Capítulo 7

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Trice

Depois de assistir o filme, ainda ficamos rindo e falando asneiras.

— Amiga, preciso te contar algo - Line fala seria - algo que queria falar já tem um tempo, envolve o meu passado.

— Nossa amiga, já estou preocupada! - digo assustada pela forma que disse - fala logo!

— Trice, lembra que eu te falei que eu e o Noah viemos da mesma escola? - ela diz pausadamente, me deixando apreensiva.

Assinto com a cabeça.

— Mas não sabe a história toda, e eu sinto que preciso falar com você, te explicar - explicou.

— Tá, pode falar - digo.

— Eu e o Noah morávamos bem pertinho, e também íamos na mesma igreja, então a gente cresceu juntos. Ele era um rapaz doce, amoroso, simpático e respeitoso. Não teve outra escapatória amiga, eu me apaixonei por ele, mas não fui correspondida, pra ele era só uma amiga.

— Pera, então você era ou ainda é? - pergunto, e bem possível que deva tá aparecendo as fumacinha das engrenagens da minha cabeça funcionando.

— Deixa que eu vou chegar lá! - fala rindo.

Não dá nem pra acreditar que ela já gostou do Noah.

— No ensino fundamental, foi até tranquilo, todos achavam que estávamos juntos. Quando completamos 14 anos, nossos pais fizeram uma festa surpresa pra gente, convidando todos da nossa sala da escola. Na hora de cantar o parabéns, começaram a zoar que éramos namorados. Nossos pais não gostaram, e logo após acabar a festa quiseram conversar e perguntaram se a gente tinha algo. Entramos em desespero pra falar que nunca rolou nada além de amizade, porém amiga, naquele momento meu coração começou a sentir alguma coisa, sabe aquele "e se?". E eu senti que Noah também estava diferente comigo em algumas coisas. Como nossos pais são religiosos mandaram nos entrarmos em oração, e falaram que a gente não podia namorar com aquela idade que seria pecado.

— Com 14 anos? - digo abismada- se eles souberem o que vc faz agora então!

— Pois é! - diz rindo - Mas acabou que foi proibido da gente se ver, e como crescemos juntos, era difícil a separação. Começamos a nos ver escondido, e aí nasceu um amor, que era bem bestinha mas aconteceu. Quando fomos pro ensino médio que começamos a namorar realmente e resolvemos assumir na escola e pros amigos, mas não para os nossos pais. Conseguimos namorar escondido por um ano com os nossos amigos nos ajudando, um deles era o Giovani.

"O Giovani não gostava de mim pra falar a verdade, porque eu e o Noah tínhamos a igreja e o Giovani não. Ele gostava das festas, queria levar o Noah mas eu não deixava. O que é bem diferente da realidade de hoje."

— Nossa eu nunca imaginei que você é o Noah eram tão certinhos, usava saia até o joelho e roupa tampando os peitos? - digo zoando da cara dela.

— Haha! Mais ou menos isso, eu sempre fui um pouco rebelde na verdade, usava um pouco de decote, mas nada tão revelador.

— Queria muito ver uma foto dessa época.

— Eu devo ter lá na casa dos meus pais, mas não é uma época que gosto de relembrar - diz pensativa- Quando a gente namorava esse cara pegador, eu até que cheguei a conhecer, não dá forma que é hoje, porque a gente chegou a separar por um momento e ele ficou com outras meninas, mas ele tinha uma regra, sempre levar qualquer menina num primeiro encontro e só depois ter algo.

— Gente, não consigo ver esse cara na minha frente, Line.

— Eu sei, parece que foi a uma vida - fala Line - Eu acho que é por isso que a gente deu certo, sempre nos conhecemos, não precisou de primeiro encontro. O problema foi quando eu comecei a me desvencilhar da religião, a responder meus pais, e eles descobriram sobre o nosso namoro. Foi feita toda uma reunião com as duas famílias, e como nessa época a gente já tinha uma idade considerável, começou a surgir entre eles, claro, a ideia de já marcar o casamento para quando acabarmos a escola.

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⏰ Última atualização: Jan 24, 2021 ⏰

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