JHESCY
Uma pequena parte do quarto se tornou do meu bebê, tem o berço e uma cômoda. O berço foi presente da Letty e a cômoda, do Webber.
Serene mantém tudo arrumado, segundo ela, já que não pode dar presentes, ela vai ajudar com as “coisinhas”.
Minhas costas doem quando limpo a última mesa, Webber me proibiu de limpar qualquer coisa, mas não gosto de ficar sentada o tempo inteiro.
A barriga de sete mêses está grande, Serena e Letty estão me ajudado bastante com massagem nos pés.
- Eu já te disse para descansar mais – Senhor Webber coloca um copo de água na minha frente.
- Estou descansando – sorrio e bebo a água – Obrigada.
- Essa barriga está enorme – ele senta na minha frente – E o nome? – todo dia ele me pergunta.
- Ainda tenho dúvidas, mas está próximo – passo a mão na minha barriga e sinto seu chute – viu isso? – sorrio.
- Vi, esse garoto vai ser jogador – senhor Webber é fanático por futebol, não o bom e velho futebol americano, mas sim o futebol da Inglaterra, como ele gosta de dizer.
- Tenho certeza que o senhor vai ensinar. – ele afirma.
- Claro que vou, acha que foi à toa que comprei uma bola para ele? – ele realmente deu uma bola para meu bebê.
- Tenho certeza que não.
- Você pode abrir a loja amanhã? Tenho um compromisso e só vou poder estar aqui depois do almoço e Letty vai pegar o turno da tarde, estou precisando dela a noite. – ele me pede.
- Claro que posso, senhor Webber. – ele e sempre tão gentil comigo, como posso negar um pedido tão simples?
Depois de trancar a lanchonete eu caminho para o lar. Minha casa.
São pessoas incríveis as que estão lá, me sinto numa grande família. Até mesmo Will que e sempre tão na dele, mostra algum carinho por nós.
São adolescentes que vivem lá, mais ou menos duzentas meninas, entre quinze a vinte um anos, no máximo vinte e dois anos.
Vovó Vany ficou viúva ainda jovem, Will tinha quinze anos quando ela perdeu seu esposo. Ela conta que ele deixou muito dinheiro e seu filho a ajudou com aplicações, algo com a bolsa de valores, e de lá ela conseguiu triplicar sua herança, sendo assim ela abriu o lar, depois começou a receber algumas boas doações e mantém o lar. Ele já existe a dez anos, algumas vezes o estado pede ajuda com crianças, mas é bem raro, estou aqui a quase sete meses e nenhuma criança foi mandada para cá.
Quando passo pela porta encontro vovó, ela está pelo corredor, o que ela mais gosta de fazer, caminhar pelos corredores e conversar com as meninas.
- Demorou hoje minha querida – Vovó beija meu rosto.
- Fiquei conversando com o senhor Webber e acabei perdendo a noção da hora – aviso e ganho outro beijo no rosto e um carinho na barriga.
- Precisa avisar. Vai me matar de tanta preocupação – ela faz uma carinha de tristeza.
- Foi a última vez, amanhã vou abrir a loja – aviso - então acho bom eu dormir cedo – beijo seu rosto – vejo a senhora no café da manhã?
- Com toda certeza, boa noite minha querida.
- Boa noite vovó – jogo um beijo pra ela e caminho para o meu quarto.
- Estou te falando Letty, ele terminou com ela, ele estava falando com a vovó Vany – Letty conta a Serena.
- Como você sabe disso? – Serena questiona – eles namoram uma vida toda.
- Boa noite meninas – elas me olham e ganho sorrisos.
- Boa noite – elas dizem ao mesmo tempo.
- Isso é hora de andar por aí com meu afilhado? – Letty acha que é minha mãe.
- Perdi a hora, e vocês, estão falando de quem? – sento na cama e tento tirar meu tênis, Serena pula na minha frente e começa a tirar, ela é atenciosa o tempo todo.
- Estávamos falando de Theo Harris o neto da vovó Vany, ele terminou o namoro com a antipática da Willan.
- Vocês não cansam de falar desse garoto? – levanto da cama – eu tenho certeza que ele deve estar com a orelha vermelha agora. Vou tomar um banho.
- Você não conhece Theo Harris, ele é bonito igual ao pai. Tem sete meses que você mora aqui, não acredito que ainda não o conheceu – Letty me entrega uma toalha, pego minha roupa.
- Eu trabalho e estou grávida, não fico atrás dos caras bonitos, igual ao gato de olhos claros, não. – sorrio e jogo a almofada em Letty.
O dia em Seattle amanhece fresco, um sol fraco deixa o clima quente. Sinto meu bebê mexer, está crescendo, falta pouco, bem pouco, sorrio e caminho para a lanchonete.
Uma dor corta meu ventre, me dobro e sinto algo escorrer por minhas pernas, olho para o chão e vejo o sangue, sinto uma mão me apoiar, mas não consigo enxergar mais nada.
"Sento-me na grama e vejo um garotinho de olhos claros com o cabelo loiro correndo.
- Mamãe – ele esta chamando. – Mamãe, vem aqui – ele me chama com a mão.
- Oi, meu filho – levanto e vou ao seu encontro.
- Estava com medo mamãe – ele me abraça forte e sinto seu cheiro.
- Não precisa sentir medo, mamãe está com você. Quer brincar? – ele sorrir e me sinto completa.
- Eu quero, mamãe – a voz é tão doce.
- Amo você, mamãe – ele me abraça e o seguro no colo.
- Eu também amo você, Mike – beijo seu rosto e sinto meus braços ficarem vazios, sinto medo, meu filho sumiu, tento correr mas não consigo.
- Mike – grito por ele – Mike."
