Alexandra dormiu até as nove horas do dia seguinte. Quando chegou na cozinha, encontrou a Srta. Holland tirando do forno uma bandeja cheia de pães. As meninas Alberoni já estavam lá e Alexandra sentiu-se uma intrusa.
A manhã estava linda. A tempestade tinha refrescado o ar e as pastagens que desciam até o rio estavam mais verdes e brilhantes.
Moveu-se timidamente até a mesa de madeira e a Srta. Holland colocou à sua frente uma xícara de café e um pão quentinho com manteiga.
- Sirva-se - falou alegremente. Depois, virando-se para Luísa: - Luísa, quando acabar de escolher o feijão, vá, por favor, perguntar a Chan onde o sr. Styles guarda o vinho.
Alexandra sentou-se e, embora tomasse alguns goles de café, não tocou no pão.
Enquanto Luísa foi à procura de Chan e Helena tratava dos quartos, a mulher virou-se para Alexandra, tão desanimada em frente à mesa.
- Se não soubesse que você ainda não viu o sr. Styles eu pensaria que ele tinha contado o desastre que foi o jantar de ontem - comentou inocentemente.
Repentinamente, Alexandra sentiu-se interessada.
- Meu jantar! O que estava errado com ele?
A Srta. Holland sorriu sem malícia e comentou depois:
- Está querendo perguntar o que foi que saiu certo, não é? Minha criança, não se costuma assar o quarto dianteiro do boi, a não ser que se possa deixar cozinhando por muitas horas.
Alexandra olhou-a, esquecida de seus problemas, querendo defender sua capacidade de cozinhar.
- Está querendo me dizer que a carne ficou dura?
- Um pouco.
- É aquele forno! Não estava bastante quente - Alexandra afirmou imediatamente.
- Pelo contrário; estava quente demais.
- E o pudim Yorkshire? - Alexandra perguntou, tensa.
- Estava razoável. Um pouco encaroçado, mas não havia jeito de melhorar.
Alexandra engoliu em seco.
- O que foi que eles disseram?
- Quem? O sr. Styles e o sr. Goya? Eles foram compreensivos.
- Compreensivos! - Alexandra sentia-se miserável. - Não quero a compreensão deles!
- Achei que deveria contar a você - falou a velha dama, calmamente. - Eu quis acordá-la, mas o sr. Styles achou que era melhor deixá-la dormir.
Alexandra tremeu de indignação.
- Quer dizer... quer dizer que foi Harry... quem não a deixou me acordar?
- Isto mesmo. Ele subiu e logo desceu, dizendo que você havia adormecido.
- Ele disse? - Com incrível clareza, Alexandra lembrou-se de seu despertar, no meio da tempestade. Sem sentir, levantou as mãos, protegendo os seios pequenos, que despontavam sob a camiseta fina de algodão. - Ele não disse mais nada?
- Não, não disse - respondeu a Srta. Holland, enquanto se servia de uma xícara de café. - O que aconteceu? Você pretendia dar um cochilo?
- Não - Alexandra protestou vivamente. - Eu... fechei os olhos. É tudo o que me lembro.
- Então imagino que tirou a roupa antes de ir ao banheiro?
- O quê? - Alexandra sentia o rosto ardendo de vergonha. - Ah... ah, sim! Eu... eu a acordei, ontem à noite.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Anjo Loiro
RomanceAlexandra era tão pura quanto uma criança. Criada num convento, não conhecia os segredos da vida e nem sabia a diferença entre a amizade e o amor que une um homem a uma mulher. Depois da morte do pai, foi viver numa fazenda no Uruguai, com Harry, se...