Almoço de família - 0.5

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   Acordo e lembro que hoje é domingo, reviro os olhos. Pelo o que o pai do Matias me disse, ele me mandou mensagem, vai ser um grande almoço de família. Com direito a primas e tios. Quando ele disse isso, eu revirei os olhos e soltei um grande grito abafado pelo travesseiro.

    Levanto para me arrumar, tomo um banho demorado, me acostumei com esse corpo magro – estou amando, na verdade -, faço uma hidratação. Escolho uma roupa estilosa, sapatos confortáveis. Faço um coque frouxo no cabelo, decido comer uma maçã. Estava sem fome.

    Enrolo um pouco, já que era 11 horas, decido ir ao Starbucks. Na porta esbarro em uma garota de terno, parecia uma CEO fria e calculista. Ela sorri e me entrega um papel, eu fico meio sem palavras, ela era muito linda.

  “Meu número, Lindo. (11) 9xxxx-xxxx”, eu fiquei em choque, mas guardei no bolso.

  Prossigo indo ao Starbucks, nem olho para frente para vê se outra mulher bonita iria esbarrar em mim. Compro um suco de laranja e um brigadeiro, e me retiro. Aproveito para ser blogueirinha, tiro uma foto dos dois e posto nos status, guardo o brigadeiro no bolso. Fico uns minutos encostado em um muro, bebendo o suco sem açúcar, quando meu celular vibra.

  “oi, filho, vai vim não?”, Henrique pergunta, e eu mando um simples “Estou indo”.

  O caminho foi rápido, me ajeito, é como se eu fosse conhecer meus sogros. Mas estando no corpo do meu namorado, uma sensação muito louca. Respiro fundo, bato duas vezes na porta, quem atende é o meu irmão. Descobri que o nome dele é Daniel.

  - Ele chegou! – Ele grita e sai, logo em seguida uma yag padrão aparece na minha frente.

  - Filho, que saudades! Como tá lindo. – Ele diz, me abraçando. Logo outro homem aparece, outra yag padrão, e ele também me abraça. Henrique e Marcelo. – A Ester me disse que você anda estressado, é por conta dos empregos. Eu sei como é. – Concordo.

  - Vem, vamos te apresentar para a família. – Ele me puxa, e eu vejo um homem adulto, e mais três garotas. Uma delas, com a cor de pele mais interessante, me lembrava canela, parecia me comer com os olhos.

  - Eu sou a Dayane Hellen, o H tem som de R. Pronuncia direito. – Ela diz de um jeito superior. – Sou apresentadora de um jornal, o famoso Brasil News. –Concordo, o rosto dela era mesmo conhecido.

  - Eu sou a Patrícia, eu escrevo. – Ela olha para os meus pés. – Esse sapato é de couro animal?

  - Não, é sintético... – Ela sorri, parecia satisfeita.

  - Eu sou a Luiza, pastora da Assembleia de Deus. – Ela diz e lambe os lábios, eu estremeço de medo. Garota esquisita.

  - Eu sou o Matheus, seu tio, irmão do Henrique. – Ele pega uma sacola que estava no chão. – Comprei uma lembrancinha, é simples. – Sorrio, envergonhada. Abro e vejo um Iphone Xs Max 256 GB.

  - Nossa, tio, muito obrigada. Não precisava.

  - Foi o Otavio que deu a ideia, ele não pode vim hoje porque, você sabe. Ele não gosta de sair de casa. – Ele diz a ultima parte com desgosto. – Só fica preocupado com a sua coleção de carros antigos. – Ele diz bufando, depois me olha sorrindo. Enquanto isso Daniel observava tudo.

  A mesa já estava pronta, sento no canto do lado da minha prima ativista. E Luiza senta ao meu lado. Meu pai foi na ponta, e o meu tio ficou de frente para mim. Enquanto meu outro pai ficou na outra ponta, Daniel ao seu lado, e a prima metida do outro.

  - Não acredito que tem carne, pô, tio. Eu pedi. – Henrique suspira, e levanta um pote.

  - Eu fiz salada... – Ele diz abrindo um sorriso falso, ela revira os olhos.

  - Não é porque eu sou vegetariana que eu só como salada, que droga.

  - Menos, por favor. Hora de comer é sagrada. – Luiza pede sorrindo, e depois me olha de soslaio, eu abaixo o rosto imediatamente. – Vamos orar?

  - Vamos comer logo, vocês não param de falar. – Daniel fala, tirando da minha boca as palavras que queria falar.

  - Vamos, fechem os olhos. – Eu com muita vergonha fecho, Luiza pega na minha mão e começou a passar o polegar por ela. – Que Deus abençoe essa comida, que possamos aproveitar cada migalha dela. Que o Matias continue lin... Sendo abençoado por Deus. Assim como todos que estão presentes na mesa. Amém. – Quando ela termina, Daniel corre e pega varias coxas de frango.

  - Menino nojento. – Patrícia diz pegando a salada e a colocando no prato.

  - Fala baixo. Tá machucando meu ouvido sensível. – Dayane diz e Luiza revira os olhos.

  - E como estão as coisas, em filho? – Marcelo pergunta.

  - Bem, meio difícil, mas bem. – Ele concorda.

  - E os namoradinhos ou namoradinhas? – Henrique pergunta, e Matheus ri.

  - Seu pai é idiota, isso é pergunta de tio, não de pai.

  O almoço prosseguiu calmamente, quando terminou todos foram para a sala, Luiza ia cantar um louvor. Durou menos de 1 minuto e ela conseguiu rachar duas janelas com o seu agudo, a garota possuía uma voz megafina. Depois ela se sentou ao meu lado, quase que no meu colo.

  - Vocês viram, vai ter Live Action da pequena sereia.

  - Zero, interesse. – Daniel diz e Patrícia revira os olhos.

  - Continuando... A Ariel vai ser negra, isso não é incrível? – Ela fala e eu olho sem interesse. – Vai ser um grande empoderamento negro.

  - Prefiro que seja branca, se é um live action tem que ser igual. – Todos da sala me olham como se eu tivesse falado algo totalmente equivocado.

  - Seu babaca, racista. Nunca tem protagonistas negros, e quando tem você diz que prefere um branco. Personagens negros tem que ter mais reconhecimento. – Ela diz e eu fico sem palavras, ela era louca, uma verdadeira militante.    

A menina que roubava corposOnde histórias criam vida. Descubra agora