Promessas quebradas, mas a luz no fim

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 Ele chorou por dias, não queria ir embora, não queria deixar o mais novo para trás, mas ele foi arrastado e ele odiou. Ele chorou por meses até ser obrigado a aceitar. Era o inferno.

 E então aconteceu, o irmão adotado mais velho invadia seu quarto e o destruía mentalmente embora seu corpo apresentasse sinais mínimos. O outro sabia muito bem o que fazia. Quando o monstro terminava, ele chorava e chamava o melhor amigo na escuridão, mas sabia que havia oceanos entre eles, sabia que jamais o veria de novo.

  E ele sofreu, por longos e longos anos até se ver livre daquele mundo violento, mas ele já não era mais o mesmo, era um monstro também e o ódio ardia em seu coração até ver os olhos de Lay e tudo mudar em sua vida. Tudo.

  Os irmãos Kasarov não eram humanos e o queriam por ser a alma que dividiam, não o corpo que tinha. Não era sobre sexo, era sobre amor... Mas ele já não era capaz de amar, sabia disso, só havia uma pequena parte de si intacta e aquela tinha dono. Jongup, seu amigo perdido e distante. A única coisa boa em seu mundo de dor e angustia.

  Então os lobos vieram e tudo virou caos, ele não seria capaz de fazer aquilo sozinho, ele não tinha emocional, nem era quem os consortes precisavam. Tentou suicídio, mas era fraco até para isso...

  Destruído e com corações demais nas mãos para dar conta, só havia uma chance, uma escolha.

  A poção, a perda de memórias, o esquecimento.

  Ele precisava morrer e seu eu verdadeiro assumir o controle, aquele Min que sorria suave ao cair da neve, ao correr com Up pelo pátio em ruínas, aquele velho Minseok inocente e amável.

  Ele bebeu a bebida mortal, ele planejou e por fim dormiu...

  Era para ser para sempre, ele ali na escuridão, como um espectador passivo do Minseok que teria sido se não fosse os monstros em seu armário, contudo a única pessoa que jamais pensou, a única que fazia ele, ele com todos os seus pesadelos, sombras e monstros despertar como se voltasse de um mergulho profundo estava diante de si, vivo, salvo, belo e real... 

  A saudade o fez prostrado, desperto, em choque e desesperado para abraçar aquele único ser vivo que esteve em todos os seus sonhos mais profundos, o sorriso largo envolto de neve, os olhos brilhantes agora com um leve brilho vermelho característico de transformados. Seu único amigo, seu irmão, seu pequeno Jongie agora homem, adulto e bem cuidado.

  Era um milagre de natal? Um milagre para seu eu atormentado e dormente, seu eu tão cruel e egoísta? Justo agora que ele estava à beira de desaparecer?

  E então ele sentiu suas emoções violentas e intensas fraquejar a mente suave de Minseok e antes que o seu eu doce caísse na escuridão, ele lançou mais um olhar para o vampiro esperando que ele entendesse um dia suas decisões, ele não podia voltar para lhe dizer que jamais esqueceu um só momento de tudo o que viveu com o outro, nada, tudo estava ali em sua alma gravado a fogo, mas ele não podia voltar, porque voltar seria uma maldição para todos, ele tinha que ficar na escuridão. Ele tinha que ser apenas os ínfimos lapsos de lembranças inúteis da mente de Minseok e nada mais.

  Olhou o máximo que pode para Up e então se deixou levar para o nada mais uma vez.

 Ele tinha feito a escolha, mas nunca doeu tanto como naqueles pequenos instantes em que o dono de todas as suas boas lembranças retornou e o olhou encantado o chamando daquela forma doce e que tanto amava, o chamando de Minie.

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