- Senhorita Davins – uma voz doce me chama.
- Mike – eu grito novamente, uma mão me desperta, era um sonho.
A mão que me despertou está sobre meus ombros. Abro os olhos e vejo o teto branco, sinto o nó em minha garganta.
- Senhorita Davins – ela repete meu nome, olho para ela e vejo uma jovem enfermeira.
- Onde estou? – pergunto com um nó na garganta.
- A senhorita está no Hospital de Seattle – ela faz uma pausa – consegue se lembrar de algo?
Olho em volta e fecho os olhos, lembro da dor, do sangue enquanto estava indo para o trabalho.
- Estava caminhando para meu trabalho como faço todos os dias. Foi quando eu senti uma dor e estava sangrando – coloco a mão na minha barriga – Meu filho. O que aconteceu?
- Seu filho está bem – ela diz - Eu vou chamar a Dra Rachel, ela vai explicar o que aconteceu – ela dar um sorriso fraco - Também vou chamar o Dr Harris, ele é o medico do seu filho. Suas amigas estão lá fora, eu vou chamá-la s, vou pedir que traga algo para você comer, tudo bem?
Afirmo com a cabeça, quero entender tudo o que aconteceu, sinto as lágrimas descer por meu rosto, meu filho nasceu e não vi o seu rostinho, eu tinha tantos planos de um parto normal, de poder segura-lo em meus braços, de dizer o quanto ele é amado por mim. E agora, ele não está aqui ao meu lado, não sei nem mesmo o que aconteceu.
Sinto meu coração pesado, eu fiz algo de errado, eu o fiz sofrer, ele me disse no sonho, não foi? A porta se abre e vejo Letty e Serena entrarem.
- Jhescy – Letty corre para a cama e me abraça. Serena vem logo atrás e me abraça também.
- Como está se sentindo? – Serena pergunta - Alguma dor?
- Eu não estou sentindo dor, só quero meu filho, o que aconteceu? – pergunto entre lágrimas. – Vocês o viram?
- Não sabemos de nada ainda, como não somos parentes a Dra Rachel não quis falar nada sobre você e nem sobre meu afilhado – Letty diz.
- Mike – eu digo, elas me olham sem entender – O nome dele é Michael - sorrio.
- Que lindo – Serena beija meu rosto.
- Eu também achei bem bonito. – Letty diz sentando no sofá. – Quando escolheu?
- Eu tive um sonho com ele. – conto a elas o sonho, as minhas duas melhores amigas choram ao meu lado, eu só consigo me sentir amada por elas existirem.
- Como vocês ficaram sabendo? – questiono.
- Cloe me ligou, dizendo que você não tinha chegado – Letty diz – foi então que comecei a ligar para você, estava desesperada e alguém daqui atendeu, disse que você estava aqui. Liguei para Serena e viemos.
- Obrigada meninas, eu nem sei como seria minha vida sem vocês – eu conto – vovó sabe?
- Eu contei ao Will, ele ainda não falou com ela, o velho Webber também sabe. – Letty sorrir – eu disse que daria notícias assim que soubesse, aí Will vai contar a ela e eles vêm para cá.
- Você fez certo – a porta se abre.
- Jhescy? – a voz da Dra Rachel preenche o quarto – Como se sente? – ela pergunta se aproximando.
- Estou me sentindo bem, quero meu filho doutora. – eu não aguento de tanta ansiedade e medo.
- O Dr Harris é quem está cuidando dele – ela diz - daqui a pouco ele vem conversar com você. – Dra Rachel chega mais perto e começa me examinar.
- O que aconteceu Doutora? – Serena pergunta.
- Jhescy teve um deslocamento prematuro da placenta e teve uma grande perda de líquido e sangue, o melhor foi fazer uma cesárea – ela segura minha mão.
Um deslocamento de placenta? Eu estava bem, não senti nada, não me senti estranha ou algo do tipo.
- Como? – eu pergunto – Fiz tudo que você me pediu.
- Infelizmente isso é algo que pode acontecer no começo da gravidez ou no final, não é culpa sua, seu bebê está bem. Pode acontecer por vários motivos, iremos fazer um estudo do seu caso, afinal você não tinha nenhum sintoma que isso poderia acontecer. – ela segura em minha mão - Eu estou de plantão, se precisar de alguma coisa e só me chamar.
- Obrigada, doutora – dou um sorriso fraco e ela sai do quarto.
- Não pode chorar mais Jhescy – Serena me diz – Nosso Mike precisa de você, ele vai ficar bem, sonhou com ele.
- É verdade, Jhescy – Letty diz – Você viu ele grande e bonito, não pode ficar triste.
- Eu sei, eu vou ser forte por ele – eu falo. Não só para elas, mas para mim. Preciso acreditar nisso, preciso fazer isso, preciso ficar inteira para poder cuidar dele.
Meu celular toca sobre o móvel, levo um pequeno susto, não percebi que ele estava ali.
Letty pega e me entrega, o nome MAMA esta na tela, meu coração acelera, olho para Letty e Serena, o medo volta a me atingir, mas crio coragem e atendo a ligação.
- Alô – eu falo, a garganta trava e engulo em seco.
- Jhescy – mamãe fala do outro lado da linha.
Eu não sei o que dizer, na verdade não tenho nada a falar, eu pedi a ela, e ela simplesmente não fez nada. Não brigou por mim, e agora não sei o que dizer a ela, só sinto meu coração acelerado e medo dessa ligação.
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TUDO POR VOCÊ (Degustação)
RomansaO baile de formatura é o rito de passagem de qualquer adolescente norte-americano. Para alguns é só mais um baile comum, pra Jhescy Davins é a festa da sua vida. Com pais conservadores e religiosos, ela não teve uma adolescência comum. Mas como será...