• Capítulo 5

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JHESCY


Término de calçar meu tênis e coloco minha jaqueta, preciso de um emprego e vovó Vany me garantiu que eu iria conseguir um emprego na lanchonete do senhor Webber.

Depois vou com Letty ao hospital, tenho que confirmar se ainda tenho meu seguro, mamãe que cuida dessa parte, espero que pelo menos isso ela ainda mantenha.

- Vamos logo, Jhescy -  Letty me grita da porta - Serena já desceu.

- Estou indo - pego a bolsa -  vou conseguir esse emprego? - pergunto para Letty que sorri e enrola uma mecha do seu cabelo castanho e longo.

- Esse emprego já é seu - ela sorri - Vamos logo.

Dois quarteirões e estamos na lanchonete do senhor Webber, o ambiente é familiar, sentar á mesa e brincar com os filhos.

- Velho Webber - Letty o chama e engulo em seco - Bom dia, aqui está a Jhescy.

- Letty - ele sorrir - Jhescy vai achar que realmente sou velho - o senhor, que assim como Vany tem sua juventude expressada em seus olhos, abraça Letty e beija sua cabeça.

- Então Jhescy, você está bem? – ele sorri.

- Estou sim, Senhor Webber – ele me abraça sem esperar, e fico tão contente em encontrar pessoas tão amorosas nessa cidade.

- Apenas Webber, espero que não se importe, mas Vany me falou sobre toda sua situação, sendo assim, você não vai ficar com nada pesado, vai trabalhar no caixa, sentada e só – ele me sorrir – tudo bem?

- Tudo bem? Esta tudo ótimo, nunca vou poder agradecer o que estão fazendo por mim. -  meus olhos marejam - Obrigada se... Webber – sou eu a abraça-lo e ele beija o topo de minha cabeça.

- Estou com ciúmes – Letty diz e faz um bico, logo depois surge um sorriso – eu vou levar Jhescy ao médico, volto assim que deixa-la no lar, está bom?

- Se falar que não está, você vai ficar? – ele pergunta e ela nega com a cabeça – então pronto, esta bom – ele sorri – Jhescy, espero você na segunda, Otávio permanece até domingo, ele está de mudança. Boa consulta – ele gira no calcanhar e some de nossa visão.

- Feliz? – Letty me pergunta.

- Bastante – aviso e saímos da lanchonete.

Um táxi nos leva até o hospital, segundo Letty já andei bastante por hoje, ela não quer o afilhado dela cansado. Serena está na porta do hospital a nossa espera.

- E então, conseguiu? - Serena pergunta.
- Eu consegui Serena, começo na segunda – ela me abraça.

- Você não era para estar na escola? – Letty pergunta a Serena. Dá pra perceber o cuidado que ela tem com Serena, Letty parece ser bem doidinha, mas quando é sobre Serena ela parece ser bem responsável.

- Só tinha uma aula hoje, já acabou. – ela sorri para Letty – encontrei seu enteado quando estava indo para escola. – Letty revira os olhos.

- Já falei para você, não tem nada disso. – Letty fica nervosa.

- Do que vocês estão falando? – me sinto meio perdida no meio da conversa delas.

- O único neto da Vovó – Serena diz – ele é filho do, como você fala Letty? – ela pergunta e sinto a provocação surgindo e Letty empurra a porta para entrar – lembrei Jhescy, gato de olhos claros, o Will – Serena ri da amiga sem nenhum pudor.

- Will tem um filho? – questiono – ele parece tão jovem, nem sabia que era casado.

Seguimos Letty pelo hospital, ela para na recepção e pega os formulários que preciso assinar, sentamos no banco e começo a preencher.

- Ele é viúvo – Letty diz – Theo tem a minha idade, terminou os estudos bem cedo e se tornou um médico. Não olha para ninguém no Lar, Will nunca permitiu eu acho, ele foi criado no meio do lar e foi ensinado a respeitar e nunca olhar para nós de forma que não seja respeitosa.

