pov marcela
tô deitada faz horas pensando em muitas coisas... pensando em como minha cabeça mudou. passei a minha vida toda duvidando que realmente pudesse existir esse lance de alma gêmea. pra mim, eu teria muitos amigos ao longo da minha existência, porém jamais uma alma gêmea. mas desde que eu conheci a gizelly, percebi que pode sim ter alguém em algum canto do mundo que te completa. alguém que é a tampa da sua panela. a gizelly é a única pessoa, além da minha mãe, que me conhece de trás pra frente e de frente pra trás. ela sabe de todos os meus desejos (até mesmo os mais ocultos), sabe de tudo que eu preciso antes mesmo de eu verbalizar, sabe dos meus medos, das minhas inseguranças e sabe principalmente como me fazer feliz. hoje a busquei no aeroporto porque finalmente ela tomou coragem e veio morar comigo em são paulo. eu particularmente estou muito feliz com a vinda dela. é bom ter alguém pra dividir os dias, faz o cansaço da vida parecer menor. agora tô aqui, jogada na cama pensando em como seria bom e interessante se ela fosse minha amiga colorida. não que eu queira. na verdade... eu quero, mas não posso. gigi é minha melhor amiga. e essas coisas de pegação não funcionam quando você cria um vínculo de irmandade muito forte com alguém. estraga a amizade. e além disso, ela é hétero. como se adivinhasse meus pensamentos ela bateu na porta, escandalosa como sempre.
— marcelaaa? tá aí? abre pra mim garotaaaaa – berrou
levantei da cama já acendendo a luz e abrindo a porta pra ela, antes que gritasse mais alto.
— vou dormir com você. – falou assim que abri, se jogando em cima da minha cama.
— por que será que eu não tô chocada? - deitei do seu lado, a puxando pro meu colo. – quer cafuné?
— quero a massagem tântrica que você me prometeu desde março. - disparou.
gelei. odeio quando ela faz isso, odeio quando ela me provoca. eu nunca entendo, e nem sei se um dia vou conseguir entender.
— você não tá com fome? – mudei de assunto enquanto mexia em seus cabelos.
— eu tô! você pode pedir alguma coisa pra gente comer? porque cozinhar eu sei que não é contigo. – debochou
— vai tomar no seu cu gizelly – dei um tapa leve no braço dela. — não precisa pedir nada não, tem uma pizza de ontem na geladeira, eu esquento pra gente.
— nossa, dando comida requentada pra mim, marcela? meu deus o que custa abrir essa mão e comprar alguma agora pra comer.
— meu deus como você é chata! eu desinstalei o ifood do meu celular ontem sem querer e acabei ficando com preguiça de pôr de novo. só queria facilitar. porque até pedir, preparar e entregar levaria tempo. e eu não sei o tamanho da sua fome! – falei com a morena que me olhava rindo.
— tô brincando, meu amor. mas se quiser pegar meu celular e pedir pode, tá? minha fome aguenta! compra sushi pra mim. – disse manhosa.
— peço. me dá seu celular, mimada.
— toma – tirou o aparelho de dentro do sutiã e me entregou.
— gizelly? porque ele tava aí? - perguntei chocada
— eu botei desde que saí do espírito santo, tava com medo de alguém roubar. acabei esquecendo de tirar! – disse com naturalidade.
— você é doida! – ri
enquanto eu pedia a comida pelo ifood, meu celular não parava de vibrar. no início eu tentei ignorar mas depois acabei pedindo pra gizelly ver o que era.
— qual sua senha? – perguntou
— a data do seu aniversário
— é sério? – ela me observava
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silent passion
RomanceGizelly se vê completamente apaixonada por sua melhor amiga durante um ano inteiro. não aguentando mais guardar esse segredo somente pra si, a moça decide colocar esse sentimento pra fora escrevendo em seu diário. O que ela não esperava é que Marcel...