Já fazia um mês desde a visita de Paul, dois meses desde que se mudará e dois meses e 1 dia desde que beijou Aster Flores. Ellie andava realmente muito ocupada, eram bastante livros, aulas, professores novos, e Sam sua colega de quarto e mais nova amiga tinha feito ela sair pelo menos três vezes para barzinhos, tinha sido divertido, ela ainda não tinha aprendido a beber, mas bebeu o suficiente para arriscar algumas músicas no karaokê, outra para chamar atenção de uma menina mas que foi lerda de mais para perceber e quando Sam berrou na cara dela que a menina queria beijar ela, ela simplesmente não consegui corresponder, não era a Aster então não fazia diferença, mas todas as noites que saiu se divertiu, ela tinha conhecido pessoas novas, feito amizades, mas que não eram tão importantes como Sam para mencionar. Ela também foi convidada para fazer parte de um grupo de debates o que achou interessante e estava aumentando sua confiança, o grupo de teatro também se interessou pelos dons da menina com os instrumentos e agora ela era parte disso, eram coisas novas e que Ellie jamais poderia sonhar em viver, mas era bom.
Depois desses dois meses estando totalmente ocupada, seu pai veio lhe visitar, apenas um dia, mas era o suficiente para matar a saudade e também para tentar ter aquela conversa com seu pai, desde quando seu amigo mencionará o assunto não conseguiu ignorar e sentia necessidade de contar para o seu pai, ser lésbica faz parte de quem ela é e ela quer que seu pai tenha total conhecimento sobre quem ela é, 100%
Ellie estava esperando seu pai na estação de trem, logo depois eles iriam a um restaurante que Ellie adorava e tinha certeza que o pai iria gostar, talvez depois fossem a algum parque ou algo assim. Quando seu pai colocou os pés para fora foi impossível não correr para abraça-lo, ela estava morrendo de saudade, nunca tinha ficado tanto tempo longe do pai, esse foi um dos motivos de relutar tanto para ir para Grinnel, não sabia se podia deixar o pai sozinha, se ele iria conseguir ficar bem sozinho, se cuidar, mas ela precisou e até mesmo teve seu incentivo.
Após o contato e matar a saudade seguiram para o almoço, foi uma refeição de poucas palavras como sempre costumava ser entre os dois, era confortável e nostálgico. O Sr. Chu amou o restaurante, mas mais ainda o parque que ellie tinha o levado, tinha um lago grande até, muitos bancos e árvores, as pessoas caminhavam calmamente por ali e era possível ouvir os pássaros voarem e cantarem. Eles se sentaram em um banco de frente para o lago, mais afastado do que todo o resto, o silêncio permanecia, algumas vezes era quebrado para falar da faculdade, as aulas, como Ellie estava se adaptando, as atividades novas, os novos amigos, mas nada que se prolongasse muito, até que ellie finalmente tomou coragem para começar o que ela tanto queria falar, era difícil, levou tempo para ela achar as palavras e mais tempo ainda para dizer em voz alta, ela já estava chorando sem nem mesmo perceber, ela tinha medo, medo que o decepcionasse, que ele deixasse de amar ela, tinha medo de o perder como perdeu a mãe, mas ela precisava fazer isso, então as primeiras palavras vieram e com elas Ellie conseguiu toda atenção de seu pai
- Pai, eu... eu sou diferente, sabe eu não sou como as outras meninas, eu gosto de outras garotas, do jeito que eu deveria gostar de garotos, do jeito que você gostava da mamãe, eu.. eu sou lésbica
Ellie não tinha nem mesmo coragem de olhar para o pai, ela apenas brincava com as próprias mãos, olhava para baixo e chorava sem perceber. Seu pai escutou cada palavra com atenção e então levantou o rosto da filha levemente com seus dedos no queixo dela, secou as lágrimas que insistiam em cair do seu rosto e beijou sua testa enquanto segurava seu rosto.
- Eu sou seu pai, o homem que te viu nascer, que trocou suas fraldas, te deu banho e passou noites acordado. Eu vi seus primeiros passos, ouvi suas primeiras palavras, te eduquei, criei você, cuidei, te dei amor, isso para mim não importa, mas eu vejo que importa para você, então minha filha eu te digo que eu amo você, todas suas partes, inclusive essa, eu sei a menina que eu criei e sei que isso não muda quem ela é, e eu nunca, nem antes e nem agora jamais iria querer mudar qualquer coisa em você.