- Entendi. Vocês sabem bastante da vida deles, hein. – termino os formulários e espero a minha vez de ser atendida.
- Eu não sei não, a Letty que sabe – Serena dá de ombros.

- Eu sou a mais velha daquele lugar, eu ajudava Vany, assim que entrei aqui, Will não estava, ele ficou fora um ano, então ela me contava as coisas – Letty dar de ombros – um ano depois ele voltou e assumiu tudo.

- Ai você se apaixonou por ele – Serena diz.

- Cala a boca – Letty sorri – é platônico, ele jamais olharia pra mim.

Eu duvido muito, ontem ele fez questão de dar um boa noite apenas para ela, mas não sou eu que irei abrir a boca, acabei de chegar, posso estar enganada.
A consulta foi marcada para duas semanas, Dra Rachel me atenderá. O seguro ainda está ativo.

As duas semanas seguintes passam bem rápidas. O senhor Webber é um bom homem como imaginei, tem o cuidado comigo sobre a gravidez. O trabalho não é difícil, eu atendo quando há necessidade, mas normalmente fico apenas sentada no caixa.

Vovó  Vany me enche de comida o tempo todo, conta as histórias da sua gravidez, ela diz que vou ficar com uma barriga enorme. Escuto tudo que ela falar com muita atenção. Deveria ser minha mãe falando sobre a sua gravidez e experiência, mas fico feliz que é vovó Vany, os dias vão passando e sinto um amor grande por ela, todas as noites ela vai até nosso quarto para saber como estou, e sinto o mesmo carinho por Letty e Serena.

Sinto-me ansiosa sentada na cadeira de espera, sou a próxima a ser atendida.

- Jhescy Davins, pode me acompanhar, por favor. - A secretária da Dra Rachel me chama.

A jovem caminha na minha frente, ela tem uma elegância que parece estar numa passarela, o hospital é elegante, as paredes da frente são grandes vidraças. Um hospital moderno e grande. Ela bate a porta e abre, sem esperar resposta, ela indica para entrar e o faço, a porta é fechada atrás de mim.

Dra Rachel levanta de sua cadeira assim que entro, ela tem um sorriso em seu rosto, os cabelos cacheados estão soltos. Uma bela mulher.

- Boa tarde senhorita Davins - ela estende a mão, seguro sua mão – Sente-se. – ela indica a cadeira em sua frente.

- Jhescy, por favor – sento no lugar indicado.

- Jhescy – ela sorrir – sente alguma coisa dor? Tem o exame de sangue?

- Não sinto dor, tenho o exame – entrego a ela.

- Enjoo, tontura? – ela pergunta.

- Sim, enjoo, tontura tive duas, mas foi antes de vim para Seattle – ela concorda com a cabeça, anota tudo no seu computador.

- Eu quero fazer um ultra, depois vou te passar outros exames e você faz aqui no hospital mesmo, em duas semanas você volta com os resultados, tudo bem?
- Claro –  confirmo a ela.

- Ali no banheiro, tem uma roupa hospitalar – ela aponta uma porta – vou te esperar aqui para o exame.

Troco de roupa e volto para a sala, ela está sentada na cadeira perto de uma maca, tem um computador e outros aparelhos.

- Pode deitar Jhescy – ela aponta a maca e deito, ela me cobre com o um lençol – vou tentar um ultra comum Jhescy, mas se não for possível ver com a nitidez que precisamos, vou ter que fazer uma transvaginal, tudo bem?

Confirmo com a cabeça, ela passa um gel sobre minha barriga que ainda não tem forma alguma, passa um aparelho de um lado para o outro.

- Sinto muito Jhescy, mas vou precisar fazer a transvaginal mesmo – ela pega um outro aparelho e coloca um preservativo, engulo em seco, mamãe nunca me levou em um ginecologista na vida toda, e a primeira que venho passo por um exame assim. – não vai doer.
Dra Rachel olha para a tela do computador e não demonstra nenhuma reação, não sei se é bom ou ruim.

- Jhescy, ele está desenvolvendo bem, está com cinco semanas, tamanho normal - ela sorri – A próxima já conseguimos ouvir o coração.

