Tô com depressão - 0.2

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  Acordo lentamente na minha cama, me contorço de raiva com aquele sonho. Faz a merda de TRÊS meses, como não esqueci ela? Me parecia tão improvável. Ela só foi uma desconhecida que eu conheci em um casamento, o rosto dela era para ter sumido da minha mente. Mas não, a cada dia parece mais perto de ser encontrado.

  Olho para a janela do quarto, o amor platônico parecia ser parte da minha vida. Eu a beijei somente
uma vez, mas me pareceu tão significativo, apesar, que ela era estranhamente fria. Mas isso é o de menos, eu apenas queria repetir aquela dose. E me entregar por completo para a minha doce Laura.

  Olho para o chaveiro que parecia um vodu que ela tinha me dado, era a minha única lembrança dela. Era bem esquisito, mas ela que havia me dado, isso que importa. E por incrível que pareça, parecia comigo, acho que o nosso amor já estava traçado. Um chaveiro aleatório de boneco que ela me deu parecia comigo, que destino maravilhoso. Meu celular toca e eu vou o atender, sem ânimo, pensando na Laurinha.

  - Alô...

- Matias, oi, tudo bem? – Suspiro ao perceber que era a Ester, ela me liga toda hora depois de um acontecimento.

  - Tudo sim, e você? – Percebo preocupação na sua voz. – Ester, está tudo bem mesmo. Não se preocupa.

  - Quer alguma coisa? Eu vou ai e levo.

  - Ester, eu estou bem. Bem, ótimo, perfeito. – Mentira, só estaria assim se achasse a minha Laurinha.

  - Não precisava ser grosso, eu só estou preocupada.

  - E eu estou dizendo que não tem motivo para isso. – Respondo irritado, ela sabe que eu não vou fazer aquilo novamente. – Eu vou desligar, tchau.

  - Espera!

  - O que foi? – Pergunto desanimado.

  - Vem aqui em casa

  - Eu realmente não estou a fim, outro dia. – Ouço seu pesar do outro lado da linha. – Outro dia eu vou, prometo.

  Quando ela desliga eu decido ficar sentado no sofá, olhando para a janela aberta. Eu conseguia ver a rua toda por ela, e isso me tranquilizava, não sabia como explicar o motivo. A Laura no nosso único encontro me contou que a voz da mãe dela acalmava todo seu estresse, e ela queria voltar a ouvi-la. Mas como poderia ser possível? Às vezes eu me pego pensando naquela noite, eu adoraria revive-la, o que só era possível nos sonhos e pensamentos.

  FLASHBACK ON

  Laura bebia seu drink tranquilamente, mexia a cabeça ao som da musica. Eu estava criando grande afeição em observa-la, o seu jeito de ser era tão... Nenhuma palavra conseguiria explicar com clareza. O mais perto que eu conseguiria é autenticidade. Mas ainda sim, era pouco.

  - No casamento você disse que era amigo da noiva, mas seu olhar revelava algo mais que amizade. – Ela solta a verdade na lata, eu sorrio, estava envergonhado para ser mais exato.

  - Amigos de infância.

  - Mentira.

  - Mentira? – Eu a olho confuso. – Por que eu mentiria, somos amigos de longa data.

  - Você a ama, desde quando?

  - Amar? Está louca. – Ela sorri, e seus dentes são revelados, nem preciso dizer que todos eram bem alinhados e quase totalmente brancos. – Como pode dizer isso? Nem me conhece.

  - Realmente, não te conheço. Mas eu sei como é o olhar de alguém apaixonado, correção, de alguém que ama. – Ela para e analisa meu rosto. – E se fosse mentira você não ficaria tão irritado, a verdade doí, meu querido.

A menina que roubava corposOnde histórias criam vida. Descubra agora