Capítulo 1

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  Dizer que meu dia não estava indo bem era o mesmo que dizer que a Revolução Francesa havia sido um pouco turbulenta para Maria Antonieta. Meu carro falhou durante todo o caminho até a escola. Só metade dos alunos da minha primeira aula compareceram, e não consegui achar as provas que eu havia passado a semana toda corrigindo.

  Meu dia estava se transformando em uma tragédia. Quando o horário do almoço se aproximou, eu já estava mais do que pronta para um descanso. Peguei um sanduíche e comi a caminho da biblioteca. O servidor do nosso prédio não estava funcionando e eu precisava fazer uma pesquisa.

  Foi então que encontrei todas aquelas pessoas. Parecia que todo o corpo estudantil estava reunido no meio do campos para um grande evento. As fraternidades e irmandades haviam pintado cartazes e pendurado nas árvores para receber alguém. Olhei para os cartazes, depois para a multidão e percebi que nunca conseguiria alcançar as escadas que levavam à biblioteca. Em pé, no meio dos degraus, havia um grupo de pessoas, mas meus olhos se concentraram em um homem alto e moreno. Eu não conseguia tirar os olhos dele. Ele estava brincando com uma garota que piscava e enrolava uma mecha de cabelo no dedo.

  Tentei entender o porquê de todos estarem tão animados, mas nada daquilo fazia sentido. Os doadores vinham o tempo todo até a faculdade, e a maioria dos alunos nunca percebia a presença deles. O homem em pé, no degrau, era bastante atraente e podia muito bem ser um astro do cinema, e só podia ser o motivo para toda aquela algazarra.

— Você está vendo, Any? O príncipe? — Uma das garotas da minha primeira aula segurou meu braço.

— Príncipe? É, estou vendo. Um príncipe? Um príncipe de verdade, com coroa e trono?

  Então era por isso que todas aquelas pessoas estavam em pé na neve. Um doador da realeza traria todos para fora. Um astro do cinema era uma coisa, mas um príncipe? Não se via todo dia. Eu me perguntei por que um membro da realeza faria uma doação para nossa escola, mas ficar em pé no frio assistindo um cara paquerar não estava nos meus planos. Eu tinha só um tempinho antes de precisar ir para o centro de pesquisas, e ainda tinha muita coisa para fazer.

— Ele é maravilhoso… — soltou a menina enquanto suas amigas produziam sons concordando com ela.

— É, parece que é.— Revirei os olhos.

— Até mesmo você precisa admitir que ele é sexy.— Ela riu de mim. Que diabos isso significava? Eu não era cega. Claro que eu havia notado que ele era sexy. Mas por que aquilo era uma coisa boa para mim? Eu nunca mais o veria novamente. Ele era um príncipe!

  Virando para trás, olhei para a entrada lateral e vi que ela estava bloqueada pelos policiais. Rangendo os dentes, andei pela neve em direção à entrada dos fundos. Levou uma eternidade para eu chegar lá, pois precisei desviar de milhares de pessoas. Quase tropecei em um fio e o repórter gritou comigo. Enviei a ele meu melhor olhar de “vá à merda”, mas ele não se intimidou. Quando cheguei aos degraus da enentrada do fundo, estava a ponto de matar alguém.

  Havia um grupo de policiais em pé na frente da porta, mas não me importei com eles. Subi a escada e fui direto em direção à entrada.

— A senhora não pode entrar aí.

— Por que não? Pago a mensalidade para poder usar a biblioteca.

— A biblioteca está fechada. Deve reabrir em uma hora, aproximadamente.

— Estarei ocupada daqui uma hora — olhei para ele com cara de cachorrinho triste —, eu só preciso usar a internet e procurar alguns livros. Por favor? Vou ser boazinha. Um de vocês pode vir comigo.

Suddenly Royal •Noany• [✔]Onde histórias criam vida. Descubra agora