Ele puxou a filha para um abraço e ficaram abraçados até o choro cessar, e mesmo depois disso passaram o resto da tarde em silêncio, abraçados vendo aquele lago até chegar a hora de se despedirem.
A vida de Ellie continuou assim nos próximos, muitos muitos, meses. Ela não mudou quem ela era, mas evoluiu, se descobriu, ela explorou o mundo, novos livros, novos filosofos e até mesmo novas bocas. Sam e Paul agora eram seus melhores amigos, Paul na verdade já era um irmão e seu pai concordava em ter ele como um filho. Ellie foi em alguns feriados para Squahamish, porém em nenhum dos que ela foi ela estava lá, e outros Paul e o pai que iam visitá-la. O grupo de debate fez ela crescer, aprendeu a se defender, a erguer a voz quando necessário, a saber quando estava certa e que deveria lutar por um ponto, entendeu que a opinião e a voz dela eram importantes, que ela não deveria se calar para os outros, mas mesmo assim ainda preferia observar os outros mais do que falar, e manter sua intimidade longe dos outros. O grupo de teatro fez ela expandir seus horizontes, ela até mesmo se arriscou em algumas peças e descobriu a espontaneidade, fez mais amigos, frequentou mais festas, beijou mais garotas e frequentou algumas camas também, ela finalmente havia aprendido a beber e até ter o hábito de fumar quando estava bêbada demais. Suas roupas decididamente mudaram e o cabelo passava a maior parte do tempo soltos do que preso, Sam com certeza era culpada por isso. Ela não era mais uma adolescente, ela já não era mais inexperiente, até mesmo teve ou tentou ter duas namoradas, mas não deram certo. O violão continuou sendo seu parceiro, e agora muitas outras composições tinham sido feitas, a maioria sobre um amor que não teve uma chance de realmente acontecer, era difícil, Aster ainda estava todos os dias em seus pensamentos e principalmente em seu coração, mesmo que Ellie não quisesse.
As mudanças fizeram bem para Ellie, ela cresceu e amadureceu, agora era uma mulher e uma mulher formada. Um mês antes de sua formatura já tinha conseguido um emprego integral como professora na Universidade de Ew, o que significava que voltaria a Squahamish, ela estava muito feliz por isso, daria as aulas e passaria o dia ensinando sobre aquilo que amava e voltaria para casa, mesmo que sua casa estivesse diferente.
Se Ellie tinha mudado um pouco é importante dizer que Squahamish também. Paul abriu uma lanchonete como ele queria, começou muito pequena e apenas para salsisha-tacos, mas o negócio expandiu, logo se transformou em uma lanchonete grande, café da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar, tinha de tudo, dos mais variados doces a salgados, mas a especialidade da casa ainda eram os salsisha-tacos, mesmo que as pessoas gostassem daquele ponto para outras refeições e momentos, e o melhor, seu Quon, pai de Ellie, era seu ajudante principal na cozinha, o que ainda permitia que ele trabalhasse na estação e mantivesse a casa antiga. Além da lanchonete a família aceitou mudar a receita o que fez muito mais sucesso, e Paul agora era um homem que morava sozinho em uma pequena e simples casa em Squahamish em cima de seu próprio estabelecimento.
Era estranho para ellie pensar em todo o tempo que passou e como tudo mudou, mas ao mesmo tempo como certas coisas continuavam iguais dentro de si, ela estava ansiosa para ver como tudo iria acontecer ao voltar para casa.Notas da autora:
Não quis enrolar muito com o tempo passando e as coisas mudando não, se tiverem alguma sugestão, dica, pedido ou crítica é só deixar ai, a fic é tão minha quanto de quem tá curtindo ler
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Best part of it - The half of it
FanficUma continuação de onde o filme parou já que a dona Netflix vai demorar pra lançar outro e se lançar né Bom eu vou tentar aprofundar aqui a visão e entendimento que eu tive sobre os personagens e que não foi muito trabalhado e também nas mudanças de...