco pálida, bem delicada e um sorriso encantador que me traz paz, seus cabelos loiros e macios.
E ainda pude sentir ela em meus braços, quando ela quase caiu saindo do elevador. Por um instante, senti meu coração bater forte em meu peito, uma sensação estranha, acho que nunca senti isso.

Me partiu o coração ao ver ela chorar, e fiquei puto, quando vi o que Hannah tinha feito e não pensei duas vezes quando a ambulância chegou e os paramédicos falaram que tinha que ir um acompanhante, sabia que ela era nova aqui na cidade e não tinha para quem avisar. Quem diria que ela era a nova colega de ap. da minha irmã, e quem diria que eu ia ver ela deitada, na cama que já foi minha.

Quando a Hannah terminou comigo depois de dois anos juntos, eu ia voltar pra cá, mas a Cloe falou que já tinha alugado e a culpa não foi dela.

Meu telefone toca me tirando do transe dos meus pensamentos.

— Alô! — Tento falar baixo pra não acordar ela.

— Caio Jones? Aqui é do campus da Universidade e, venho lhe informar que, não será mais possível que o senhor permaneça no mesmo, devido a acontecimentos que o senhor mesmo deve estar ciente.

Ouço a voz do outro lado do telefone, pra ser sincero eu acho até que demoraram pra tomar essa decisão, depois que aquela louca queimou todas as minhas roupas, quebrou meu celular e fez todo aquele escândalo.

— Sim, estou ciente.

— Você tem até 24 horas para retirar o que lhe resta.

— Tudo bem, obrigado por me informar.

— A UNFB agradece a colaboração.

Ao desligar o telefone, fico em pé, olhando da janela do quarto a cidade, eu sempre gostei dessa vista.

Como pode uma pessoa que você não se imaginava fora da vida dela, tentar destruir a sua?

Aproveito que Stella está em sono profundo e vou à cozinha preparar algo para comermos, sei que Cloe não vai demorar, deve ter ido ver o namorado e vai voltar com fome também, conheço bem aquele dragão.

Cloe quer se aventurar na vida e tem um desejo por liberdade muito grande, já que o seu pai sempre controlou a vida dela como podia. Ela tem um gosto peculiar por perigo, ela não ter me apresentado esse novo namorado só me deixa na dúvida. Mas ela já é grande o suficiente para saber o que quer.

Depois que minha mãe casou-se com o pai dela, tivemos uma vida melhor, mas minha mãe nunca gostou de mordomias e nunca quis sair de West City, nossa cidade natal, lá no interiorzinho.
Várias vezes eu e Cloe insistimos pra trazer ela pra capital, depois que o pai da Cloe deu esse apartamento a ela e sumiu, mas vai convencer aquela cabeça dura.

— Só saio da minha casa se for no caixão. — Palavras dela.

Olho de relance em direção às escadas e vejo Stella descendo, com seu braço engessado e os cabelos levemente bagunçados.

Minha Pequena, Grande MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora