6 - quase

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pov gizelly



— é sério? – ela perguntou

— sim, me beija.

quando eu disse isso marcela começou a se aproximar de mim, mas por algum motivo desconhecido parou rápido demais.

— não - disse jogando a cabeça no meu ombro — não vou te beijar bêbada

— mas eu sei o que eu tô fazendo marcela, eu quero – falei 

— você é hétero, você não quer me beijar... só tá bêbada.

depois disso, não lembro mais de nada. só de flashs. fiquei tão traumatizada com a rejeição que enchi mais a cara, e segundo minha amiga, fui praticamente carregada pra casa. inclusive, nenhuma das duas tocou no assunto do beijo no dia seguinte. o que talvez tenha poupado um pouco da minha vergonha. mas de qualquer forma, eu estava me sentindo péssima. além da dor de cabeça devido a ressaca, ainda descobri que hoje o luiz vem aqui. o que eu fiz pra merecer? quando eu pensei que finalmente a marcela iria esquecer esse macho, ela foi e chamou ele pro apartamento dela. eu não tenho paz.

— ele tá subindo, nada de ser grossa, ouviu? — falou arrumando as almofadas no sofá

— não precisa me tratar igual criança marcela

ela não respondeu, até porque não deu tempo. a campainha tocou, e marcela foi correndo abrir a porta. eles se cumprimentaram e ela o puxou pela mão, vindo em minha direção.

— luiz, essa é minha amiga gizelly – apontou pra mim. — gizelly, esse é o... luiz. — apontou pra ele

— muito prazer gizelly, a marcela me falou muito bem de você. – disse o rapaz.

por sinal, ele era muito feio. não sei o que marcela viu nesse homem, ele parece um bode.

— prazer luiz – forcei um sorriso. — marcela também me falou muito bem de você.

a noite foi rolando, e eu observava o sujeito tempo inteiro. sinceramente? ele é muito, muito, muito estranho. e dessa vez não é ciúme, eu juro. ele olhava pro apartamento inteiro, fazia várias perguntas mega esquisitas e se elogiou a marcela duas vezes foi muito. ele não estava flertando com ela e nem sequer mostrando interesse... marcela era doida de chamar esse cara pra cá com apenas nós duas em casa. quando ele finalmente foi embora, respirei aliviada.

— e ai, o que achou dele? – perguntou minha amiga assim que fechou a porta

— achei estranho – falei sem rodeios

ela revirou os olhos

— você já teve curiosidade em saber onde esse cara conseguiu seu telefone? – perguntei — eu me lembro que você disse que não sabia onde ele tinha conseguido

— não, nunca perguntei. deve ter sido com algum amigo meu.

— se eu fosse você eu procurava saber. –  disse levantando do sofá.

— onde você vai?

— vou dormir, loirinha. tô com muita dor de cabeça

— não vai dormir comigo hoje? – perguntou confusa

— não, hoje não.

entrei no quarto já 100% pronta para desabafar com a manu sobre o meu dia cheio de erros... mas assim que abri o WhatsApp vi uma mensagem dela dizendo que ficaria off até amanhã. suspirei. me restava apenas o meu diário. abri minha bolsa e peguei o coitadinho, que com certeza já estava de saco cheio de mim, e comecei a escrever.


querido diário,

hoje foi um péssimo dia. você ainda se lembra da marcela, né? a minha amiga pela qual sou apaixonada. enfim, ela quase me beijou nessa madrugada. sim, eu sei, era pra eu estar feliz... mas como eu disse, foi somente QUASE. ela me recusou, achou que eu não estava sóbria o suficiente pra saber o que eu queria. ela deveria saber que meu lado mais sincero vem quando estou bêbada... bom, mas já superei esse quase beijo. o pior mesmo veio depois, quando ela chamou o peguete feio dela pra vir aqui. o cara é esquisito ao quadrado e não sabe conversar. o que ele tem de tão bom pra ela se sentir atraída? eu realmente queria conseguir entender. também queria conseguir entender como amo ela mais a cada dia. é sério. não importa o que ela faça, todo dia a amo mais um pouco. e é difícil, sabe? é difícil viver com isso. é difícil não conseguir contar a ninguém por medo. sou insegura e jamais vou contar, se ela não perceber, vou morrer sentindo isso calada.

ué gizelly, você não ia dormir? – disse marcela entrando no quarto de repente.

dei um sobressalto pelo susto, deixando o diário cair aberto no chão. exatamente em cima dos pés dela. merda, esqueci de trancar a porta...

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