— Não havia nenhuma necessidade de se portar assim tão descuidadamente — ralhou a Srta. Holland mais tarde, naquele dia. — Você poderia ter-se matado. Não percebe que poderia ter quebrado o pescoço?
— Não caí de propósito. Foi um acidente, somente isto. E não acontecerá mais.
— Tenho certeza que não. De agora em diante, eu irei sempre com você e vou garantir que não faça tolices.
Alexandra estava muito preocupada para argumentar com a outra.
— Qual é o alcance de um rifle? — perguntou, abruptamente.
— Um rifle?!
A Srta. Holland estava chocada e Alexandra aproveitou sua vantagem.
— Um rifle, sim. Quero saber a que distância um homem precisa ficar de uma onça para ter certeza de que a matará.
A Srta. Holland não conseguia esconder o seu espanto.
— Francamente, Alexandra! Você é uma criança muito desconcertante.
— Eu não sou uma criança.
— Muito bem. Uma menina, então. — Suspirou. — O que tem a ver com a nossa conversa o alcance de um rifle?
— Harry tem um rifle — Alexandra respondeu, inocente. — Eu... só estou interessada em saber, mais nada.
— Bem, acho que é uma pergunta que vai ter que fazer a ele. Não entendo nada de armas de fogo. Coisas perigosas!
— Lorde Carleon não gostava de atirar?
A Srta. Holland franziu a testa, sem entender qual o motivo daquela conversa.
— Bem... sim — respondeu, afinal. — Mas era muito diferente. Ele usava uma espingarda, não um rifle.
Alexandra riscou com as unhas a superfície de madeira rústica da mesa, enquanto respondia.
— Eu sei que espingardas são diferentes de rifles. Com um rifle a pessoa tem que ter melhor pontaria. A espingarda solta chumbinhos por todos os lados.
— Bem, eu não diria isto — respondeu a Srta. Holland, indignada. — São armas completamente diferentes. Aquele jovem... Manuel... está metendo em sua cabeça idéias de caçadas? Porque eu previno você que...
— Não! Quem gosta de caçar é o patrão!
— Está se referindo ao sr. Styles?
— Isto mesmo. — Alexandra olhou desafiadora para a outra. — Não sabia disto?
— Se eu sabia? — a Srta. Holland respondeu, atrapalhada. — O que eu poderia saber? Alexandra, do que está falando?
— Talvez não devesse contar à senhora. Afinal de contas, até eu não deveria estar sabendo disto...
— Alexandra!
— Ah, está bem... — A alegria que sentia por ter conseguido envolver a outra logo se dissipou quando pensou na gravidade da missão que Harry tinha pela frente. — Um Jaguar anda rondando a fazenda — contou, com a voz trêmula, revelando toda a sua apreensão. — Manuel me contou.
— Presumo que ele não tenha a autorização do sr. Styles para contar uma coisa destas. Ele deveria ter mais juízo.
— Por quê? — Alexandra estava indignada. — Por que não deveríamos saber? Não somos crianças!
— Não. Mas provavelmente o sr. Styles não queria alarmar você. Vou conversar com Ricardo sobre este jovem...
— Não! Não faça isto! — Alexandra levantou-se de um salto. — Ele não pretendia me contar. Foi... foi uma coisa que escapou!
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Anjo Loiro
RomanceAlexandra era tão pura quanto uma criança. Criada num convento, não conhecia os segredos da vida e nem sabia a diferença entre a amizade e o amor que une um homem a uma mulher. Depois da morte do pai, foi viver numa fazenda no Uruguai, com Harry, se...