17 anos atrás...
Uma agonia tomava conta de uma pequena casa onde uma mulher sofria com dores no parto. Suada, cansada com tanto esforço que fazia para dar vida ao seu pequeno fruto.
— Força, Victoria! - Gritava a parteira verificando a passagem para saber se a criança já coroava. — Mais um pouco, Victoria.
Victoria já tinha dado a luz a um menino e uma menina. Apenas rezava para que fosse outra menina. Seu marido, Jeremy, segurava em sua mão pedindo em seus pensamentos para que tudo corresse bem.
Victoria não podia mais ter filhos pois seus dois últimos partos quase tomaram seu fôlego de vida.— Força, meu amor. Vai ficar tudo bem. - Passava-lhe a mão limpando o suor que escorria da testa da sua esposa que puxava o ar e soltava compulsivamente.
Tinham deixado as crianças quietinhas em outro quarto ansiosas para a chegada de um novo membro. O mais velho, Jasper, abraçava sua irmã, Arianne, que chorava ao ouvir os gritos da mãe.
— Calma, Arianne, a mamãe já vai trazer o bebezinho pra gente ver. - Dizia Jasper que tinha apenas seis anos para a pequena de apenas quatro.
Enquanto isso no outro quarto o bebê já coroava. O rosto de Victoria se desfalecia a cada força que a mesma fazia. Mesmo cansada ao extremo, buscou força de onde não sabia e impulsionou o bebê para que saísse e viesse trazer alegria a essa família tão acolhedora. E assim ouviu-se os primeiros chorinhos de uma linda menina. Aparentemente saudável e forte. Mesmo sabendo que gerar uma menina naquela cidade era algo muito ruim, os pais da recém-nascida não se importaram. Era uma mistura de risos e choros sem fim. A menina, diferente dos outros filhos, nasceu ruiva como a mãe. Ainda não se via os olhos, mas presumiram que possuía a mesma cor também.
— Senhora Victoria... - Dizia a parteira parecendo aflita. — O sangue não quer estancar. A senhora está começando a ter uma hemorragia.
Nessa hora o olhar do pai que estava na filha, virou-se diretamente para a esposa que parecia não se importar com o que acabara de ouvir.
— Cumpri minha missão. Te dei as coisas mais lindas do mundo... - Dizia com muita dificuldade. — Cuide deles. Não os abandone por nada...
Nesse momento Jeremy entregou a criança nas mãos da parteira e segurou o rosto pálido da esposa.
— Não me deixe. Eu não saberei cuidar deles sozinho... - Seus olhos já estavam em lágrimas. — Não vai, Victoria... meu amor, não vai...
Ela apenas deu um sorriso singelo e retirou com lentidão o colar que estava em seu pescoço. Era feito de ouro com um pingente em forma de um trevo na cor verde.
— Deixa com ela. Coloca nela assim que... - Victoria tosse, mas retorna. — Assim que ela começar a entender as coisas...
— Victoria não faz isso comigo. - Diz Jeremy segurando com força o colar e se debulhando em lágrimas.
A parteira se afasta com a criança nas mãos tentando fazê-la dormir. E também para deixar eles se despedirem pois na situação que estava, a hemorragia não teria mais jeito. Hospitais ficavam muito longe e na maioria das vezes apenas a realeza tinham acesso.
— Veronica... - Sussurrou Victoria quase fechando os olhos. — Chame-a de Veronica. Eu amo vocês... - Diz fechando os olhos e pendendo a cabeça para o lado.
Era o fim!
Jeremy solta um grito inconformado pela perda assustando assim todos presente na casa. A pequena Veronica e sua irmã que estava em outro quarto se puseram a chorar. Enfim, até a parteira chorava a morte de Victoria. Jeremy deu um beijo nos lábios frios da sua esposa e cobriu a cabeça da mesma. Ele estava perdido, não sabia o que fazer. Ainda tinha o colar em suas mãos e apenas o guardou numa gaveta perto da cama.
— Senhor Jeremy, eu preciso ir embora. - Diz a parteira balançando a recém-nascida faminta e chorona.
— Dê ela a Jasper. Ela tirou Victoria de mim. - Bradou saindo ao encontro dos seus filhos no outro quarto.
— Papai cadê o bebezinho? - Perguntou Jasper, inocente dos fatos.
— Vá pegar ela com a parteira. - Aponta para a porta e o menino logo sai. — Princesinha, vem aqui. - Jeremy chama e Arianne logo abre os braços e corre para o pai. — Você está bem?. - A menininha apenas afirma com a cabeça.
Logo Jasper entra no quarto segurando meio desajeitado a bebê que agora dorme. Ele a coloca deitada no bercinho que já estava montado no quarto deles e fica lá olhando ela dormir.
— Filho, vem aqui. - Ordena severamente o pai e o filho logo chega perto ficando ao lado de Arianne. — A mamãe, depois que deu vida aquilo ali... ‐ Aponta o pai para a recém-nascida. — Foi pro céu virar um estrela. Agora ela está lá em cima olhando para nós e nos protegendo. - Ele abraça os dois filhos e segura as lágrimas que querem cair.
— A gente não vai ver ela, papai? - Diz Jasper curioso.
— Não do jeito que ela sempre foi. Agora ela é uma estrela lá no céu. - Ele aponta pela janela em direção ao céu e seus filhos ficam com um brilho intenso nos olhos.
Logo ele coloca os filhos na cama e as crianças adormecem. Chega perto do berço e olha sua filha que dorme calmamente. Teve medo de não saber cuidar dela direito, teve ódio por ela ter tirado a vida da sua amada... Era um misto de confusão que ele não entendia. Dali em diante ele teria que ser forte e cumprir o que sua amada o pediu no seu leito de morte.
— Ah Veronica... Você é tão parecida com a sua mãe... - Falou num sussurro para não acordar ninguém ali no quarto.
Saiu dali e foi cuidar de enterrar sua esposa antes que eles acordassem. Um enterro apenas tendo ele como família. Não queria deixar essa cena como lembrança de uma mãe para os filhos.
Despediu-se da sua esposa e voltou para casa pela madrugada lamentando a vida por ter sido tão injusta com ele.♡
Bem vindos (as) ❤
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A mercê da realeza
VampirosObra autorizada pela autora: LuuhStefane. Colinia é uma cidade pequena, mas com leis incomuns. Uma delas é que toda moça ao completar 17 anos é obrigada a comparecer ao grande baile no Castelo da Realeza onde será avaliada e possivelmente escolhida...