Chapter 11

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A casa mobiliada que a Srta. Holland alugara, ficava no elegante bairro de Belgravia, em Londres. A fachada georgiana, alta e estreita, era mais suntuosa do que Alexandra teria esperado, mas a sua acompanhante lhe garantira que Harry tinha insistido para que elas se instalassem confortavelmente. No porão ficava o apartamento da zeladora, a Sra. Beesley, e do marido.

Alexandra demonstrou pouco interesse pelos arredores. Na verdade, desde que partira da América do Sul estava demonstrando pouco interesse por qualquer coisa., A casa possuía uma razoável biblioteca, onde ela passou seus primeiros dias, apesar da insistência da Srta. Holland para que desse uma volta sob o sol aguado da primavera.

Desde a terrível cena com Estelita, teve bastante tempo para pensar, e seus pensamentos não eram nada agradáveis. Chegou à conclusão de que a razão por que Harry insistira para que ela partisse fora mesmo a mulher. Era verdade que ele se sentira atraído por ela, mas também era verdade que isto fora durante a ausência de Estelita. Fora-lhe mais fácil atrair Harry sem a presença da outra. Provavelmente, logo que Harry soubera que Estelita ia voltar, chegara à conclusão de que não teria condições de satisfazer as duas ao mesmo tempo; teriam ciúmes uma da outra. Por causa disto, decidira que a garota inglesa deveria partir. Sabia que se conseguisse tirá-la dali, ela não retornaria, a não ser que a chamasse. E, enquanto isto, Estelita já teria planos para o dono de San Gabriel.

As coisas andaram depressa, quando Alexandra concordou em partir. Nunca soube quem organizou tudo para que viajassem no fim daquela semana, mas Harry parecia curiosamente indiferente. Fora Estelita quem informara que partiriam no vôo da sexta-feira, pela manhã, e quem as tinha levado até Valvedra fora Ricardo.

Na noite de quinta-feira, Harry pedira à Srta. Holland para ir até a biblioteca, pois desejava ter com ela uma pequena conversa, logo depois do jantar. Alexandra esperara que a incluísse no convite, mas teve que enfrentar a desagradável realidade: Harry a considerava uma verdadeira criança, que não deveria ser incluída numa conversa de adultos. Imaginou que ele estava dando instruções à Srta. Holland para a estada delas na Inglaterra. Alexandra foi deitar-se sem ter visto Harry mais uma vez, e, assim, as primeiras sementes da desconfiança foram semeadas.

Embora mal tivesse dormido naquela noite, as primeiras luzes da aurora já a encontraram nos estábulos, dizendo adeus a Jave. Plantou um beijo choroso no rosto enrugado, antes de se despedir de Plácida, à égua tão dócil, companheira de suas primeiras lições.

Sua despedida de Harry fora muito formal. Ele aparecera quando ela estava tomando o café, e parecera irritado ao vê-la. Alexandra pensou, então, que talvez ele esperasse encontrá-la inconsolável cercou sua fragilidade numa capa de indiferença. Ela não fraquejaria, não lhe daria este prazer!

Então, depois que Ricardo colocou as bagagens no Jeep, e que a Srta. Holland fez suas despedidas, estendeu a mão para Harry, percebendo-lhe a irritação nos olhos escuros.

É como se fôssemos dois estranhos, pensou, amargurada, dois inimigos, indiferentes a um contato maior.

Bem que percebera que ele esperava um beijo de despedida. Gostava de beijá-la... nunca fizera segredo disto. E ela estava contente pela pequena vitória conseguida. Mas depois, já a bordo do Boeing, no aeroporto de Valvedra, trancou-se no toalete e entregou-se ao desespero, chorando amargamente.

A princípio, chorava bastante, geralmente quando ia dormir. Tornou-se pálida e triste. Mas, gradualmente, seu desespero transformou-se em revolta, e desprezou-se por sua imaturidade, o que lhe deu forças. Harry não passara de uma experiência, tentava se convencer. Sua primeira experiência! Aquela seria a primeira e única vez que daria o coração a um homem!

Anjo LoiroOnde histórias criam vida. Descubra agora