VINCENT NARRANDO:
Eu corria tentando me livrar daqueles malditos pensamentos. Raiva, era tudo que eu sentia. Raiva do que eu estou sentindo, raiva de esconder o que estou sentindo, raiva de mim. Meus pulmões agirá queimavam, a corrida estava intensa e eu percebi que já estava muito longe da casa principal. Fui até a cabana que tinha perto dali, a academia que montei ficava lá. Fui até a mesma e comecei a me preparar para socar o saco de areia ali. Eu soquei, descarreguei minha raiva, tentei limpar minha mente. Eu quase não respirava de tão intenso os exercícios. Quando senti que estava mais calmo e mais lúcido, corri de volta a casa principal. E tudo que vinha a minha cabeça era os olhos azuis acinzentados dele. A pele macia e cheirosa, sua voz suave, seus lábios, suas lágrimas. Aquelas lágrimas que me atingiam como uma chuva cortante e sem fim, que me fazia querer amparar e limpar cada uma. Mas como posso? Eu não sei amar, não sei falar que gosto dele, de cada parte dele. Me foi ensinado que não se deve gostar de um escravo, que não se deve demonstrar amor para com eles. Meu pai me disse uma vez que a pior sensação do mundo é amar alguém que não se pode amar. Ele tentou mudar as leis, mas desistiu por causa do Conselho e por que se apaixonou por minha mãe, mas eu sei que ele ama Selena. Mas nunca pode dizer é demonstrar isso para ela ou para qualquer pessoa. Mas eu sei. Sempre soube.
Eu pensei que não seria como ele. Que nunca me deixaria gostar de alguém que não se pode gostar, mas eu... eu não entendo como me deixei... eu não posso deixar isso acontecer. Não posso. Mas toda vez que olho para ele, toda fodida vez eu me sinto como um garoto medroso. Então eu machuco ele, porque eu sou um garoto com medo, que não posso gostar, com raiva de gostar, tenho raiva de tudo, mas de mim principalmente. E essa raiva eu uso para não permitir que ele perceba, que eu gosto tanto dele. De cada parte dele. Adoro seu jeito submisso. Seu corpo, acho que sempre gostei. Eu vi ele crescendo no ventre de Selena, vi ele nascer, e se tornar um bebê lindo e gorducho. Mas desde de bebê eu adorava estar perto dele, olhar seus olhos inocentes e infantis. Seus cabelos cacheados e castanhos acobreados. Mas ele foi para o campo ainda bebê, ele tinha completado dois anos quando foi embora, e aquilo sem dúvidas foi doloroso. Mas como eu poderia mudar aquilo? Eu era um adolescente com responsabilidades que nenhum outro tinha. Depois que ele se foi, eu não pensava em outra coisa senão em poder vê-lo. Mas com muito esforço afastei os sentimentos que tinha por ele para poder ser o homem que meu cargo exige. Mas sempre que eu sentia saudades, eu olhava uma foto dele como um bebê sorrindo pra mim. Seu rosto ainda é tão infantil e bonito. Eu consigo ver aquela criança refletida nos olhos daquele jovem. Isso sempre acaba comigo de uma forma tão ridícula, eu não poderia gostar dele.
Cheguei na porta da casa principal e parei, refleti tudo que aconteceu a pouco tempo, toquei meu rosto e senti o mísero arranhão, e como eu merecia ele, merecia muito mais. Eu tenho que castigar ele, mesmo ele sendo inocente, e isso é frustrante. Eu gosto da submissão dele, mas odeio machucar ele sem motivo. Odeio ter que agir como um animal, mas é preciso. Porque se eu não for assim, tenho medo de não ter volta e meus sentimentos acabe me machucando e matando ele. Eu não quero que ele me ame, decepcionar ele será algo pior do que a dor que sei que ele sente agora. Eu queria poder tirar ele daquele lugar, tratar suas feridas e consolar sua angústia. Mas tenho que ser firme, forte, como tenho que ser. Vou tirar ele amanhã de manhã e deixar que ele descanse, precisamos ir para Londres depois de amanhã. Entro na casa e suspiro. Vou ao meu quarto, tirei minhas roupas e tomei um banho de água fria. Eu precisava esfriar a cabeça.
Não demorou muito e já era noite. Estava sentado na mesa de jantar pensando, a comida estava intacta. Não devia sequer uma colher de comida, eu só conseguia pensar em Angie trancado na caixa. Eu joguei tudo ao meu alcance no chão e sai pisando forte, fui para meu escritório e tentei me concentrar em algo. Só vou tirar ele de la amanhã depois do café, mas se eu deixar me levar, tiro de lã agora. Mas seria fraqueza, e isso não é uma opção. Me distraí e quando vejo já é bem tarde, me levanto do assento confortável e vou até meu quarto, tiro minha roupa e olho a cama de pelos que mandei fazer para Angie. Me certifiquei que fosse muito confortável. Me direcionei a cama de pelos e o cheiro de flores me atingiu, me inebria aquele cheiro delicado e gostoso. Suspirei e me deitei na minha cama e fiquei olhando a cama no canto do quarto, não conseguia dormir. Já era pouco mais das quatro da manhã e eu não conseguia mais olhar para aquela cama e me martirizar, me levantei, vesti uma roupa de frio e fui até o porão, lá tranquei a porta do dormitório de Apolo e dei ordem para os guardas não se aproximarem ou mesmo olhar para a casa. Fui a enfermaria no porão e peguei uma seringa e um sonífero forte. Subi até o quarto e de lá fui em direção para a masmorra, ali era frio e escuro. Fui até a caixa que deixei ele e abri o cadeado, vi seu corpo trêmulo, suas lágrimas estava em seu rosto, seu choro era silencioso, ele me olhou e com súplica me pediu para sair dali, ele resmungava algo, tirei ele da caixa e coloquei ele na cama ali presente, tirei a mordaça e ele tossiu e me implorava perdão e soluçava, me mantive Calado e concentrado em desamarrar o resto de seu corpo. Ele estava livre agora, coloquei seus braços para frente e ele gritou de dor, seu ânus e mamilos estavam avermelhados e um pouco inflamados. Ele não parava de chorar e pedir desculpas e perdão. Peguei a seringa e o líquido com sonífero, preparei a seringa e peguei seu braço, apliquei na veia e logo eu vi ele ficar sonolento e por fim dormir.
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Pequeno Escravo
RomanceAqui estou eu, sendo levado para meu destino. Se eu sei quem é dono dele? Óbvio que não. Afinal, sou um escravo que acabou de atingir a idade de ser levado ao meu dito Dono. Não faço ideia para onde estou indo, para quem servirei e entregarei minha...