CAPÍTULO X

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Georgina até que estava gostando do passeio. Dentro da carruagem, conversaram sobre coisas banais e o baile de ontem, em como foi desastroso, porém cômico. Ela ficou atenta a cada movimento de August, como se certificando de que ele não colocaria a mão sobre sua coxa e aproximaria o rosto do seu para um beijo como aconteceu da última vez em que estiveram juntos no interior de uma carruagem; mas ele não tentou fazer nada indecoroso. E não deu indícios de que pretendia fazer no futuro. Ela pensou que se ele não tentara nada na carruagem onde os dois estavam na companhia apenas da dama subordinada de Georgina, certamente não o faria no meio de tantas pessoas que caminhavam pelo Hyde Park. Concluiu então que August estava mesmo apenas tentando aproximar-se dela como amigos. Quando percebeu isso, ficou mais tranquila, e a conversa fluiu ainda mais. August a fez gargalhar diversas vezes, e Georgina tentou se lembrar da última vez que rira tanto.

Não conseguiu pensar em nenhum momento específico.

Ficar enfurnada dentro da pousada não era tão agradável quanto sair para passear ao ar livre com um amigo, conversar e dar risada, percebeu ela. Precisava fazer aquilo com mais frequência.

Eles caminhavam ao redor do lago Serpentine, a dama de companhia agradavelmente afastada, quando Georgina falou:

— O senhor descobriu do que lorde Manchester o acusara de ter roubado ontem à noite?

Com o braço entrelaçado com o de August como estava, ela sentiu quando ele enrijeceu o corpo, como se tivesse ficado nervoso com a pergunta.

— O par de botas favorito de Vincent havia desaparecido, então ele presumiu que eu havia pegado. Dá para acreditar? — Ele deu uma risada seca, desprovida de humor. — Enfim, ele estava bêbado, e me pediu perdão hoje pela manhã.

Georgina tentou erguer a cabeça para tentar enxergar as feições do rapaz sobre a aba de seu chapéu, mas não conseguiu. Pela expressão, ela conseguia ver quando uma pessoa estava mentindo ou inventando uma desculpa; sempre foi boa nisso. Portanto, achou que a resposta de August não foi de tão sincera, levando em consideração sua rigidez e em como as palavras proferidas saíram rápidas demais, como se ele quisesse sair daquele assunto o quanto antes.

Após caminharem três metros em silêncio, August pigarreou, então perguntou:

— Georgina, quero perguntá-la algo que não consigo tirar da cabeça.

Quando a voz dele falhou com uma oitavada, ela não conseguiu evitar encará-lo, e viu que seu pescoço estava úmido de suor. Ele estava nervoso.

Quando não disse nada, August continuou:

— Preciso entender por que a senhorita escolheu a mim, e não Vincent.

Ela franziu o cenho.

— Não estou entendendo.

— Eu sei que meu primo também a convidou para o baile de ontem. Então por que aceitara o meu convite se não pretendia aceitar o meu pedido para desposá-la? — Ele exalou o ar pela boca tão forte que foi como se o estivesse segurando desde que desceram da carruagem, e agora estava aliviado por finalmente ter dito o que tanto o sufocava.

— Eu pretendia, sim, aceitar o seu pedido, August. — Ela o contou, e sentiu as batidas do coração acelerarem um pouco. — Mas então vi que não era o que eu realmente desejava.

— Mesmo assim. O que a fez escolher a mim? Pelo que sei, todas as damas dariam tudo para ser acompanhante do duque de Manchester.

— Eu não sou todas as damas. — Georgina falou um pouco dura demais. — Sou apenas eu, e odeio ser comparada à outras mulheres. — Uma pausa. — Afinal de contas, você me convidou primeiro.

Os Segredos de Manchester [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora