《2》

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Dias atuais

Ter uma filha em casa era sinônimo de medo e Jeremy tinha duas. Vivia numa cidade governada por seres sobrenaturais e os temiam mais que tudo. Na cidade tinha uma lei que cada menina quando chegava a idade de 17 anos, era levada para um baile no Castelo. Lá ou elas serviriam para cozinha e limpar o chão ou como objeto sexual nas mãos dos nobres.

Arianne já tinha sido levada há 4 anos e para a felicidade de Jeremy, ela apenas ficou responsável pela lavanderia do Castelo Neville. Mal sabia Jeremy que não era isso que Arianne queria.

Hoje, Veronica completa 17 anos e o coração de Jeremy estava apertado. Era apenas os dois dentro da casa pois Jasper foi convocado para servir os nobres junto ao exército que os protegiam. Encostado no batente. Lembrara de quando sua amada o fez prometer que não iria abandoná-los nunca, mas ele falhara. Falhou com Jasper, falhou com Arianne e agora falhara com Veronica. E isso o machucava muito.

— Pai, o senhor quer que eu sirva o almoço agora? - Dizia Veronica tirando seu pai dos pensamentos.

— Sirva! E rápido pois estou com fome. - Respondeu meio ríspido.

Jeremy não tinha gestos doces com Veronica pois sempre lembrava que por causa dela perdeu sua amada. A jovem serviu seu pai e se serviu em silêncio pois era assim que o pai queria que ela ficasse perto dele. Ela se retirou após terminar sua refeição e se dirigi ao seu quarto. Hoje ninguém a parabenizou, mas não sentiu falta disso. Sentiu falta da sua mãe.

Apertou o lindo pingente pendurado no seu pescoço desejando que aquele dia acabasse logo. Mas ela sabia que não acabaria tão cedo. Sabia da lei da cidade e também sabia que logo alguém apareceria para levá-la embora. Chorou agarrada ao travesseiro sentindo falta de um carinho materno. Logo ouve alguém bater na porta.

— Entre. - Permitiu enxugando vestígios de lágrimas em seu rosto.

Logo vê seu pai entrando no seu quarto e sentando-se numa cadeira velha que tinha perto da cama.

— Você sabe o que acontece amanhã, não sabe? - Pergunta Jeremy já aflito pela conversa. Veronica apenas afirma com a cabeça. — Hoje a noite você vai sair dessa cidade. Deixei um cavalo atrás de casa pra você poder ir embora.

— Por que fugir, pai? - Pergunta Veronica inocente por não saber que também poderia ser usada de maneira cruel por aquelas aberrações. Para ela, as moças eram apenas levadas para servirem de empregadas. Mas todos sabiam que não era essa a verdade.

— Não questione seu pai, Veronica. Você irá para Morali morar com sua tia. Em breve me juntarei a vocês... - Ordena Jeremy, mas mentia pois todos sabiam que ele tinha uma filha que logo ia ser mandada para o Castelo e ao deixá-la ir embora poderia ser morto ou sentenciado a anos de prisão. Mas era isso ou nada.

Veronica foi para Morali quando tinha 11 anos passar um final de semana lá. Lembrava do caminho, mas não queria deixar sua família nem sua cidade para trás.

— Saia quando as ruas estiverem calmas e não se despeça de mim. Apenas vá. - Jeremy disse com o coração pesando.

Ele tinha quase certeza que se Veronica ficasse seria destinada a outros tipos de afazeres. Veronica era realmente muito bonita. Ruiva, olhos verdes e do corpo curvilíneo. Já era difícil afugentar os rapazes que a queriam toma-lá como sua, imagina com a realeza pondo os olhos e as mãos nela? Jeremy tremia em pensar nessa hipótese. Saiu do quarto da filha com lágrimas prontas a descerem pelo seu rosto.

Veronica de tanto chorar adormeceu, acordando por volta das 17hs. Levantou-se rapidamente e correu para aprontar a janta de seu pai. Após tudo feito, pôs a mesa chamou seu pai que logo veio e sentou-se.

— Não ficarei à mesa pois estou cansada. Vou me recolher. - Veronica iria dizer "até amanhã", mas recuou pois não sabia se estaria ali amanhã. — Até breve, pai. Te amo mais que tudo. - Deu um beijo repentino em sua testa e se retirou antes de ouvir uma bronca.

Mal sabia ela que não receberia bronca nenhuma. Jeremy engoliu seu assado juntamente com o choro. Mas se manteve forte. Preferia vê-la longe, mas que estivesse à salvo.

Veronica tomou um banho e arrumou algumas coisas dentro de uma bolsa de pano. Colocou uma garrafa de água, um lençol fino para se caso ela precisasse dormir pelo caminho e uma fotografia muito antiga da sua mãe. Realmente as semelhanças eram bem notáveis. Prendeu seus longos cabelos ondulados com uma fita e sentou-se na frente do espelho perguntando a Deus por qual motivo teria que ir embora assim, as pressas.

Passado-se algumas horas, Veronica olhou pela janela e viu que todos já dormiam. Menos Jeremy, que ficou olhando pela fresta para ver a filha pela última vez antes de ir embora. Colocou sua bolsa por cima do ombro e saiu de casa. Olhou pela última vez a casa onde cresceu e deixou que uma lágrima escapasse. Saiu cavalgando antes que alguém ouvisse e visse indo embora.

Agora Jeremy se permitia chorar olhando pela janela sua pequena e tão corajosa filha indo embora. Veronica corria com o cavalo entre as ruas em direção a floresta que seria por onde ela passaria pela divisão da cidade.

Um vizinho de Jeremy viu quando Veronica saiu à cavalo e como tinha perdido uma filha para as aberrações, não queria aceitar que Jeremy não perdesse também. Saiu na calada da noite e foi entrela-lo a guarda real. Logo soldados puseram a marchar e a calvagar a procura de Veronica que já estava quase na divisão. Jeremy não sabia que seu plano foi descoberto, mas dormia pois logo amanheceria e ele iria voltar a realidade. Acorda sobressaltado com o estrondo da porta sendo derrubada. Quatro homens entraram em seu quarto o puxando pelo braço.

— Senhor Jeremy White? - Pergunta um dos homens e Jeremy apenas balança a cabeça afirmando. — Preso por ir contra a lei da cidade.

Logo o alteraram e o levaram para a cadeia da cidade, Jeremy estava arrasado pois sabia que agora mais do que nunca não protegeria sua filha das aberrações.
Veronica estava com o coração acelerado pela calvagada e pela sensação de estar sendo seguida. De repente o cavalo freia bruscamente e a ruiva cai batendo com a cabeça no chão. Ela coloca a mão na cabeça e verifica se está sangrando, de fato está. Geme baixinho pela dor e tenta se levantar, mas logo sente mãos segurando seus braços.

— Me soltem! - Ela gritava tentando se soltar. Mas eles estavam a segurando muito forte.

— Tentando fugir, não é? - Diz um dos homens colocando Veronica em cima do cavalo.

Ela se debatia gritando por socorro, mas logo recebeu um soco no rosto a fazendo desmaiar.


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