Gelo de seus lábios e calor de suas mãos. - Capítulo 2

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Já estava em casa, o treino não durou tanto quanto eu pensava, óbvio. Com meu tornozelo torcido é impossível, em pleno fim de ano estou assim, pelo menos não foi nada pior, quem eu quero enganar? Tô quase matando um!

É incrível como meus pais conseguiram um par de muletas azul, eu amo azul. Mas admito que coloquei adesivos rosas, ficou uma graça.

Ah, meus pais, por incrível que seja, estavam dentro de casa. Minha infância não foi problemática, mas também não foi boa. Um garotinho acompanhando todas as brigas dos pais não daria em algo bom ou normal, no caso deu no que deu, eu. Um garoto mimado porque mamãe não cuida e muito menos se importa, e papai fica com algumas mulheres o que me leva a pensar que todos os alfas são assim, exceto SeungWoo, aquela delícia.

E para piorar, tudo desmorou quando meu irmão se foi e bem, a atenção ficou toda em mim, olhando cada passo.

— Olá. — Sussurrei entrando na cozinha, nunca reparei, mas agora encarando o chão como um gatinho com medo de olhar para os pais, consigo ver meu reflexo, uma beleza maltratada, me definiria assim. 

— Filho! Meu anjo. — Queria ser um anjo, mas estou caminhando para a perdição. — Amanhã eu e seu pai vamos ficar em casa, estava pensando em dar um passeio, o que acha?

Aquilo aqueceu meu coração. Finalmente um tempo comigo, isso seria perfeito! Um momento em família, carinho, amor.

Apressado, levanto meu rosto encarando meus pais. Inflando as bochechas, que minha mãe logo tratou de apertar, eu nunca tinha passado por aquilo, eles estavam ali na cozinha, meu pai lendo o jornal e minha mãe preocupada comigo.

Aquela sala nunca me pareceu tão familiar quanto hoje, me senti acolhido, mesmo que talvez seja mais uma mentira de quando eu era menor e eles diziam isso.

— Sua mãe insistiu. — Vejo MinSeok dando de ombros, mas com um pequeno sorriso nos lábios. Nunca tinha visto ele sorrir assim, novamente olhei para minha mãe, Hyulin.

Em um estalo de memória, paro de sorrir, amanhã seria meu ritual desde que conheci as meninas; sábado das amigas. Só que fazia tanto tempo que não tinha meus pais, não podia jogar fora assim.

— Vamos sim! Só vou ligar para a Yeji dizendo que não vou na casa dela. — Abro um pequeno sorriso pelo beijo que recebi na testa, retribui dando um selar na bochecha de minha mãe. 

Aperto as muletas nas minhas mãos, as quais meus pais deixaram na escola pelo motorista, subo apressado e muito animado, mas um tanto chateado já que era quase uma terapia ficar com as meninas e falar mal das coisas.

Entro já jogando minha mochila no chão, pego o meu celular no bolso, seguro com força na escrivaninha roxa para não cair no chão, consigo me sentar na cama. Após longos minutos fico em uma posição confortável, procuro nos contatos o nome de Yeji, assim que acho, aperto no pequeno símbolo já ligando para ela.

— Yeji? — Falo incerto assim que atende o telefone, logo escuto uma risada, a risada do próprio diabo na terra. 

— Hanie? — Hwang falou no típico tom debochado, reviro meus olhos escutando a voz dele, me seguro para não socar o rosto perfeito via wifi. — Que surpresa.

— Eu que digo isso, querido, o celular é da Yeji, não é você que deveria atender. — Rosnei baixinho me esquecendo completamente da situação e do plano medíocre.

— Calma, princesa! E sabe, gosto de meninos malvados que me chamam de "querido", sabia? — A risada cínica me fez quase vomitar, exceto pelo fato de que não tem como eu correr para o banheiro a tempo.

— Problema seu. — Resmungo não ligando se iria parecer babaca ou não, apenas queria falar com minha amiga e esse urubu fica de gracinha. 

— Vou adorar colocar sua língua em um lugar bem interessante. Mas antes da senhorita me castrar, — Para tudo! Ele tá mesmo se dirigindo no feminino ao falar comigo? Acho que vou chorar, pera, não vou me iludir de novo por ele, acorda Han, viu o deboche dele? Deixa de ser trouxa! — A Yeji tá no banho, deixa o recado por mensagem. Agora falou, gracinha. 

Vadia ao ataque (Reescrevendo) - Jisung!CentricOnde histórias criam vida. Descubra agora