Capítulo 3

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O sol já brilhava em seu pico, indicando ser meio dia. Todos os cavaleiros do Coliseu foram instruídos a limparem suas armaduras e afiarem qualquer arma que encontrassem.

Ali eles não tinham limpadeiras ou ferreiros para que fizessem aqueles trabalhos, eram os soldados que cuidavam uns dos outros e realizavam a faxina, o máximo que tinham era um cozinheiro colocado ali para que não envenenassem uns aos outros nas refeições.

Outra questão importante; as putas eram determinantemente proibidas ali, só entraria para o exército aqueles que estavam dispostos a abandonar esses vícios, para dedicar-se de corpo e alma somente a luta e a guerra. Obviamente não era proibido que se unissem a uma mulher e construísse uma família, até porque o Império Waclz precisava se ploriferar, mas caso o cavaleiro traísse sua companheira e ainda tivesse um bastardo, seria tratado com desonra e expulso da militância. A expulsão era o que normalmente devia acontecer, porém ocorriam coisas piores às escondidas. Mesmo com as consequências, nem todos seguiam as regras. 

Tenten esfregava um elmo que estava coberto de uma sujeira insistente, molhava pela terceira vez o pano sob o balde de água - já suja - e esfregava estressada o metal. Franziu o cenho e parou no ato, suspirou.

— Este tipo de imundície você precisará de uma colher para retirá-la. — Ouviu uma voz rouca ressoar a sua frente, suspendeu o olhar confusa. O rapaz falava bem, e lhe estendia uma colher de prata, destas que só são utilizadas no castelo.

— Quem é você? — Indagou arqueando uma de suas sobrancelhas. 

O rapaz trajava uma roupa de cor preta e vermelha, semelhante as cores da bandeira do Império Walcz. — Sou Shisui. — Se ajoelhou, retirou as luvas brancas de tecido da realeza, pegou o elmo das mãos da morena e começou a esfregar a sujeira impertinente com a colher fazendo-a sair facilmente. — Viu só? Tome. — Disse devolvendo o elmo e a colher a ela.

— Ah, eu sou Tenten. — Apresentou-se um pouco desnorteada. 

— Eu sei. — Ele sorriu gentilmente enquanto colocava suas luvas novamente. — O que está achando de treinar aqui, no Coliseu? 

— Bom. — Comentou distraída enquanto raspava a sujeira com a colher como ele havia feito antes. 

— Só isso? — Indagou decepcionado. — Creio que irá tirar mais proveito ao passar dos dias. — A Mitsashi riu desdenhosa. — O que há?

— Nada. 

— Você é de poucas palavras. — Pigarreou sentando-se no mesmo banco, ao lado dela. Àquela altura todos os cavaleiros estavam terminando de lavar as últimas armaduras na arena, sentados em vários bancos distribuídos ali, assim como baldes e pedaços de pano. Logo iriam afiar as armas, era um trabalho cansativo e repetitivo. — Mas quando se vive com o Neji e o Sasuke, é até adaptável. 

— Creio que sim. — Concordou. Em sua mente surge uma constatação que se arrependera de não ter feito antes. Ela havia treinado com ele a alguns dias, como pôde esquecer? Talvez estivesse cansada. 

Ouviu o rapaz suspirar, levantar e se retirar sem dizer palavra alguma. Tenten apenas o olhou sair dali, sua capa vermelha esvoaçava perante a brisa, nela estava desenhado um olho negro de íris vermelha, e de certa forma Shisui exalava poder e autoridade. Franziu o cenho, e voltou a seu trabalho. 

                       《              °             》

A rosada andava calma pelas ruas comerciais do Império Walcz, sorria e cumprimentava gentilmente as pessoas, no entanto eles a retribuíam com olhares cautelosos e duvidosos. Como não? Sakura carregava em sua cabeça um envolto de tecidos cor preta, que escondia desde suas sobrancelhas até seu cabelo inteiro. Espalhara a todos que ela tinha uma doença rara que fazia seus cabelos caírem, e que tinha vergonha de mostrar.

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