- Que bom, ele está bem mesmo? – questiono.

- Está sim, Jhescy. Troca de roupa enquanto vou preparando suas receitas.
Meu bebê está bem, é tudo que importa, ele cresce em meu ventre, sorrio colocando minha roupa.

- Jhescy, aqui tem as vitaminas que você precisa, também receitei um remédio para enjoo, se precisar. – ela me entrega a receita – aqui estão os exames que você irá fazer agora mesmo, meu cartão com meu número particular – ela me entrega – pode me ligar se tiver alguma duvida ou dor, não precisa se preocupar com a hora. Vejo você em quinze dias, traga sempre os exames.

- Obrigada, Dra Rachel – sorrio para ela e me despeço.

Uma enfermeira me acompanha para fazer os exames, rapidamente eles fazem a coleta.

Seattle é um sonho, meu novo sonho. Olho para os executivos correndo de um lado para o outro e gosto do movimento, eles estão em alguma ligação ou mexem no celular ou tablet.

Hoje completa seis meses que cheguei em Seattle, meu bebê está com sete meses, agora tenho uma barriga grande, passo a mão por ela.

- Jhescy, você já tomou sua vitamina hoje? -  Webber é como um despertador, todos os dias a mesma coisa.

- Já sim, Webber - sorrio para ele, agora só posso ficar sentada na cadeira do caixa, não sou permitida ficar andando de uma lado para outro.

- Toma um copo de suco – ele me entrega o copo – sabe que Vany briga comigo se não fizer você comer certinho.

- Eu sei – sorrio, eles dois ficam a minha volta - amanhã estou de folga vou passar o dia na cama - bebo o suco.

- Duvido que as duas madrinhas iram te deixar o dia na cama, no mínimo tarde de compras para o bebê - ele senta ao meu lado.

- Fiz a pior escolha de madrinhas na história das madrinhas - senhor Webber gargalha.

- Verdade – ele concorda - já escolheu o nome do bebê?

- Ainda não - passo a mão pela minha barriga de sete meses - Ainda tenho tempo.

- Tenho pena desse menino sem nome, duas madrinhas doidas e uma mãe que  não escolhe o nome do filho - ele sorri e passa a mão pela minha barriga.

- Não fala assim que eu fico triste - faço  bico.

- Duvido - ele beija meu rosto - vá para casa, seus pés estão enormes - ele levanta da cadeira - Estou falando muito sério.

- Falta apenas uma hora para acabar meu turno – eu reclamo – Letty trabalhou na parte da manhã, e eu peguei o turno da tarde, quando acabar meu turno eu arrumo minhas coisas.

O caminho para o lar é  tranquilo, a lanchonete do Webber é  bem próximo e não tenho problemas com a caminhada, Dra Rachel diz que é bom andar um pouco.

Ando pelos corredores e estão silenciosos. Estranho, ainda é cedo, bem cedo.

Giro a maçaneta e encontro o quarto repleto de balões azuis, esta decorados e estão todos ali, me enganaram, sorrio emocionada.

- Surpresa – elas dizem ao mesmo tempo, Serena e Letty me abraçam e logo vovó Vany está me abraçando também.
- Obrigada, meninas – falo entre as lágrimas que agora escorre por meu rosto.

- Não chora. Cuida do meu afilhado - Letty passa a mão pela minha barriga.

- Nosso - Serena logo está com a mão na minha barriga também, beijo o rosto das duas.

Vovó Vany me abraça e beija meu rosto, limpa minhas lágrimas e me sorri, ela segura em minha mão. Gosto do carinho que sinto dela, meu coração se aquece quando ela está por perto.

- Tudo vai ficar bem, Jhescy – ela diz -  é só uma fase.

- Obrigada Vovó - beijo seu rosto e vou de encontro as meninas, sinto o amor que vem delas, o carinho e sei que iremos estar na vida de cada uma para o resto da vida, sinto que é um encontro de outras vidas, como se elas sempre tivessem feito parte da minha vida. Como Vovó e Webber, não sei se poderia viver sem eles.


TUDO POR VOCÊ (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora