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A semana foi um saco. A verdade é que a escola é um saco sem a Luna e o Vini. Eu e os meninos ainda ficamos juntos, mas não tem mais as risadas que tinha com o Vini ou as imprevisibilidades que tinha com a Luna. Agora somos quatro amigos que se mantém unidos por compartilhar saudades das mesmas pessoas. O Ian, coitado, ainda se culpa pelo Vini ter ido embora. Quando os meninos do futebol fazem piadas homofóbicas, ele não tenta mais negar que é gay. Ele finge não ligar e a gente o defende, mas nada parece fazê-los parar. Dei a ideia dele processar esse cretinos, mas para isso ele precisaria se assumir para os pais, o que ele não parece muito a fim de fazer. Então, infelizmente, todo dia temos que ouvir o Felipe e os amigos de merda dele. O Igor está triste pela Luna ter saído da escola, mas não sabe a sorte que tem da Paula ainda permitir que ele a veja. Ele meio que virou nosso pombo correio e fala sobre como ela se sente na nova escola e como está. Sei que ele mente sobre a Luna e eu estarmos felizes, eu sinto que ela não está bem e sei que ela também consegue sentir. O Gael parou de andar com os amigos dele no intervalo e virou o terapeuta do grupo, é ele que nos anima e nos faz ver o lado positivo das coisas, seja ele qual for. 

-Eu vou deixar vocês verem um filme sem minha ilustre companhia. -Meu irmão disse  de forma dramática, assim que chegamos da escola na sexta. -Vou para o meu quarto estudar ou fingir que vou estudar. -Eu e o Gael rimos. 

-Vai almoçar antes. -Falei indo para a cozinha e os dois me acompanharam. 

Ficamos conversando enquanto eu fazia algo para almoçarmos. O Isaac estava muito empolgado com seus novos amigos que passou o tempo todo falando deles, arrancando boas risadas minhas e do Gael. 

-Está pronto. -Peguei três pratos e dei um para cada. O Isaac se enfiou na frente de nós dois para pegar a comida, depois foi a minha vez e o Gael ficou por último. Comemos na sala de jantar. 

-Será que esse fim de semana podemos ir a cachoeira? -Meu irmão perguntou.

-Sim. -Respondi. -Podemos chamar o Ian, o que acha?

-Pode ser, gosto dele. Ele parece triste... Ele está bem? -Meu irmão quis saber. Que garoto perceptivo. 

-Ele está triste porque o Vini foi embora.

-Ele gostava dele, né? -Concordei com a cabeça, triste. 

Sei como é ruim não poder ficar com a pessoa que gosta. 

-Que saco! -Meu irmão disse nós rimos. O resto do almoço falamos sobre coisas mais animadas como as artes que o Floc aprontou na casa do Gael. 

-Vou subir. -O meu irmão disse após terminar de lavar a louça com ajuda do Gael. 

Ele foi em direção a escada e nós dois a sala. 

-O que quer ver, princesa? -O Gael sentou no sofá. 

-Coloca qualquer coisa só para fazer barulho. -Sentei ao seu lado. -Prefiro muito mais usar esse tempo para te beijar e conversar. -O beijei, sem lhe dar tempo de colocar algo na televisão. Ele retribuiu o beijo com muito carinho. Nunca me canso se sentir nossos lábios colados e a sensação de primeira vez sempre se faz presente. Eu amo o Gael e amo o amar. 

Paramos o beijo e ele entrou na Netflix para colocar um filme. 

-Como está a história do seu irmão? 

-Aquele merda está quase falando. Ele não quis aceitar a primeira proposta, agora estão preparando outra que, pelo que o advogado falou, é irrecusável nas condições dele. Espero que seja mesmo...

-Como sua mãe está? -Ele colocou um filme qualquer, que nem me dei o trabalho de olhar o nome. 

-Ela ainda chora todos os dias, mas menos que antes. O detetive e o advogado nos deram boas esperanças de que vamos encontrar logo o meu irmão. 

-E como você está? -Ele me olhou. -A verdade, Gael. 

Tudo pode mudarOnde histórias criam vida. Descubra agora