Capítulo 3

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Noah

E eu a vejo, com um sorrisinho no rosto, levantar o dedo médio, e continuar sua corrida, como odeio aquela loira.

Tantos anos se passaram, e ainda consigo ver aquela noite na minha mente, tão clara aquela lembrança, como se a vivesse a todo momento, num loop infinito.

Quando percebo estou parado a tempo demais na frente do meu carro, acho melhor subir, e o que faço. Meu apartamento que divido com Giovanni, é modesto. Não se dependesse da minha mãe. Ela queria lustres e coisas desse tipo, não é minha praia, eu e meu amigo preferirmos algo mais "comum".

Logo que entro, vejo Giovanni sentando no sofá, estudando para alguma prova, que nem repara quando entro no apartamento.

— Boa noite, docinho - digo zuando meu amigo, que me envia o dedo médio como resposta, e continua a estudar, engraçado parece até carma, todos estão fazendo isso ultimamente.

Sigo pro meu quarto, ele é bem simples, uma cama preta, com roupa de cama também preta, e parede cor cimento, quando foram decorar aqui pedi que fosse assim, simples e confortável, porém como estava me sentindo na época, não que muita coisa tenha mudado.

Pego o computador, e faço uma chamada de vídeo, para a única pessoa que me dá luz nessa escuridão que se transformou minha vida. Enquanto a chamada e efetuada, e ninguém atende, fico pensando em como o tempo passou rápido, dois anos e meio atrás era um garoto assustado, que teve que se transformar em um homem tão rápido.

De todos os momentos que passei, o único que me dá força para continuar, está do outro lado da tela.

— Nono - diz a criança de 02 anos, como se fosse a coisa mais incrível me ver.

— Fala Garotão, como vai com a mamãe? - digo meigamente, essa criança entrou na minha vida como uma dádiva.

— Bem, ma mama tá baba com eu, nono - diz com aquela vozinha de criança que encanta todo mundo.

— Claro que estou, ele bateu no coleguinha hoje - diz Beatriz, com cara de brava, mas dava para ver a doçura ao falar com a criança a sua frente - a gente conversou que ele tem que se comportar na creche que a mamãe tem que ir trabalhar, mas hoje quis bater no coleguinha, e até agora não quer me dizer o porque!

— Não acredito, porque fez isso? - falo surpreso, pois esse menino não é nenhum pouco agressivo, muito pelo contrário, e o ser mais doce que já conheci.

— Nono, o coleguinha tentou pegar o lanche da Lulu, eu potegi ela - diz todo embolado, e com lágrimas nos olhos, cortando meu coração.

— Meu amor, muito lindo da sua parte proteger sua amiguinha, mas não pode bater, da próxima vez que algo do tipo acontecer você fala pro titio da creche, tá? - fala Beatriz com a criança, de uma forma que eu tenho certeza que nunca conseguiria falar.

— Ouviu sua mamãe Theodoro? - falo firme, pois tenho que ajudar ela - Mas fora isso Beatriz, como está? Está faltando algo? Precisa que te envie algo? Você sabe que se precisar estou aqui, né? - falo tudo muito rápido, mas preocupado.

— Noah, você já faz coisa demais por nós, estamos bem, mas o que você pode fazer e vir nos visitar no próximo feriado, já estamos em maio, venha passar o 4 de julho com a gente, vamos amar né Theo? - diz Beatriz jogando sujo, logo na minha fraqueza.

Somewhere HardOnde histórias criam vida. Descubra agora