Um conjunto de contos para acalentar-nos em meio aos dias caóticos e trazer luz no meio do breu.
❝Assim como as estações, a vida possui dias altos regados a paz e manhãs em que apenas os fantasmas de nós mesmos se fazem presentes, porém não tenha me...
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❝Pra você guardei o amor Que sempre quis mostrar O amor que vive em mim vem visitar Sorrir, vem colorir solar Vem esquentar E permitir❞ ─ Pra você guardei o amor, Nando Reis.
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A maresia beija as bochechas avermelhadas de Eugênia e se faz o consolo dela há tantas horas que mal cabiam nos vários cálculos que precisava entregar na época da faculdade. A coreografia das ondas quebrando ao encostar na areia costura tranquilidade nela de uma maneira que nem estava se sentindo dolorida como nas primeiras semanas do pós-parto, mas a pele esbranquiçava e ela se via inchada constantemente no espelho.
A chuva grudada em seus olhos não a largou em nenhum minuto, as lágrimas não desapareciam nem quando o mar a chamava de coragem. Os seus dias eram divididos entre se perder admirando este, deitar na areia, observar a mãe abraçar sua filha, escutar as canções de ninar e o adeus preocupado dela. Às vezes, Valentina vinha visitar, só que eram poucos os momentos em que Eugênia se notava focada nas frases que explodiam da boca rosada da melhor amiga.
Ficar sentada no chão do quarto também tornou-se rotina, ouvir sua garota chorar a noite, sentir o espaço da cama afundar, seguir um Vini morrendo de sono para vê-lo trocar as fraldas e esperá-lo sair para agachar ao lado do berço e dedilhar os dedinhos gordinhos das mãos dela, cantarolando Nando Reis bem devagar.
