Meus Donos

ESPECIAL - Nossos donos, um só passado

 Jongup olhou a mansão gótica e se encolheu um pouco nos braços de Himchan dentro do carro que viajavam há dois dias. Estavam nas montanhas norte da Bulgária, lar de Lorde Kasarov, e que descobriu a pouco tempo ser o chefe dos seus consortes.

  Sentia falta do calor gostoso da sua ilha, mas estava feliz por finalmente seus alfas deixarem ele e Zelo ir com eles em uma de suas viagens.  Estava cansado de ficar sem eles por longos dias e as vezes semanas, sabia agora que seus homens caçavam excluídos, deixavam o mundo mais seguro para humanos e outros noturnos. Seus consortes eram Norais, guerreiros treinados do rei que o serviam pelas sombras, disfarçados entre civis, limpando o mundo dos caras maus.

  Up gostava disso. Mas não gostava muito da aparência do lugar... Era tão sinistro...

— Tem certeza que esse lorde tem um humano na casa? E lobos, parece mesmo impossível...

 Zelo disse com o mesmo olhar que o seu.

 Chan que estava entre eles sorriu tocando o pescoço de Zelo e sua coleira grossa, agora dourada.

— Sim, Minseok é um humano e vocês dois gostarão dele, aliás não se deixem enganar pela aparência, esse lugar um dia foi frio, mas nosso lorde mudou muito depois de casado.

— É, ele até mantém cachorros em casa.

   A voz de Guk soou divertida e Up arregalou os olhos. Sabia que era brincadeira, mas seu alfa era mesmo muito selvagem. O lorde era chefe deles, mas eles o tratavam como amigo?

— Meu alfa, não deveria dizer isso. Esses lobos são lycans do rei deles...

— Não se preocupe amor, vai ver como esses cachorros são calminhos com o lorde.  Eles são uma família agora, ainda acho estranho, mas Luhan é um Norai de escolha, desde ano passado. E o lobo é bom, tenho que admitir – Guk dirigia atento entre a neve e quando estacionou na lateral da mansão, se voltou para ele suave enquanto Jae lhe estendia as luvas — Fico feliz que está junto de nós esse ano amor, muito feliz. Então seu dever é apenas se divertir e relaxar, entendeu? E não se sinta assustado, o humano está marcado, ele não vai te despertar para sede, vai ficar tudo bem.

  Up assentiu confiante, se Guk confiava nele ele também confiaria.

  Desde transformado não saiu da ilha, tinha escolhido viver como Zelo e Dae, bebia de animais e se sentia feliz assim. Mas ainda tinha medo de que um dia a sede que o acometeu da primeira vez, voltasse a consumi-lo, se tinha algo que ele tinha medo na vida ainda e era um traço do seu eu humano, era machucar uma pessoa.

— Vai ficar tudo bem Up – E Zelo trançou seus dedos nos dele com um sorriso suave — Você é um amor, não vai assustar o humano deles. Confie em mim.

— Minseok é um humano de lordes e Norais e lobos, não creio nem que uma bruxa vá assustar o mortal.

  Jae falou rindo e saiu do carro, Up assentiu para si mesmo.

  Muito bem, se seus consortes diziam, ele confiava. Aliás estavam ali porque o Lorde deles os chamou, praticamente convocou todos para aquele fim de semana na mansão. Guk dizia que Lorde Kasarov pretendia traçar outra rota de caça para eles, enquanto Himchan acreditava que o chefe deles tinha algo do rei que não podia passar de outra forma a não ser pessoalmente, de toda forma diziam que era seguro dessa vez Up e Zelo acompanhá-los e por isso estavam ali, com eles, mesmo que indiretamente à trabalho.

  Up ergueu os olhos para o céu escuro e a provável neve que em breve cairia, achava linda a neve e ainda mais agora que ela não congelava seus ossos. Amava sua ilha, mas lá não havia neve como ali, no continente.

— Dae já está aí, mozão?

  Zelo foi abraçado por Jae que o beijou suave antes de assentir.

— Sim meu amor, ele está, vamos?

  Chan veio para si e o abraçou antes de levá-lo em direção a porta. Up se sentia meio tenso mesmo confiando que tudo iria ficar bem e foi então que Guk parou a sua frente, tocou em sua coleira nova – Up tinha ganhado ela no último Beltane e se sentia ainda mais amado por isso, o nome dos seus quatros alfas estavam ali, na parte de dentro e de Zelo do lado de fora, com o tempo eles descobriram que Up também era um ômega, segundo ômega e ele amava seu lugar entre seus consortes, agora – E lhe sorriu suave:

— Quem são seus donos, Jongup?

— Vocês Guk, meus quatro alfas.

— E se eu lhe der uma ordem, o que você faz?

— Obedeço.

— Então eu ordeno que relaxe e se acalme. Vai me obedecer?

  Up assentiu e respondeu sério.

— Sim, meu alfa.

— Ótimo.

 Ele recebeu um beijinho em seu nariz e o alfa se afastou assim que a porta se abriu e Up pode ver o humano pequeno e fofo pela primeira vez.

  Seus olhos dobraram de tamanho e ele mal acreditou em quem estava diante dele! Não podia ser....Não era possível!?

— M-minie? Minie é você?

  E então o humano arregalou os olhos e tonteou se escorando na porta.

  Up estendeu a mão e depois se encolheu quando um lobo surgiu ali com olhar assassino.

— Quem diabos é você!?

— Cuidado como fala com meu ômega, lycan!

  Guk vociferou o colocando atrás de si enquanto o lobo rosnava, mas para Up tudo o que importava era o olhar do amigo de infância que desapareceu um dia do nada, e nunca mais retornou. Seu amigo Minnie e único que não o encarava com ódio naquele orfanato cruel. Ele perguntou desesperado pelo mais velho e soube que ele tinha sido adotado por um casal do outro lado do mundo que adotava várias crianças miseráveis.

  Minie tinha ido embora e Up tinha ficado ali, sozinho, até ser expulso do orfanato e ter que se virar por conta própria. Contudo reconheceria os olhos do antigo amigo em qualquer lugar, Minseok era único.

  Então o humano o encarou e ele viu o reconhecimento ali, mas era algo tênue e que se foi tão rápido quanto surgiu. O que tinha acontecido com ele?

— Jongie? É você?

  Up ofegou e assentiu frenético.

— Sou eu Minie, sou eu...

— Você conhece o vampiro, paixão?

 O lobo perguntou confuso e seu amigo sorriu suave antes de assentir, depois arregalou os olhos!

— Lu! Eu fui adotado! Aquela... Aqueles monstros não eram minha família... Meus deuses!

  E então Minie levou a mão até o rosto e tonteou caindo sobre o lobo.

  Up viu o humano desmaiando e quis chorar.

  O que tinha acontecido com ele?