Chapter 10

942 54 1
                                    

Com o rosto molhado de lágrimas encostado à pele suada do peito de Harry, Alexandra não pensava em mais nada a não ser no paraíso que era estar em seus braços novamente. Fazia tanto tempo que ele a tinha abraçado, tantos dias, tantas noites em que ela pensara que ele a odiava! Mas agora estava onde sempre quisera estar, no lugar a que pertencia. Não importava que ele a abraçasse mais com raiva do que qualquer outra coisa. Estivera preocupado com ela, Alexandra sentia claramente naquele abraço, no calor do corpo dele. Com a mão em sua nuca, os dedos entre seus cabelos loiros e macios, Harry fazia um tremendo esforço para se controlar, mas as batidas do coração dele revelavam o que sentia.

Alexandra, por sua vez, agarrada a ele, ainda assustada por causa da experiência que tinha passado, esquecia-se das mãos cortadas. Seu corpo se rendia à intimidade daquele abraço, e ela não pensava em mais nada, a não ser nela e em Harry. Ela o amava, e não mais se importava que ele soubesse. Como se adivinhasse o que ela sentia, Harry a afastou um pouco e a olhou com paixão.

— Quanto mais você acha que sou capaz de agüentar — disse, atormentado, mas neste momento viu o sangue que manchava a blusa dela. — Meu Deus! Então era seu este sangue! — ele falou, com voz rouca, enquanto beijava com carinho aquelas mãos machucadas. — Nós... Ricardo e eu... encontramos sangue nas rochas, por ali — explicou, enquanto apontava com o olhar a encosta por onde Alexandra tinha descido. — Nós pensamos... Meu Deus! Não sabíamos o que pensar! — Ele balançou a cabeça, aflito. — Alexandra, Alexandra, o que vou fazer com você?

Seus olhos ergueram-se para o adorado rosto de Harry.

— O que você quer? — murmurou ela e os olhos dele se fecharam, escondendo o tormento que experimentava.

— Não me pergunte isto — ele respondeu, rouco, mas quando abriu novamente os olhos, a incerteza que viu no rosto de Alexandra destruiu as últimas barreiras. — Oh, Alexandra! Meu amor! — Aquelas palavras saíram do mais profundo de seu peito e desta vez a apertou contra si e sua boca encontrou a dela.

Não havia agora reservas entre eles. As agonias pelas quais ambos haviam passado tinham aguçado seus sentidos e eles se beijaram desesperadamente. O corpo viril de Harry, colado ao dela, não a deixava duvidar da fome que ele sentia.

— Quando você não voltou... — ele falou finalmente, enquanto as mãos procuravam os seios dela por baixo da blusa. — Tem idéia do medo que passei?

— Eu sinto, sinto tanto... — ela sussurrava, quase sem fôlego por causa de suas carícias. — Não queria preocupar ninguém, mas a égua fugiu e eu não sabia o que fazer...

— Você não sabia... — Harry falou, emocionado, segurando novamente as mãos feridas dela. — Eu quase perdi a cabeça! — Alexandra levantou os olhos para ele.

— Eu... eu pensei que você ia ficar zangado...

— Zangado! Não foi raiva o que eu senti naquele momento. Só queria ter você em minhas mãos...

— Como agora?

— Não, não como agora — ele resmungou, os olhos semicerrados demonstrando o desejo que brilhava neles. — Eu queria sacudir você... ou estrangular você! Qualquer coisa para evitar que me destruísse!

— Mas por quê? — ela falou, assustada.

— Oh, Alexandra! — Ele a puxou para mais perto ainda, colando o corpo frágil ao dele, e olhando para cima, onde Ricardo esperava e observava... — Tentei resistir a você, mas não consigo. Tentei fazer com que me detestasse, mas parece que não deu certo, não é?

— Detestar?! Eu amo você, Harry!

— Você pensa que ama — respondeu ele, mais calmo. Depois, controlando-se, abotoou novamente os botões da blusa dela. — Você é jovem demais para saber o que quer, Alexandra...

Anjo LoiroOnde histórias criam vida. Descubra agora