4 - surpreenda ela

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pov gizelly

marcela passou o resto da noite estranha comigo, e eu não fazia ideia do porquê. desde que ela foi buscar meu carregador, voltou diferente. e isso já tava começando a me preocupar. estávamos sentadas na cama terminando de comer quando resolvi indaga-la.

— o que foi, hein? - soltei de uma vez.

— o que foi o que? – ela respondeu enquanto colocava um camarão na boca.

— você tá estranha marcela! o que aconteceu?

— não aconteceu nada gi, só tô cansada mesmo. – disse se jogando pra trás.

— tá bom então... – a olhei desconfiada – não come deitada. vai se engasgar, caralho!

ela riu, logo se levantando.

depois desse breve interrogatório da minha parte, começamos a ver uma série, e o clima piorou. ela estava visivelmente desconfortável e eu sabia disso. mas não iria insistir no assunto.

— você vai dormir aqui mesmo? – marcela perguntou, do nada.

— vou. gosto de dormir agarrada com você! – dei uma piscadinha.

ela não respondeu.

a série que ela escolheu era tão chata que acabei apagando. e não sei como e nem quando mas em determinada parte da madrugada quando acordei, notei que minhas pernas se entrelaçaram nas dela e meu rosto foi parar no vão do seu pescoço. marcela não reclamou. eu muito menos. o cheiro dela era tão bom... era um perfume forte mas ao mesmo tempo suave. por impulso, lambi o pescoço dela.

— que merda é essa, gizelly?

fiquei em silêncio, e lambi novamente. Espero que ela pense que eu tô só sonhando.

— não adianta fingir que tá dormindo, eu senti suas pálpebras abrindo e fechando.
– disse me cutucando

outra lambida.

— caralho gizelly, para com isso ou eu vou te botar pra dormir no chão.

continuei muda. e acho que ela finalmente aceitou que eu não iria falar nada porque ficou também. senti meus olhos pesarem e meu corpo relaxar. e como todos os dias, sonhei com ela.

                              X X X




acordei com uma marcela de cara amassada e cabelos bagunçados me dando tapinhas. ela era linda. não existia nenhuma outra palavra.

— bom dia. – eu disse sorrindo

— você está me matando gizelly – falou. – hoje você vai dormir no seu quarto.

— te matando? mas eu tava dormindo. – protestei, rindo.

eu sabia do que ela estava falando mas preferi fazer a desentendida.

— a próxima vez que você lamber o meu pescoço de madrugada, eu esqueço que você é minha amiga e te lambo de volta. e não vai ser no pescoço.

fiquei arrepiada com as palavras dela mesmo sabendo que aparentemente era só brincadeira. o gay panic foi tanto que levantei rapidamente com a desculpa que precisava escovar os dentes. entrei correndo e tranquei a porta, não queria que ela notasse que eu fiquei nervosa de verdade.

— é hoje que você vai sair com aquele tal de Léo né? – gritei de dentro do banheiro, um tempo depois.

— é Luiz, gizelly. – ela gritou de volta. — e sim, é hoje. inclusive você poderia me ajudar a escolher uma roupa legal né? quero ficar bonita.

respirei fundo lavando minhas mãos e pensando em como eu queria que um dia ela se arrumasse pra mim também.

— você já é bonita de qualquer jeito, marcela – falei abrindo a porta do banheiro. — mas eu te ajudo a escolher sim. vou só comer alguma coisa, tá? já volto pra te ajudar.

eu já estava quase saindo do quarto quando marcela me fez uma pergunta que me assustou.

— gizelly, tem algo que você queira me contar?

— como assim? contar o que? – perguntei arregalando os olhos.

eu não sabia disfarçar, que ódio.

— não sei... tô te perguntando. você quer me falar alguma coisa? somos amigas, você sabe... pode me contar tudo.

graças a Deus ela não estava tão próxima de mim, porque eu estava gelada. meu coração batia rápido como se fosse sair pela boca a qualquer momento.

— n-não... – gaguejei.

respirei fundo, me obrigando a relaxar e continuei....

— não tenho nada pra te contar! você já sabe tudo sobre mim. mas por que isso agora do nada?

— nada, ué. só curiosidade mesmo. – disse dando de ombros.

— agora eu tô indo comer de verdade.

sai do quarto e fui pra cozinha toda me tremendo. meu deus. será que ela tá desconfiando? será que é por causa da lambida que dei no pescoço dela? eu tenho que disfarçar mais, acho que tô dando muito na cara. mas só de lembrar que ela vai sair com aquele Luiz hoje, meu sangue ferve e minha vontade de dar em cima dela de todas as formas possíveis até ela entender que é muito melhor ficar comigo, volta. eu não quero que ela saia com ele. comecei a preparar uma torrada enquanto pensava em um jeito de prende-la em casa hoje, de uma forma sútil. mas eu não posso obrigar ela a não sair com ele. ela é solteira, livre... eu sou só a melhor amiga dela. eu realmente estava enlouquecendo. isso tá me sufocando, eu preciso desabafar com alguém sobre os meus sentimentos. alguém de verdade. peguei meu prato com as torradas e fui pro meu quarto, é agora que vou achar um coitado no meu WhatsApp pra me ouvir. procurei, procurei, procurei... e decidi que iria contar tudo pra manu. igualzinho como na primeira vez.

depois do conselho da manu tive uma ideia

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depois do conselho da manu tive uma ideia. pra que sair com ele se você pode sair comigo, marcela? pensei. é hoje, é hoje.

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