《4》

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"Narrado por Veronica"

Senti meu corpo queimar com o olhar deles. Logo tratei de abaixar a cabeça. Comecei a ouvir alguém pronunciando-se em um palco improvisado.

— Hoje é um evento muito esperando pela realeza e pelo povo de Colinia. - Disse a mulher que me indicou a mesa. — Agora vamos dar início ao baile de apresentação. ‐ Ela anuncia e logo ouve-se uma salva de palmas.

Vi que cada moça levantou-se e ficou em frente de sua mesa com a cabeça baixa. Repeti o mesmo gesto e fiquei aguardando. Logo sinto uma mão tocar a minha e erguê-la, a outra está em minha cintura. Começamos uma dança bem lenta e suave. Estávamos com os rostos um pouco colados e eu podia sentir o cheiro inebriante do seu perfume

— Vai ficar calada, número 8. - Ele diz próximo ao meu ouvido me fazendo arrepiar da cabeça aos pés. — Ficou arrepiada apenas por ouvir minha voz? - Ele sorri. —  Qual o seu nome?

— Veronica, Alteza. - Sussurro.

— Eu sou o príncipe Filipi. Mas não precisa desmaiar pois estou sentindo suas pernas bambas só por ouvir minha voz. - Ele sorri novamente e eu sorrio junto. — Olhe para mim!

Ele me solta e eu o encaro. Me perco no fundo de seus olhos que mais parecia o céu. Ele tão perto assim é extremamente lindo. Alto, moreno, com uma barba por fazer, o corpo em perfeita ordem e os dentes totalmente alinhados. Como eu sei disso? Ele está rindo agora. Abaixo minha cabeça envergonhada pois acho que ele deve estar rindo da minha cara de boba.

— Você é realmente muito linda. - Ele toca em meu queixo suavemente e levanta minha cabeça. — Tenho que ir para a próxima. Até breve.

Ele me solta e logo sinto outra mão segurar minha cintura. Dessa vez eu olhei antes de enconstar meu rosto ao dele e era o outro príncipe. Me apoiei ao seu corpo e começamos a dançar.

— Você é muito intrigante. número 8... - Ele diz, mas ao invés de arrepio eu sinto um tremor pelo corpo. — Eu sou o príncipe Ravi, prazer em conhecê-la. Agora me diga seu nome. - Ele me roda indo mais ao centro do salão.

— Veronica, Alteza. - Falo baixo.

— Vejo que é tímida. Isso me interessa. De todas, até agora você é a mais interessante. - Ele me inclina para trás e logo me gira.

No meio da dança, ele me solta e vai para outra moça. Sinto uma outra mão puxando minha cintura e ao ver quem era, notei que era o homem que estava no trono ao lado da que eu presumi ser sua mulher. Era o rei.

— Faltava apenas dançar com a mais misteriosa e linda das moças desse salão. - Ele ri e me aperta contra seu corpo. — Uma pena eu não poder mais escolher uma dama pra mim. Se fosse a mim permitido, você seria a minha escolha. - Ele passa a língua na ponta da minha orelha e eu tive vontade de correr, mas eu estava perante o rei e temo por algo. - Eu sou o pai dos felizardos que vão escolher suas damas hoje.

— O rei de Colinia... - Sussurrei.

— Sim, sou o rei. - Nesse momento a música acabou e eu o reverencio. — Foi bom dançar com você.

Todas as moças voltaram para suas mesas pois agora cada príncipe falaria por 5 minutos com cada uma e logo escolheria suas damas. Agradeci ao céus por ser a última pois daria tempo de pensar no que falar. Beberiquei a água que estava sobre a mesa e pensei no meu pai. Como será que ele está agora?

Comecei a pensar na saudade que eu estava dos meu irmãos. O Jasper nos visitava de 3 em 3 meses. E a Arianne sempre que dava ia nos ver. Agora que meu pai está sozinho, quem vai lhe preparar o café? Quem vai engraxar suas botas? Quem vai lavar e dobrar suas roupas? Quando me dei conta, lágrimas já escorriam por meus olhos. Escuto uma voz.

— Por que choras, Veronica? - Pergunta uma voz já conhecida e ao erguer o olhar, vejo que era o príncipe Filipi.

— Por nada, Alteza. - Enxuguei as lágrimas que escorriam por minhas bochechas.

— Te fiz uma pergunta,Veronica. Apenas responda-me com a verdade. - Ele ordena com a voz firme fazendo-me ficar amedrontada.

— Saudade da minha família, Alteza. Perdão por aborrece-lo. - falei abaixando a cabeça.

— E cadê seus familiares? - Ele parecia interessado no motivo das minhas lágrimas.

— Minha irmã trabalha na torre do rei e meu irmão serve ao seu exército. Mas eu não sei como está meu pai, Alteza... - Sinto as lágrimas quererem voltar, mas eu as seguro.

— Posso imaginar onde seu pai está agora, mas vamos logo ao assunto antes que acabe o tempo. Você é pura. Veronica? - Ele me olha profundamente, bem dentro de meus olhos.

— Sim, Alteza. Homem algum me tocou.

— Ja ficou doente alguma vez? Ou lecionou alguma parte do corpo?

— Minha saúde está em perfeito estado, Alteza. Nunca me feri gravemente. - Falei lembrando da batida que levei na cabeça, mas achei algo sem importância. E por sorte não ficou com cicatriz.

— Tudo certo, Veronica. - Ele se retira e logo vem o seu irmão.

Ele me causa um tremor no corpo, é diferente do arrepio que sinto pelo príncipe Filipi.

— Olá, Veronica. - Ele sorri e reparo que ele é tão lindo quanto o seu irmão. Apenas curvo minha cabeça. — Não fique calada. Fale-me de você.

— O quê deseja saber de mim, Alteza?

— Tem medo de vampiros? - Ao dizer isso ele mostra suas presas e eu solto um grito assustada. — Não grite! Eu já não tenho uma reputação muito boa. - Ele sorri. — E então, tem medo?

— Vo... Você é... - Comeco a gaguejar e ele solta uma gargalhada.

— Sim, sou um vampiro e se tudo correr bem, serei seu dono. ‐ Ele me lança um sorriso intimidador e se levanta da mesa me deixando à beira de um desmaio.

Eu estava tremendo muito e minha mente só se concentrava em associar tudo que eu ouvi.

"Então quer dizer que eles nos escolhem para serem nossos donos e fazerem o que quiserem conosco. E aquelas que são rejeitadas vão fazer outras funções...", penso abismada.

— Meu Deus... - Falei pondo a mão na boca. — Só agora eu entendi...

Nesse momento aquela mulher volta para o palco e começa a falar novamente.

— Os príncipes já fizerem as suas escolhas e vão buscar as suas 3 damas. As que não forem escolhidas serão levadas para seus quartos e servirão para serviços no Castelo. - Ao dizer isso o clima ficou tenso. — Boa sorte!

Todas voltamos a ficar de pé na frente de nossas mesas esperando o toque do príncipe. Elas esperavam por isso... Eu não! Preferia lavar chão, banheiro, roupa, cozinhar... Mantive meus pensamentos positivos acreditando que não seria escolhida por nenhum deles. Mas algo dentro de mim já sabia a verdade.


Será que ela é escolhida mesmo? E por quem?

A mercê da realeza Onde histórias criam vida. Descubra agora