• Capítulo 8

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Jhescy


Sinto meu corpo tremer com a voz dela. São meses sem receber uma ligação ou até mesmo uma simples mensagem, e agora ela me liga.

- Você está bem? – ela pergunta, não estou, mas também não vou dizer.

- Estou bem mamãe – eu sinto tanto a sua falta mãe, mas também estou tão magoada, como posso me abrir?

- O Hospital de Seattle me ligou, sou seu contato de emergência – foi por isso que ela me ligou.

- Já estou bem, não aconteceu nada – minto.

- Jhescy? – ela me chama.

- Mãe, a senhora já sabe onde estou. – não quero chorar, não quero dizer que preciso dela, que meu filho nasceu e ainda não o conheci - Preciso desligar – ela fica em silêncio - Tchau mãe.

Eu desligo a ligação, as lágrimas descem grossas por meu rosto, sinto os braços de Letty e Serena me abraçarem.

- Não chora – Serena me pede.

- Eu... – respiro fundo – eu vou parar.
Elas fazem carinho em minha cabeça, ganho um copo de água e bebo.
- Eu preciso de algumas coisas – olho em volta.

- Eu e Serena vamos buscar suas coisas. – Letty beija meu rosto.

- Não vamos demorar – Serena também beija meu rosto.

- Quero a vovó. – sorrio e elas se vão.
Depois de olhar todos os canais de TV e não encontrar nada que prenda minha atenção, chamo uma enfermeira, preciso ir ao banheiro e não consigo ir sozinha.
Quero tanto ver meu filho, estar com ele, poder abraçar, sentir seu cheiro, poder conhecer seu rosto. Meu filho é tudo que eu tenho, e eu sou tudo que ele tem. E agora ele nasceu e eu não posso estar com ele, não posso tê-lo em meus braços.

Uma batida na porta me desperta, espero que seja o tal doutor que estar cuidando do meu Mike.

- Entra - eu falo enquanto me sento na cama.

Eu não estou preparada para o que vejo quando a porta se abre, um jovem médico, loiro de olhos claros entra por ela, a roupa azul marinho por baixo do jaleco, combina com sua pele, me sinto envergonhada quando ele olha em meus olhos.

- Senhorita Davins - meu nome dança em seus lábios, estende a mão - Sou doutor Theo Harris pediatra neonatal do seu bebê.

- Harris? - falo seu sobrenome, estendo a mão e o comprimento.

- Sim, deve reconhecer - ele sorri, confirmo com a cabeça, sim, ele é o filho do Will, esta na aparência, apesar dele ser ruivo e o filho loiro, os dois são idênticos.

- Como está meu filho?  - preciso saber do meu filho.

- Seu filho está bem para a idade dele, costumamos dar uma nota para os bebês de zero a dez, seu filho esta em oito, vai ficar uns dias no aparelho respiratório, seus pulmões, apesar do choro forte, ainda não estão amadurecidos, quando ele estiver respirando sozinho, vamos estimular a amamentação. Por enquanto ele está se alimentando por uma sonda, mas você pode e dever ir ao banco de leite e retirar o alimento dele, é bom para o desenvolvimento, hoje como ainda não pode ir ao berçário vou pedir para uma enfermeira que venha aqui pra te ajudar a retirar o leite e mandar para ele, fora isso ele nasceu com trinta e oito centímetro e um quilo e oitocentos gramas.

Uma onda de alivio invade meu corpo, consigo ate imaginar como é o meu pequeno Mike.

- O senhor não conseguiria tirar uma foto dele?  - uma lágrima escorre pelo meu rosto - Por favor, Doutor.

- Theo, por favor. Faço isso, vovó Vany vai querer vê-lo também - ele sorri - preciso que preencha alguns documentos, ele precisa de identificação - ele me entrega alguns papeis.

- Então é mesmo neto da vovó Vany? -  pergunto, vai que estou enganada, afinal ele não é ruivo.

- Sou sim, ela me ligou, não sabia que o seu filho já era meu paciente, descobri há pouco tempo - começo a preencher os papeis Michael Davins, sorrio para o nome, meu pequeno Mike, agora tem identificação, como sonhei.

- Aqui - entrego os papéis a ele, ele olha para o papel e sorri.

- Michael? - ele pergunta.

- Algum problema com o nome? – faço uma careta.

