Eu estou vivo, mas não sou eu - 0.4

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Abro os olhos, respiro lentamente. Que sensação diferente...

    A sensação de estar VIVA, a morte não me caia bem.

  Olho para o meu corpo, o ruim é ser um homem, mas eu me acostumo rápido. Levanto e olho para o lugar onde o Matias estava, meu coração doeu. Eu amava muito ele, não fazia parte do plano, o problema é que ele é muito amável. Ele era. Matias não pertence mais a esse plano, ele está em um lugar diferente.

  Preciso contar a minha história, vocês não devem estar entendendo nada. Primeiro me chamo Laura Souza – meu pai foi comprar cigarro e nunca mais voltou -, apesar das dificuldades minha mãe me criou sozinha. E se eu sou metade da mulher de hoje é por causa da Serena Souza. Ela morava sozinha, e me teve com 16 anos. Minha guerreira S2.

  Segundo, minha mãe morreu quando eu tinha quinze anos, e a minha tia ficou com a minha guarda. Eu sofri muito com isso, já que meu tio era um tarado pedófilo. Sinto dizer, mas já fui molestada varias vezes por ele. Mas eu pedi uma ajuda não convencional.

  Terceiro, minha alma não é minha, eu a vendi. Primeiro eu pedia ajuda ao todo poderoso para me libertar daquele maníaco. Mas não estava funcionado, então pedi ajuda para o lá de baixo e ele me atendeu. Fazia parte do nosso trato matar meu tio, e ele fez sua parte.

  Quarto, a minha parte era mais difícil. Eu levava corpos para o Rei da mentira, no caso eu roubava corpos. Mas o negocio ficou difícil quando eu morri, fui até o meu parceiro de contrato e pedi uma segunda chance. Ele como o esperto que é, falou que eu devia dar mais corpos para ele. Se não eu queimaria mais do que o habitual. 5 corpos por mês. E ele não deixou eu retornar com o meu corpo, falou que eu deveria escolher um corpo de alguém do sexo oposto, e esse homem deveria estar apaixonado. Ele sabia que eu tinha certo medo de homens, e isso acontecia por causa do meu tio e por conta do motivo da minha morte. – sim, eu fui morta por homens, que tentaram abusar de mim. Mas eu reagi, e eles não gostaram e me mataram.

  Fui para o casamento do filho da minha tia, e lá eu conheci o Matias. Eu me apaixonei assim que o vi. Ele pareceu gostar muito de mim imediatamente, eu fui o mais sincera possível a noite toda. Dei um boneco para vigia-lo, e ele aceitou na hora, mesmo achando estranho. E no fim da noite eu o beijei, ele se entregou tão rápido que passou os três meses seguintes em uma longa tortura.

  E eu apenas observava pelo boneco, foi difícil vê-lo daquele jeito, mas eu não queria ser presente na vida dele. Ia deixar tudo difícil no dia da morte dele, quando eu percebi que chegou a hora. Fui até ele e pedi para que ele se matasse, achei que não ia funcionar, mas ele me entendia.

    Por isso eu o amava.

  Vou ao banheiro e me olho no espelho, Matias era realmente muito bonito, tive sorte em ter esse corpinho. Dou uma checada na sua arma... “Opa...”. Quando volto para o quarto observo seu quarto sem cores, Ester estava em muitas partes do seu quarto. Menina sonsa, idiota. Como pode escolher meu primo, aquele outro sonso. Eu poderia roubar o corpo dela, e condenar sua alma ao inferno eterno... NÃO, Matias amava ela, em respeito à ele não farei isso.

  A campainha toca, vou atender semi nu, mas eu lembro que minha roupa estava encharcada de sangue e o chão também. Grito um “Já vou”, e limpo o chão rapidamente e jogo minha roupa em um cesto e a enterro lá no fundo. Me olho no espelho, bagunço meu cabelo sexy e vou atender a porta. Quando a abro um menino miúdo entra.

  - Você sumiu, os nossos pais estão preocupados. Você sabe como eles são. – Eu olho para o garoto em pânico, nesses três meses Matias nunca recebeu a visita dele. – Faz três meses.

  - É cara, foi mal. – Digo engrossando a voz, esqueci que eu sou a porra de um homem.

  - Você tá gripado?

  - Não, mas eu tive mal esses dias. Fala ai, o que você quer? – Falo normalmente. O garoto revira os olhos.

  - Não te vejo faz três meses e você diz isso? Babaca.

  - O que meu amado irmão, deseja?

  - Idiota... Continuando... Papai quer que você vá almoçar lá no domingo, então vai.

  - Hum... Tá bom, mas qual pai? – Ele me olha sem paciência.

  - O único que tem tempo para se preocupar com você, o Henrique. Tchau, seu merda. – Ele sai e nem vira para trás, eu suspiro.

  Como eu vou almoçar na casa dos pais que eu nem conheço, talvez o Matias tenha algum diário. Se ele não tiver eu tenho a Ester... Vou ter que falar com aquela songa monga. Pego o celular e mando uma mensagem.

  “oi”, espero uma resposta, não demora muito.

  “oi, tudo bem?”, reviro os olhos, esqueci que ela morre de preocupação pelo Matias – morria, como é difícil falar dele no passado.

  “Então, eu ando meio esquecido, acho que é a ansiedade”, ela está digitando.

  “Sério? O que você esqueceu?”, como vou dizer que esqueci o nome dos meus pais, e o endereço deles. Ela é idiota, vai entender.

  “Os nomes dos meus pai, e o endereço deles”, ela voltou a digitar.

  “Quê!! Como assim? Kkkk”, eu reviro os olhos, menina sonsa.

  “É sério, eu estou muito sobrecarregado”, ela digita mais.

  “Marcelo e Henrique, ambos são Almeida.”, ufa.

  “Kk, como eu sou esquecido, e o endereço deles?”, Tomare que ela não desconfie.

  “Na rua de baixo, perto do cursinho, o numero da casa é 38”, que maravilha, eu sabia onde era.

  “Obrigada, amiga maravilhosa” Só que não, ela não era nem um pouco maravilhosa essa sonsa.

  “De nada, bobão”, ela diz e saí do wpp.

  Deito na cama, e fecho os olhos. Pensando no desastre que vai ser esse almoço.

A menina que roubava corposOnde histórias criam vida. Descubra agora