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-Meu deus, Gael! Como descobriu isso? Quero saber de tudo! -Abri um sorriso muito enorme depois que consegui processar a informação. -Já sabem onde ele está? Quem é?

-No domingo, logo assim que cheguei em casa, uma mulher bateu na porta, nunca tínhamos a visto na vida. Ela pediu para entrar falando que tinha um assunto importante, o que deixou minha mãe meio desconfiada, mas acabou deixando mesmo assim. Ela  disse que era enfermeira e estava no parto do meu irmão. Disse que não o viu morrer e que sabia que ele não tinha morrido. Ela falou que existem médicos que participam do tráfico de crianças, eles falam para os pais que estão mortos e vendem para famílias querendo ter filhos ou para traficantes de bebês. 

-Que horror! -Não conseguia pensar como uma pessoa podia ser tão ruim assim, a ponto de roubar crianças dos próprios pais. Não consigo nem imaginar meus próprios pais fazendo isso. Bom, eu sei que eles são criminosos e matam sem piedade, mas, eles matam adultos, seriam incapazes de fazerem mal a um bebê. -Mas por que agora? Por que ela decidiu falar agora?

-Minha mãe fez a mesma pergunta, ela disse que teve uma filha e conseguiu se colocar no lugar das outras mães.

-Tem outras? -Perguntei horrorizada levando a mão na boca. 

Ele assentiu. 

-Ela disse que viu esse mesmo médico fazer isso umas sete vezes. -Senti um aperto no peito ao pensar no desespero das mães que passaram por isso. -Ela falou que nunca teve coragem de falar antes porque ele ameaçava ela e as outras pessoas da equipe, mas disse que a culpa é maior que o medo de morrer, mas é claro que ela vez umas exigências pela informação. 

-Já acharam o médico? Ela sabe que vai presa por isso?

-Essa foi uma das exigências, ela quer que todas as mães a ajudem a não ir presa, caso ela não morra. E não, não achamos o médico. Ele sumiu, não só do país aparentemente, esse cara não existe em lugar nenhum. Mas minha mãe contratou um detetive e um advogado para acharem ele. 

-E quanto tempo isso leva? 

-Bom, o detetive disse que pode levar um dia, como pode levar meses e, dependendo, até anos. 

-Anos?! -Falei assustada. 

Eu podia imaginar como o Gael estava se sentindo. Se eu que estou de fora da situação já estava sentindo um mix de sentimentos, conseguia imaginar o quanto mais ele e a mãe dele estariam felizes, desesperados, irados, cheios de ódio, amor para dar, apreensão, tensão e alívio. 

Era muito feliz pensar que o seu filho está vivo, ao mesmo tempo bate o desespero de saber se a criança está bem tratada e se vai aceitar voltar para seu verdadeiro lar. O ódio e a ira também não devem estar bem distantes. Como será que eles se sentem sabem que algum sádico e psicopata roubou o filho dela para vender? Mas como lidar também, com a necessidade de amar e encontrar essa criança o quanto antes? Saber que isso pode demorar anos deve ser apavorante. 

-Mas estamos esperançosos. As outras mães devem começar a procurar esse desgraçado também, o que deve agilizar muito o processo. 

-Gael, eu estou muito muito muito feliz em saber disso. -Abri um sorriso enorme o qual foi retribuído pelo Gael.

Foda-se, eu preciso beijar esse garoto agora! 

O beijei, ele retribuiu sem nem pensar duas vezes.

Tudo pode mudarOnde histórias criam vida. Descubra agora