- Nenhum, ele grita como Michael Jackson - ele sorri – estava o chamando assim, agora vou chamar só de Michael – ele diz para minha total surpresa. -  volto assim que puder com a foto, até mais senhorita Davins, se tiver alguma dúvida é só pedir alguma enfermeira pra me chamar.

- Obrigada Doutor Harris – sorrio em gratidão.

- Só Theo - ele sorri e sai do quarto.
Meu corpo relaxa, e eu nem sabia que estava tão tensa assim, ele é bem bonito, preencheu todo o quarto com sua presença e agora o quarto parece enorme quando ele sai.

Os dois furacões entram no quarto, Letty joga a bolsa no sofá e corre para meu lado.

- Foi o Theo que acabou de sair daqui? – Ela pergunta animada, Serena revira os olhos e senta na poltrona ao meu lado.

- Foi sim, ele está cuidando do Mike.

- Você esta brincando comigo né? - Letty senta ao meu lado.

- Não estou não, ele vai trazer uma foto do Mike, não posso sair desse quarto hoje - cruzo os braços. – quero tanto ver meu bebê.

- Vovó Vany, Will e o velho Webber estão vindo -  Letty diz quando deita ao meu lado.

- É senhor Webber - Serena ralha com Letty.

- Você precisa parar de chamar ele assim, duas meninas da lanchonete o chamaram de velho Webber - Letty tem um ataque de riso.

A porta se abre e lá esta minha querida Vovó Vany, ela chorou, sinto seu medo por mim. Ela vem em minha direção e me abraça apertado, recebo todo aquele carinho e me sinto amada.

- Minha querida, como esta se sentindo? - ela me investiga, passa a mão por meu rosto e sorrio.

- Estou bem - beijo seu rosto.

- Você me deu um susto, nunca mais faça isso - ela vira para o senhor Webber - ela se demite, não vai trabalhar mais.

- Esperava por isso - ele sorri e beija minha cabeça - você me deu um susto, não quero nem pensar o que poderia ter acontecido.

- Will esta lá fora conversando com o Theo, ele quer saber como está o bebê - vovó me fala quando arruma meus cabelos.

- O doutor Theo já esteve aqui, aquele gato - Letty senta no sofá com a mão no coração.

- Letty - Vovó chama seu nome.

- A senhora não ouviu nada - ela sorri, vovó Vany faz uma careta, mas logo sorri.

- Ele está cuidando do meu Mike - sorrio para o senhor Webber.

- Então o menino precisou fugir da sua barriga para descobrir o nome? - ele me sorrir e segura em minha mão.

- Parece que sim.

Mesmo sabendo que essa família que ganhei vai amar meu filho, eu sinto falta dos meus pais. Queria minha mãe aqui, segurando minha mão, meu pai conversando com o médico para saber se meu bebê está bem.

Daqui a uns anos, meu pai poderia leva-lo para pescar como ele tanto gosta, ensinar meu filho a gostar do seu esporte favorito, mas não é isso que estou vivendo, não tenho apoio dos meus pai, mesmo assim, sei que meu filho será muito feliz com essa família que tenho, eles o amam, tanto que estão aqui, querendo saber como ele está.

- Como está, Jhescy? - Will entra no quarto e se põem ao lado da mãe.

- Estou bem Senhor Harris - ele tem o rosto amigável.

- É Will, Jhescy. Meu filho vem daqui a pouco para te mostrar a foto, ele é um garoto enorme - ele sorri - consegui ver ele de longe, privilégios de ser o pai do melhor pediatra neonatal  - dá pra ver o orgulho que ele sente do filho, seus olhos recaem sobre Letty e ela não desvia, encara da mesma forma.

Sinto inveja de Will, até ele conseguiu ver meu filho e eu não, mas me sinto feliz em saber que ele e grande e alguém tão próximo conseguiu vê-lo.

A presença deles no quarto me faz bem, me sinto amada, Letty provoca Webber o tempo todo e Will não consegue tirar seus olhos dela, Vany assim como eu percebe.
Consigo esquecer a falta que meus pais fazem nesse momento, eles falam brincam ao meu lado e me deixam felizes.

- Vai ficar tudo bem meu amor – vovó Vany segura em minha mão e beija – Você será muito feliz, junto com seu pequeno Mike.

Ela passa a mão por meu rosto e sinto o que ela me diz, eu sei que isso vai acontecer, meu filho vai passar por isso e eu vou estar com ele, nunca vou abandona-lo, ele sempre me terá do seu lado.

TUDO POR VOCÊ (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora