《6》

267 12 4
                                    

— E como foi sua primeira noite com o príncipe Filipi? - Pergunta Laura me tirando do meus devaneios.

— Ele não tocou em mim.

Nesse momento Joana solta uma panela no chão me assustando e olha Laura um pouco espantada.

— Ele não tocou em você? - Ela se aproxima de mim ao perguntar.

Neguei com a cabeça e ela continuou a ficar espatanda.

— Nunca aconteceu isso. Ele sempre dormiu com suas escolhidas e por que com você ele não dormiu, menina? - Ela senta perto de mim.

— Eu me neguei a qualquer coisa. Me pus a chorar e ele saiu do quarto.

Nesse momento, Laura retorna rapidamente a cortar seus legumes e Joana a mexer suas panelas me deixando confusa por não saber o porquê desses atos rápidos.

— Veronica? - Ouço alguém chamar-me atrás de mim e ao virar-se vejo que é o príncipe Filipi.

— Sim, Alteza? - Digo curvando um pouco o corpo com a cabeça baixa já temendo o pior.

— Volte pro quarto. Preciso falar com você agora. ‐ Ele pede e logo saio em direção ao meu quarto sentindo ele vindo atrás de mim.

Abro a porta e a deixo aberta para que ele entre. Fico de costas para a porta e logo ouço ela sendo fechada com força me fazendo tomar um susto. Controlo minha respiração que nesse momento está desregulada.

— Por que saiu sem minha permissão ontem, Veronica? - Ele diz com a voz forte fazendo meu corpo começar a tremer. Tentei falar, mas parecia que minha garganta tinha fechado. — Te fiz uma pergunta e quero ser respondido, Veronica! - Ele ordena.

— Eu... Eu... - Gaguejo e ele logo me interrompe.

— Está com medo do seu dono, Veronica? - Ele pergunta muito perto do meu ouvido e eu apenas afirmo com a cabeça. — Mas você ainda não respondeu por que saiu do quarto sem minha autorização.

— Minha cabeça doía muito e eu saí na esperança de achar algo que fizesse a dor passar... Perdão, Alteza! - Falei deixando umas lágrimas escaparem.

Ele segura nos meus braços e me faz olhá-lo fixamente nos olhos. Assim tão perto nem parece o mostro que é. Nesse momento ele beija meu lábios de maneira tão carinhosa e eu sem querer acabo retribuindo. Eu Já estava com as mãos em seu rosto quando lembrei da menina que foi morta. Acabei me soltando dele que já me olhou raivoso.

— Por que fizeste isso, Veronica? - Ele grita parecendo que iria me matar.

— Por favor... - Digo já ao prantos. — Não me mate. - Fecho os olhos e coloco as mãos em sinal de defesa.

Logo sinto os braços dele me suspendendo e me pondo na cama.

— Por que eu a mataria? - Ele olha dentro dos meus olhos e eu não escondo o medo que sinto dele.

— Você matou uma de suas mulheres. Por que não me mataria também? Seria eu mais merecedora do fôlego de vida do que ela? - Digo em um impulso já me arrependendo de tão grande ousadia.

— Você está muito ousada, Veronica. Tirando conclusões precipitadas sem nem me perguntar as coisas... - Ele parece inquieto. — Eu sou seu dono. Se eu decidir poupar sua vida, assim será. E se eu decidir tira-lá... - Ele chega bem perto do meu rosto. — Eu tiro. Agora fique aqui até amanhã de manhã se água e nem comida. E se não se comportar, ficará mais tempo.

Ele sai trancando a porta e me deixando sozinha. Eu não como faz um bom tempo e os pedaços de bolo que coloquei na boca eu cospi tudo no chão por ter engasgado. O que será de mim agora? A água que é usada para higiene de corpo contém uma substância que não é muito aconselhável ingerir. Se não fosse por isso, beberia a água da torneira. Acho que nem serve para molhar os lábios.

Deitei na cama agarrada ao travesseiro e chorei. Era apenas o que eu podia fazer. Nunca fui instigada a debater o que me dizem , mas esse foi um péssimo momento pra fazer isso. Eu estou tão fraca e tão vulnerável. Meus lábios estavam rachados começando a sangrar. Nem saliva eu tenho para umedecer meus lábios. Que situação! Mesmo eu sendo ingênua, eu sabia que não poderia ficar tratando meu "dono" dessa forma. Ele iria ficar me castigando cada vez mais e de formas mais impiedosas.

Olhei pela janela e o sol já estava se pondo. Eu tinha que fazer alguma coisa para sair dali. Tive uma ideia meio louca, mas era a única coisa que eu poderia fazer. Fui ao banheiro e encontrei uma lâmina usada para higiene íntima. Vi que estava afiada e voltei ao quarto. Eu estava mal andando e quando andava era me apoiando nas paredes. Me posicionei perto da porta, peguei a lâmina e passei pelo pulso fazendo assim meu sangue pingar no chão. Se aqueles monstros se alimentam de sangue, eu preciso atrair um deles até aqui. No terceiro pingo que caiu no chão, ouço a porta sendo aberta e vejo que era o Filipi.

— O quê você está fazendo? - Ele pergunta com os olhos numa tonalidade amarela.

— Perdão... - Ao dizer isso, fraquejei e logo fui segurada por ele, mas apaguei logo em seguida.

Acordei abrindo vagarosamente os olhos pois minha cabeça doía muito. Logo vi Laura sentada ao meu lado.

— Você está bem, menina? - Ela pergunta se aproximando mais. Apenas afirmei com a cabeça. — O príncipe Filipi pediu para que eu cuidasse de você. Já mandei preparar uma sopa pra você e aqui do lado tem água.

— Me dê um pouco dessa água. - Pedi esticando a mão e ela logo pôs o copo em minha mão. Tomei toda a água do copo e ainda pedi mais. Estava muito sedenta. — Cadê o príncipe Filipi?

— Ele apenas me chamou, pediu para cuidar do seu ferimento no pulso e te alimentar. Logo após saiu. - Diz Laura olhando para o meu pulso que estava com um curativo.

— Obrigada. - Sorrio fracamente e ela retribui e sai do quarto alegando ver se a sopa já estava pronta.

Vi que meu plano de atraí-lo deu certo, mas por que ele não se alimentou do meu sangue? Eu vi seus olhos mudarem de cor e vi sua expressão ao ver meu sangue. Mas nada ele fez comigo... Ainda não estou entendendo nada direito, mas irei agradecê-lo quando tiver oportunidade. Sei que fui maliciosa ao atrai-lo usando seu alimento principal, mas eu não posso morrer. Não agora! Eu tenho que cuidar do meu pai, eu tenho que ver meus irmãos... Eu tenho que viver!


Acham que ela foi corajosa? Ou insana?

Lembrando que é um mundo fictício ok? Pode envolver coisas do tempo antigo e poucas coisas do tempo atual.

A mercê da realeza Onde histórias criam vida. Descubra agora