— Qual é a deles? — Bakugou perguntou a Midorya que acabara de se sentar ao seu lado olhando para o outro lado da quadra.
— Mina e Kirishima? Ah, eles são melhores amigos, você sabe, e às vezes acabam ficando — falou naturalmente enquanto quicava a bola de basquete na arquibancada — mas não é nada sério, se quiser saber.
— Não 'tô nem aí — deu como resposta encarando-os enquanto se separavam e voltavam a jogar.
— Ei, Kacchan, vamos jogar essa partida! É a última, qual é... Vamos! — Midorya insistia.
— Você é idiota ou o quê? Olha a roupa que eu estou usando? Como vou jogar assim?!
— Então fique aí assistindo enquanto jogamos — Todoroki falou frio já querendo reiniciar a partida.
— E desde quando eu te obedeço?! Se eu quiser eu jogo com essa roupa! — vociferou se levantando e pegando a bola da mão de Midorya —
Vou acabar com você — falou passando por Todoroki e esbarrando em seu ombro.O rapaz sério nem se preocupou em revidar, pois fizera de propósito para que Bakugou aceitasse, pois sabia que ele podia agir como uma criança de sete anos quando quisesse.
Assim, dividiram o tipo e começaram a partida. Kirishima e Tokoyami eram os melhores armadores, por isso ficaram cada um em um time; Uraraka, Denki, Momo e Bakugou eram os principais pivôs e por isso ficaram dois em cada time e, por fim, Sero, Tsuyu, Todoroki e Mina eram os alas, completando cada time com cinco jogadores e os demais como reserva.
Decidiram fazer melhor de três, ou seja, quem vencesse dois períodos, ganharia. O jogo foi bem disputado com passes bem feitos, muitas bolas de três e faltas, essas por conta de Bakugou e Uraraka, os que mais cometiam; no final, o time liderado por Tokoyami levou a melhor, com quarenta e cinco pontos contra trinta e nove.
— Belo jogo, jovens! — o treinador gritou após soar o apito. — Agora se hidratem e não esqueçam de praticar as 'roubadas' de bola e os passes, não podemos ter erros primários a essa altura.
Todos se cumprimentaram e se dirigiam aos vestiários.
— Para de ser exibido! — Uraraka brincou vendo Bakugou tirar a blusa ainda na quadra.
— Se vocês não fossem tão chatos, essa merda não estaria toda molhada!— gritou de volta — Sero, me empresta uma blusa!
O rapaz já estava esperando que o loiro pedisse, já que ele era um dos únicos que levava camisas reservas nos treinos. Por isso, tirou uma camisa da bolsa e jogou para Bakugou que a pegou no ar e vestiu, mesmo sendo maior que seu tamanho.
— Jovem Bakugou, podemos contar com você no próximo treino?
— Claro, eu vou voltar — respondeu ao professor e fez uma referência se despedindo.
Antes de ir, ainda conversou com Iida sobre uma matéria que faziam juntos e trocou algumas palavras com Mirio, seu veterano quando entrou na Universidade. Há muito tempo que não se viam devido à rotina, mas mantinham uma relação de respeito entre si e eram bons em conversar sobre assuntos da faculdade.
— Te vejo na segunda, então. Não falte! — Iida falou se despedindo do loiro.
— 'Tá, 'tá... — jogou a blusa social no ombro e fez breves referências para demais colegas que ainda na quadra enquanto saía.
Sentia leves dores nos braços pelo esforço repentino, já que tinha se desacostumado a jogar, por isso se alongava enquanto andava saindo do campus da Universidade e mergulhava na escuridão iluminada da noite de Tóquio.
— Aí está você!
— Que porra é- — falou enquanto Kirishima o empurrava para frente quase o derrubando ao mesmo tempo que passava um dos braços pelos seus ombros —, ah, é você 'cabelo de merda'. Sai — ralhou tirando o braço de cima de si.
— Te procurei lá, mas o pessoal disse que você já tinha ido.
— Queria que eu ficasse lá fazendo crochê enquanto fofocava com vocês?!
— Pelo visto, as coisas voltaram a ser como eram — pensou alto. Se um Bakugou irritado era ruim, um Bakugou calado e afastava era muito pior, pensava.
— O que quer dizer com isso?
— Nada... Só estou feliz pelas coisas terem se resolvido pra você, sabe, sua mãe...
— É, é... Eu sei — Bakugou respondeu olhando para o chão reflexivo. Ele, mais do que ninguém, estava aliviado por aquilo ter acabado, pelo menos, por hora. Mas ao mesmo tempo estava confuso ao voltar para a "vida normal".
Por mais incrível que pareça, esses dois meses o transformaram. Se antes era um rapaz comum, acostumado a sair e, até mesmo interagir, estudar regularmente, se importar somente com suas coisas e a deixar assuntos como os de casa de lado, agora estava mais recluso, mais fechado com seus pensamentos, menos concentrado nos estudos e mais nas responsabilidades da vida adulta.
— Semana que vem a gente pode começar a fazer o trabalho do Aisawa? Porque temos um pouco mais de dois meses pra apresentar e nem temos um caso — a voz de Kirishima o trouxe de volta a conversa.
— Hã... Acho que dá. Eu tenho que resolver umas coisas no estágio e com o Iida, mas depois eu 'tô livre.
— Beleza, então eu te ligo ou mando uma mensagem! — o ruivo falou animado.
Estavam próximos da colina que dividia seus bairros: a descida levava ao elegante bairro de Bakugou e seguindo à direita, chagava-se ao bairro classe média-alta de Kirishima.
— É... Então eu vou lá, qualquer coisa pode me ligar — Kirishima se despediu, meio sem graça, dando um tapa de leve nas costas do amigo.
— 'Tá, vai lá! — por mais durão que parecesse, Bakugou, na verdade, não sabia se expressar da forma que queria, por isso não sabia direito o que falar naquela hora.
— Kirishima — segurou o pulso do ruivo impedindo-o de ir —, hã... Obrigado... Por tudo... — um tipo de pânico havia tomado conta do seu corpo, não o deixando racionar direito.
— Sabe que pode contar comigo, né?
— Hm — acenou com a cabeça positivamente, liberando o pulso de Kirishima —, boa noite.
— Boa noite!
Voltando para casa, o loiro já estranhava a sensação de não ter problemas para resolver. Chegou em casa e, depois de esquentar as sobras do almoço no microondas e tomar uma ducha, dessa vez quente, arrumou a cama e se preparou para dormir cedo, pela primeira vez em meses.
Só que ainda tinha aquela sensação. Um sentimento que parecia uma lembrança que o incomodava.
Por mais que tentasse não pensar naquilo, a fala de sua mãe mais cedo, os efeitos da presença de Kirishima e o que sentiu ao vê-lo com Mina. Virou-se na cama, socando o travesseiro para ignorar aquilo. Não era possível, provavelmente isso era resultado de certa... Carência?
Não importava. Era melhor esquecer tudo de uma vez e não alimentar tais sentimentos. Afinal, mente vazia oficina do diabo, sempre ouvia.
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Midnight City
FanfictionBakugou sempre se achou independente, por isso nunca se importou em estabelecer relações mais sérias. Mas com uma mudança brusca em sua vida ele é obrigado a reconhecer a presença de pessoas importantes, especialmente de Kirishima, o avermelhado qu...