9. Tempestade Mar-Céu.

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❝O que vem de fora altera o que é de dentro?❞

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❝O que vem de fora altera o que é de dentro?❞


Alfa Rosa Luz |blooeming

I

Luzes apagadas; cenários escuros. Quando há tempestades, as ondas se revoltam numa turbulência incontrolável e os navios chocam-se em meio à turbulência de mar-céu. Navios pesados colocados sobre o mar aguentam firmes as revoltas, mas não são todas às vezes em que navios pesados e super dotados de tecnologia resistem às tentações raivosas do mar — alguns acabam por naufragar em meio ao caos, antes mesmo de concluir seu destino; consequentemente desolado de um trágico fim.

Latas de ferros e bons equipamentos projetados para as mais diversas situações; resistentes que não resistem a tudo. Se está no percurso, tudo bem; sem desespero, o fim é o mesmo. Se não está, lamentavelmente aceitaremos numa lamentação prévia — tenha consciência! Ocasiões fora do plano acontecem, mas o percurso tem que ser seguido.

Não obstante, apesar de todas as transformações e mudanças que ocorrem na água, a própria, em sua belíssima forma, continua seu trajeto. De um rio a outro, mar ou oceano. Atravessando ou contornado. Evaporando ou chovendo. Ela sempre dará um jeito de seguir o seu percurso. O círculo repetitivo, gravado de cor, prossegue. Mesmo após seca, maremoto, ressaca, tempestade, maré alta e/ou baixa, oscilações; transformações. A água: mar, oceano, rio, lagos, pântano, lagoa; molécula composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio — em sua forma, seja gasosa, líquida ou sólida, dá o seu jeito de continuar, prosseguir, percorrer, existir (sem contar nas inúmeras importâncias que lhe atribui).

Assemelhá-lo-emos a ela.

Num pensamento turbulento semelhante ao mar revolto, Cibelle Kim segura a saia do vestido respirando fundo. Um olhar vaidoso de uma quase narcisista refletiu no espelho, ao recordar das palavras de um poeta, a procura do que poderia preencher o vazio. O olhar para si mesmo refletindo a falta de algo — um complemento, de uma consistência do eu.

Pensou no amor, mas a vida estava turbulenta demais para pensar em tal coisa. Além de que, ela se amava... Amor próprio não bastava? Abrindo a porta que dava para o terraço, recebeu uma lufada de ar carinhoso do vento de outono; não era um vento quente, embora o Sol estar presente, tampouco gélido por conta da estação, contudo o vento era ameno, uma mistura das cores quentes — que morriam pela diminuição da luz solar e enfeitavam o chão da cidade — da estação que se preparava para os dias friorentos. Contando os números enquanto respirava, Cibelle se esquecera do que ia fazer no terraço do apartamento. Não forçando muito a mente, caminhou em passos curtos e sentara numa meia parede de blocos que servia como banco e se pôs a observar o local; estava tudo vazio — assim como ela —, com uma exceção de lixos provindos do tempo, de onde estava poderia contemplar algumas janelas das moradias vizinhas, entretanto, numa observação sorrateira e desprovida de companhia, a jovem sentiu-se acompanhada. Não somente pelo susto tomado, como também, pelo vizinho que lhe observava.

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