— Parece que está tudo bem, Sakura. — Shizune concluiu após uma bateria de exames, assinalando uma caderneta. — Como você se sente? — perguntou erguendo os olhos para avaliar sua feição, deixando de lado as anotações.
— Como alguém que quer voltar logo para casa. — resmungou grosseiramente, com as Íris esverdeadas presas a janela um pouco afastada da maca onde estava.
Naruto observou todas as etapas dos exames em silêncio, o que não era de seu feitio, no fundo ele procurava os traços de sua rosada naquela desconhecida.
— Eu imagino que sim. — Shizune sorriu tratando sua ignorância como irrelevante, e se levantou da cadeira giratória em que passara as últimas duas horas.
Shizune se virou para o loiro, localizado no vão da porta, que se sobressaltou á espera de alguma novidade. A mulher suspirou, mantendo o sorriso.
— Presumo que vá levá-la para o QG. — a morena supôs.
Naruto apenas assentiu dando um passo para dentro da sala com as mãos no bolso, não queria assustar a recém chegada. Shizune se levantou da cadeira e se curvou para ele, concertando a postura quase que imediatamente.
— Fora alguns arranhões, ela está saudável. Embora tenha dormido por um dia inteiro, graças á exaustão causada pelo jutsu. Acho que absorveu tanto o chakra do usuário quanto da vítima. — ela comentou analisando a rosada distraída, enquanto o Jinchūriki á imitava. — A semelhança é incrível, não acha? — murmurou admirada — Mas no fundo dá para sentir que essa... Não é ela. — comentou com um suspiro, Naruto julgou aquilo um lamento e sentiu uma fisgada de culpa descer pela garganta acompanhada de sua saliva.
Ele sabia o que Shizune queria dizer. A áurea daquela Sakura não era a mesma da garota que amou durante toda a infância. Era mais fria e apática, vista por cima.
Na época em que ele e Sakura foram vítimas do mesmo jutsu, ele ficou tão alucinado com o fato de ter sua família que não sentiu falta da rosada daquela dimensão. E agora que ele parou para pensar isso, julgou suspeito. Definitivamente, ele precisava saber tudo sobre a garota na maca. E, principalmente, o porquê de justo ela estar com o traje Ambu, á procura seu outro "eu". Quando transportados até aquela dimensão, "O Naruto" da mesma era um Jinchūriki perturbado que se chamava Menma.
O loiro achava que desde sua volta, tudo havia se tornado pacífico lá. Talvez ele estivesse errado. E ele precisava entender isso.
— Sakura, esse é o Naruto. Ele vai te levar até a Hokage. — Shizune fez questão de avisar, trazendo o loiro para mais perto. Naruto se encolheu e prendeu a respiração, assustado. Sakura deixou de contemplar a janela e o olhou de cima á baixo friamente, com uma sombrancelha arqueada, tratando-o como um inquilino. O Jinchūriki engoliu seco perante aquele olhar cortante como navalha.
Naruto suspirou e lhe estendeu a mão para que ela se apoiasse e descesse da maca. Sakura passeou as íris por todo o seu braço até a mão estendida e a empurrou bruscamente, recusando a ajuda.
— Eu consigo sozinha. — avisou descendo com um pequeno salto, ela se concentrou em firmar os próprios pés e os fincou no chão, lutando contra a gravidade. — Onde estão minhas roupas? — quis saber encarando Shizune com arrogância, a mulher estalou a língua para sua falta de educação e apontou o pequeno cômodo no recinto.
A rosada de longos cabelos se arrastou até lá decididamente, praguejando suas pernas por estarem tão frágeis. Era um banheiro e suas roupas estavam sobre o lavatório. Ela tirou a camisola, vestiu seu traje de combate e amarrou os cabelos em um coque desleixado com uma fita vermelha, seus olhos analisavam tudo em volta á procura de algo suspeito ou com que devesse se preocupar.
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A Última Flor de Cerejeira
Hayran KurguUma vez ouvi um canção. Uma canção na qual eu me identifiquei, uma canção antiga, que relatava sentimentos reprimidos. Essa era a minha canção. O que deu errado? Eu não sei, mas é minha a culpa. Por que me odeiam? Eu não sei, mas é minha a culpa. As...