2- o que é meu, é seu

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pov gizelly

eu estava tão perdida nos meus próprios pensamentos que nem sequer notei que o avião tinha pousado. peguei minha mala no compartimento de bagagem e finalmente desci. de repente, senti meu coração falhar, minhas mãos suarem e minha respiração perder o compasso. ela estava lá. ela estava me esperando no aeroporto com um sorriso lindo e um embrulho nas mãos. respirei fundo e fui andando em sua direção, já sentindo frio na barriga pela expectativa do que aconteceria a partir de hoje. eu estava com medo, tanto medo... e parece que ela sabia, porque me abraçou muito forte quando me aproximei.

- que saudade meu amor. – ela disse dando vários beijinhos em meu rosto.

  - eu também senti sua falta. não sei como consegui dormir tanto tempo sem você, marcela. - respondi a apertando mais contra o meu corpo.

- tenho algo pra você. - desfez o abraço e me entregou o embrulho colorido que tinha em mãos.

eu tentava desmanchar o laço mas minhas mãos ainda estavam úmidas devido ao nervosismo. sequei elas na blusa e tentei novamente, enquanto ela me observava com atenção. assim que consegui abrir, fiquei incrédula com o que vi. ela me deu um dos cristais dela, junto com fotos nossas.

- gostou? – ela perguntou, sem deixar de sorrir.

- marcela, eu amei. – falei ainda encantada com a pedra preciosa rosa que tinha nas mãos. - mas eu não entendo... uma vez você me disse que não podemos dar cristais nossos pra outras pessoas. por que você tá me dando um cristal seu? – indaguei curiosa.

- o que é meu, é seu, gigi. - disse me olhando com carinho.

na mesma hora senti meus olhos marejarem e meu coração errar as batidas. era impressionante como ela conseguia me fazer ama-la mais e mais a cada dia.

- eu amo você. – a puxei pra outro abraço, sentindo seu perfume doce invadir minhas narinas mais uma vez.

- eu também te amo, muito muito. agora vamos pra casa. nossa casa.

login me puxou pela mão, me guiando até o motorista que nos esperava no carro.
passamos o caminho todo conversando sobre muitas coisas, eu como sempre mais falante contei todas as fofocas possíveis pra ela. até que chegamos em um assunto que eu não queria.

- conheci uma pessoa semana passada. - soltou ela.

- que pessoa? porque não me contou? - perguntei com os olhos semicerrados.

é, realmente não sei disfarçar meu ciúme.

- gizelly? – ela arqueou a sobrancelha rindo. - não te contei nada porque foram só uns beijos, não pensei que ele acharia meu telefone e me convidaria pra sair hoje.

sim, eu devo ter feito quadradinho de oito na cruz pra merecer tanto sofrimento. respirei fundo.

– pensei que hoje você fosse passar a noite com a sua amiga que acabou de chegar do espírito santo. – retruquei.

ela girou as orbes cor de mel e pegou na minha mão.

– para de ciúme, titchela. não vou sair com ele.

respirei aliviada e apertei seus dedos.

– bom, pelo menos não hoje. – ela completou.

é, eu estava ferrada. depois disso passei o resto do caminho calada, apenas olhando as coisas pela janela. era tudo tão diferente... vou sentir saudade da minha cidade. lá no espírito santo não tem tantos prédios, luzes e carros assim. mas também não tem ela, pensei. acabei dormindo e fui acordada pela marcela me cutucando.

– chegamos – disse abrindo a porta do carro pra mim.

entramos no prédio e pegamos o elevador, rapidamente chegando onde seria minha nova casa. assim que ela abriu a porta arregalei os olhos. eu nunca vi um apartamento tão de rico quanto esse!

– meu deus, é lindo. – disparei olhando para todos os cantos daquele lugar, ainda com a boca aberta.

— vem, deixa eu te mostrar seu quarto. – falou me puxando até pararmos de frente para uma porta lilás. – preparada? - perguntou

— acho que sim.

então ela abriu e eu mais uma vez fiquei de boca aberta. ela mandou fazer um quarto pra mim! ele era preto e branco e tinha um quadro de furacão pendurado na parede. pela terceira vez só nesse dia, senti as batidas do meu coração falharem de amores por ela.

— marcela... é perfeito, eu nem sei o que dizer. – a olhei com carinho.

— fico feliz que gostou, fiz com amor. mesmo sabendo que você provavelmente vai fugir pra minha cama todas as noites. – riu. – agora descansa um pouquinho gi, a viagem deve ter sido cansativa.

— eu vou, faz uns dois dias que não durmo porque estava ansiosa. – confessei.

— então dorme safada, e não esquece de sonhar comigo. – piscou saindo do quarto.

ah, se ela soubesse... sonhar com ela é o que eu mais faço nessa vida.

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