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O Isaac não sabia mais o que falar para fazê-la mudar de ideia, mal ele sabia que nada que ele falasse a faria mudar de ideia! Nada.

A Sônia levantou pegando na mão do Isaac. Ele me olhou.

-Eles vão cuidar bem de você, meu amor. -Tirei forças de algum lugar dentro de mim para sorrir. -Tenho certeza que logo logo eu vou poder ir vê-lo. Não é, Gael? -Esperei que, pelo menos, nisso ele me ajudasse. Que dissesse, pelo menos, um "sim".

-Sim. -Ele parecia ter caído na real, passando seu estado de choque. Eu não podia julgá-lo, podia? Eu sei o que é ter uma crise de pânico e não conseguir fazer nada... Eu não podia criticá-lo por não ter me ajudado, ou podia? Eram tantas confusões que eu não sabia o que pensar.

O Gael chegou perto do Isaac. -A Rafaela vai lá em casa depois para brincarmos.

-Ela não...

-Mãe. -Ele foi seco. -Cala a boca. -Ela ficou quieta.

-Como estava dizendo, ela vai lá em casa brincar com a gente depois. -O Isaac não acreditou nas palavras do Gael, mas estava caindo sua ficha de que nada que falássemos ia impedir de ser levado para longe de mim.

Nada.

-Vamos. -A Sônia puxou o Isaac para fora da minha casa.

-Vai ficar tudo bem, meu amor. -Consegui dizer antes dela desaparecer porta a fora.

O Gael me olhou, triste e com... Raiva? Não estava em condições de interpretar sentimentos e emoções.

-Eu vou voltar. -Ele disse e saiu em seguida fechando a porta atrás de si.

Eu estava sozinha...

Completamente...

Sozinha...

Deixei meu corpo, que já estava perto do chão, cair de vez. Deitei no chão do hall da minha casa chorando desesperadamente. Eu havia perdido a pessoa mais importante no mundo para mim, a única pessoa que eu achei que jamais poderiam tirar de mim, foi tirada.

Me encolhi em posição fetal e me permiti chorar o choro mais sofrido e doído do mundo. Olhei para a parede e vi umas garrafas de whisky na prateleira. Doía tanto que eu não suportaria aquilo sóbria e não tinha forças para ir a nenhum outro lugar. Eu precisava fazer essa dor não ser tão intensa ao mesmo tempo que precisava ser forte para o Isaac.

Levantei e peguei quatro garrafas daquela e voltei para o chão, sem conseguir pensar, respirar ou fazer meu corpo parar de tremer. Abri uma garrafa e dei um gole enorme, como se bebesse água. 

Tudo pode mudarOnde histórias criam vida. Descubra agora