Meio de dezembro:
O frio em Washington estava terrível. A neve tomava conta das ruas e o aquecedor era o melhor amigo de todos os moradores. Cecilia gostava dessa época do ano; a experiencia em geral é bem diferente daquilo que ela estava acostumada a enfrentar em Minas Gerais, onde o verão e o calor dominavam quase que o ano todo. Quando mandava fotos e videos pra sua mãe mostrando a neve branca que tapava o dia e deixava tudo muito claro, a mulher ficava muito surpresa e quase não acreditava.
Era difícil pra mulher mais velha acreditar que a filha estivesse num lugar tão lindo e cheio de oportunidades, ainda mais quando nem ela, nem seu marido tiveram 1/3 da oportunidade que a filha estava tendo.
Hoje as aulas acabavam e a maioria dos amigos da mineira estariam voltando pra casa, Ana Clara, em especial, estava voltando pro Rio de Janeiro e Cecilia, mais uma vez, ficaria por ali.
-Você tem certeza que vai passar mais um ano aqui? Vai ser o terceiro seguido, Ceci!
Ana tentava convencer a amiga a investir as economias numa passagem pro Brasil. Até mesmo ofereceu dar metade do valor de presente pra Ceci na esperança de que ela fosse visitar os pais. Já faziam 2 anos e meio que Cecilia não via a familia pessoalmente. E o pior, mais uma vez ela passaria o natal e ano novo sozinha, quer dizer, com um amigo ou outro, mas sozinha no fim das contas.
-Aninha, relaxa! Eu vou ficar ótima aqui, eu já tô até acostumada. Meus pais até me apoiam, morrem de saudade mas tem certeza que vai valer a pena.
A carioca sorriu triste envolvendo a mineira num abraço. Não queria a deixar sozinha, principalmente depois do semestre um pouco turbulento que a menina mais velha teve; todas aquelas descobertas sobre seus sentimentos e o fora meio acobertado que Luana deu.
Quase cogitou ficar e passar a virada com Cecilia, mas sua mãe Isabella quase enlouqueceu e disse que precisava ver a filha urgentemente. Sua outra mãe, Bruna, começou a questionar o interessa da filha por Ceci, e aí Ana Clara decidiu voltar; conhecia bem sua mãe e tinha certeza que ela faria uma festa pra comemorar um possível relacionamento entre ela e Cecilia.
-Olha, eu vou, mas qualquer coisa você me liga, tá? Fica bem!
-Eu vou! Boa viagem e manda um beijo pra suas mães e pro seu irmão.
A mineira se sentia praticamente sozinha no prédio, parecia que todo mundo tinha ido embora, mas de certa forma não era de todo ruim.
Como já tinha dito a Ana Clara, ela estava acostumada a passar essa época do ano meio sozinha. Fazia um almoço e jantar legal pra véspera de natal, falava com os pais por FaceTime, alguns amigos da época de escola também ligavam. Ceci também acolhia o dia frio no Natal e aproveitava pra assistir alguns filmes e assar alguns cookies, coisa bem de americano mesmo. Ficava debaixo das cobertas quase que o dia todo.
Na virada do ano ela tentava fazer algo mais animado e normalmente dava certo. Jacob, um de seus amigos mais próximos, sabia de várias festas na virada, então Cecilia sempre o acompanhava, juntamente de outras pessoas, em um bar ou algo assim. Beijava alguém qualquer a meia noite, aproveitava a festa até o fim, e depois chegava em casa mais bêbada que nunca. O primeiro dia do ano era recheado de ressaca, mas tudo ficava bem.
Dessa vez o coração de Cecilia parecia querer algo mais intimo, quase romântico. Quando pensava na noite da véspera do natal ela quase conseguia visualizar alguém sentada no sofá mexendo nos canais de TV enquanto ela terminava o almoço. Podia imaginar também, no dia 25 de Dezembro, uma troca de presentes a dois, e depois vários beijos sem nem prestar atenção no filme. No dia da virada ela poderia sair pro bar com Jacob, mas queria alguém pra entrelaçar as mãos e beijar não só na hora da virada, mas no resto da noite também. Queria passar o dia primeiro de janeiro sem ressaca e com alguém abraçada dela.
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SORTE ||| Romance Lésbico
RomansaA sorte de encontrar a pessoa errada no momento certo.